De quem é a responsabilidade pela qualificação no Home Care?

De quem é a responsabilidade pela qualificação no Home Care?

Tão somente do profissional, na qualidade de empregado, funcionário, cooperado ou qualquer outro vínculo que exerça na assistência domiciliar. Única e exclusiva da empresa de home care na condição de provedora da assistência, particular da fornecedora de mão de obra tal como mantenedora deste recurso.  

Responsabilidade essa que também é das escolas, cursos técnicos, universidades e afins de onde saem centenas e milhares de profissionais anualmente.

Entre todos esses personagens, entretanto, não há dúvidas de que a parte mais afetada está do lado das empresas de home care, impactadas desde a reclamação do paciente e da família à insatisfação das operadoras de planos, aos impactos gerados com recontratações e falta de otimização de recursos. Sem dúvida fatores esses que por si só justificariam essas organizações assumirem a posição de vanguardistas para, em bloco, coordenarem iniciativas em busca da permanente qualificação.

O que se vê, porém, são hiatos nas responsabilidades de cada um e a falta de interação continuada entre dois ou mais desses personagens.

É certo que o segmento de home care tem buscado encontrar, treinar e manter gente boa como um esforço constante e permanente, assim como as cooperativas provedoras de recursos que cada vez mais se estruturam em torno de modelos que priorizam a qualificação da mão de obra.

Nesse caminho, contudo, tão importante quanto qualificar, senão o mais importante, é entender quais devem ser os objetos dessa qualificação, os melhores canais a serem utilizados para a audiência e até que ponto essa audiência está preparada para receber o conteúdo, sob o prejuízo de se estar realizando qualquer coisa, menos o que se deseja.

É de se esperar que um processo de qualificação seja construído a várias mãos – especialmente no segmento de home care –, resultado coletivo entre prestadoras, cooperativas, profissionais, escolas e a percepção dos beneficiários. Mas que seja efetivamente conjunto, onde as demandas sejam compreendidas a partir de pesquisas e enquetes com os demandantes, quais sejam.

Nesse segmento em que a mão de obra é essencialmente de enfermagem e que este recurso está em dois ou mais provedores de serviços e até fornecedores, o ato de qualificar se torna mais efetivo e facilitado quando o esforço ocorre de maneira coletiva.

Na empreitada permanente em busca do qualificar, cada vez mais se realizam treinamentos, workshops, reuniões e tantos outros eventos, que deixam de lado a preocupação com o interlocutor, com o alcance e com os resultados.

A título de exemplo, em comunicação, o ato de comunicar compreende basicamente: a) da parte que deseja dizer algo; b) da mensagem que se pretende “enviar”; c) do canal pelo qual a mensagem será enviada; e d) de um interlocutor destinatário do conteúdo. Mas nem sempre o que se pretendia dizer é de fato o que foi compreendido. E isso acontece por diferentes motivos: o canal escolhido não foi eficaz, a audiência destinatária não compreendeu o conteúdo – por falta de base teórica, por exemplo –, por ruídos no processo e outras tantas situações.

Isso quer dizer que a iniciativa da qualificação deve ser precedida de um planejamento, que pode assumir proporções de excelência quando realizado a varias mãos. 

Qualificar a mão de obra na assistência domiciliar é essencial e garante uma vantagem competitiva e duradoura para as empresas do segmento, mas há que se privilegiar a qualidade em detrimento da quantidade.

O resultado de treinamentos malsucedidos é percebido no momento da administração de um medicamento, na troca de curativos, nos cuidados com a higiene de um doente, na passagem de uma condição clínica por telefone, ocasião em que o profissional que está na casa às vezes mal consegue esclarecer perguntas de base.

Não resta dúvida de que ao profissional cabe exclusiva responsabilidade de reunir todas as competências para o desempenho de suas atividades técnicas, porém ao ser deslocado pela organização para um processo de qualificação no “reconhecimento” de que há uma necessidade para tanto, esta mesma organização passa a ser corresponsável por entregar de forma eficaz e eficiente o objeto da iniciativa e não somente fazer uma reunião para uma apresentação em “power point”, por exemplo.

Na assistência domiciliar não temos dados de organizações que têm trabalhado efetivamente e em bloco com seus pares horizontais e verticais, reconhecendo em pesquisas as necessidades dos recursos e avaliando de forma sistemática e com indicadores o impacto das qualificações nos resultados da empresa. De forma isolada, por outro lado, muitas empresas já o fazem

Ao se trabalhar coletivamente com a pauta da qualificação dividindo e assumindo responsabilidades se está contribuindo para a solução de desafios que por vezes, e até hoje, são objetos de grandes discussões, e também para que em um curto espaço de tempo o resultado reflita ainda mais na satisfação dos beneficiários e clientes dos serviços.

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