Deixa-Rotina-Recompensa-Deixa
Não sou o tipo de pessoa cheia de manias. Mas do que assimilar as situações da vida traduzindo meus sentimentos e sensações em "toques físicos", é a minha mente quem ocupa o meu tempo. Posso dizer então que tenho hábitos mentais ligados a emoções e ao funcionamento da minha psique e percebo que alguns tem perdurado com o passar dos anos. Eu chamo certos pensamentos e rotinas mentais como hábitos quando noto a quantidade de vezes que se repetem e a maneira automática que se estabelecem.
Comecei a estudar o assunto mais afundo. Entre outros materiais e livros que li, o livro "O poder do hábito" fez essa minha hipótese fazer sentido. Segundo consta, pode ser classificado como hábito qualquer rotina ou comportamentos repetitivo que tenha origem mental, emocional ou física.
O que eu achei a principio que seria um livro de auto-ajuda me surpreendeu por trazer estudos sérios feitos nos últimos 20 anos, inclusive pela MIT e Duke University, em relação ao hábito. Todos os estudos tem como base entender como pessoas que tinham hábitos nocivos como fumar, beber, comer compulsivamente entre outros ou até mesmo empresas que conseguiram se reinventar por abandonar velhos hábitos; conseguiram mudar o rumo de suas vidas ou a forma de gestão. Também foi estudado como se estabelece e qual o mecanismo do hábito no cérebro.
Para simplificar, os nossos cérebros adoram os hábitos, eles são uma maneira de poupar esforços. Os hábitos que são estabelecidos se tornam automáticos, são rotinas diárias, e o cérebro não precisa mais raciocinar para que eles sejam executados. Com isso, o cérebro poupa esforços, o que é uma vantagem já que, um cérebro eficiente, exige menos esforço e tem mais energia mental disponível para dedicar a coisas mais complexas do que a comportamentos básicos. Contudo, preservar o esforço mental também é algo complicado, porque ao estabelecermos mecanismo automáticos, podemos passar de forma desapercebida por coisas importantes, como atravessar em uma linha de trem sem pensar, por exemplo. Por isso, como o cérebro tem uma série de mecanismo de auto controle e eficiência, também contamos com os chamados gânglios basais, que são basicamente o nosso sistema inteligente para detectar quando deve ser permitido que hábitos assumam o controle ou não. Ou seja, são estes gânglios que armazenam os hábitos mesmo quando o resto do cérebro dorme.
Basicamente, o processo de aceitar ou não um hábito acontece na forma de um looping em três estágios. Transcrevendo um trecho do livro
"...Primeiro há uma DEIXA que é um estimulo que manda o seu cérebro entrar em modo automático e indica qual hábito ele deve usar. Depois há uma ROTINA, que pode ser física, mental ou emocional. E por fim existe uma RECOMPENSA, que ajuda a saber se vale a pena memorizar esse loop para o futuro..." O pode do Hábito.
Assim temos, com o passar do tempo, em modo automático DEIXA-ROTINA-RECOMPENSA-DEIXA que vão se entrelaçando e juntamente com um anseio e antecipação em relação a recompensa estabelecida, esta formado um hábito.
Eu acredito que o grande ganho de entender como os hábitos são estabelecidos e como funciona no cérebro neste processo, faz com que possamos assumir o controle. Na verdade, qualquer hábito pode ser ignorado, alterado ou substituído, basta que se pare para observar quais hábitos temos e classifica- los de acordo com sua utilidade ou benefício a nossa saúde. Ao identificarmos os que não são bem vindos e as DEIXAS, ROTINAS E RECOMPENSAS que os disparam, é possível frear nossos processos automáticos e ressignifica-los.
Em detrimento ao que se acreditava no passado, a medicina e a psicologia evoluíram e já esta provado que ninguém esta fadado a ser o que sempre foi nem a ter os hábitos que sempre teve. O nosso cérebro é inteligente o suficiente para que possamos criar novas estruturas de hábitos e deixar para trás o que não nos fazem bem.
Assumir novos comportamentos e mais saudáveis é possível, com esforço, claro. O mais incrível é que, conforme os incorporamos, parece que o cérebro os reconhece e estende um tapete vermelho de boas vindas a eles.