Delírios do atraso

A Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo, no entanto nunca desenvolveu uma indústria de equipamentos e serviços que possa servir de alternativa para a economia quando o petróleo deixar de ser uma opção energética. O sheik Yamani, ex-ministro do petróleo da Arábia Saudita sacramentou: “ A idade da pedra não acabou por falta de pedra e a idade do petróleo não acabará por falta de petróleo”. Essa é a tendência crescente com a proliferação dos veículos elétricos, cada vez mais baratos e com maior autonomia, o desenvolvimento das energias alternativas como eólica e solar e a pressão mundial pela redução dos gases de efeito estufa. A Inglaterra anuncia que pretende proibir a venda de carros a gasolina ou diesel a partir de 2040.

Enquanto isso, surpreendentemente para quem vive de paranoias, o maior comprador de petróleo da Venezuela, os EUA (oh!), avançaram no óleo de xisto e caminham para a autossuficiência, se libertando de desconfortos geopolíticos.

O Brasil de Lula e Dilma, cada vez mais bolivarianos na sua visão de futuro, pararam as rodadas de petróleo por cinco anos e desmontaram a estrutura delirante de estaleiros e refinarias, que incentivaram irresponsavelmente e, agora sabemos, com interesses escusos. Todo o setor de indústria e serviços, que já foi responsável por 12% do PIB, foi criminosamente desmontado pela falta de continuidade na exploração. A mudança do modelo de concessão para partilha obrigou a criação de mais uma estatal com seus funcionários, assessores e inferno burocrático. Só quem vive em um universo paralelo, sem atentar para a inversão de valores no Brasil de hoje, onde a fiscalização é mais importante que a produção, pode conceber criar mais estatais para fazer alguma coisa.

Com a retomada das rodadas, a ANP contabiliza 20 projetos de produção previstos até 2021 que podem gerar investimentos de R$ 240 bilhões e instalação de 20 plataformas, fora aqueles das rodadas anteriores que ainda estão travados. Uma sonda marítima gera mil empregos entre tripulação e apoio. Não é a toa que temos 13 milhões de desempregados.

O chavismo, assim como o lulismo, conseguiu algum sucesso fazendo o que a esquerda populista sabe fazer: distribuir dinheiro até que ele acabe, sem fazer reformas corajosas necessárias e sem gerar nova riqueza. Desconfiam ou se aproveitam do mundo empresarial e têm surtos de grandeza, se achando ungidos pelos deuses para praticar justiça social no que são, na verdade delírios do atraso, de uma época onde até a inexpressiva Cuba tinha alguma relevância. Se não caírem de Maduro, cairão de podre.

Sobre o autor:

Evandro Milet é consultor e palestrante e escreve artigos semanalmente sobre inovação e negócios.

Se você quiser ser notificado sobre novos textos clique no botão “Seguir”.

Você curtiu o texto? Então clique no botão Gostei, logo abaixo, ou deixe seu comentário. Fazendo isso, você ajuda essa história a ser encontrada por mais pessoas.

Leia também outras dezenas de artigos de minha autoria

Facebook: Evandro Milet

Twitter: @ebmilet

Email: evandro.milet@gmail.com