Desbussolados, de propósito!

Desbussolados, de propósito!

O Jorge Forbes criou um conceito que fala sobre a pós-modernidade e que chama os novos tempos de TerraDois. Ele parte do princípio de que estamos desbussolados, de que as velhas chaves já não abrem mais as novas portas, no que eu concordo totalmente.

A palavra do ano (desde o ano passado) é propósito. Todos repetem incessantemente que estão em busca de um propósito, que trabalham por um propósito, que mudaram a vida por conta de um propósito, mesmo que isso não tenha acontecido de propósito. Mas, o que diabos é isso!? O que as pessoas querem dizer com “eu tenho um propósito”? 

Propósito (por definição) é a intenção ou a vontade de realizar algo. Mas, da forma que nos acostumamos a ouvir, propósito é a intenção de “fazer a diferença” nos dias que correm. A questão é descobrir o quê faz a diferença de fato. Caso contrário, o único propósito perseguido será o seu próprio ou, ainda pior, haverá tantos propósitos que nenhum deles será atingido.

Pensando no propósito social, por exemplo. É difícil entender por quê hoje existem inúmeras organizações em todos os estados brasileiros, de todas as formas e tamanhos, focadas nos mesmos propósitos. Pegue qualquer tema e faça uma pesquisa no Google, do tipo: Ação social + crianças (ou + cachorros ou + idosos ou + meio ambiente, ou + qualquer coisa). A quantidade de respostas será enorme e você dificilmente conseguirá distinguir a séria da não séria, a bem da mal administrada, a que gera resultados da que não gera e por aí vai.

Seguiremos desbussolados, indo cada um para um caminho diferente, acreditando que chegaremos ao mesmo lugar.

A boa notícia é que esta angústia é um bom alerta. É fundamental compreendermos que o bom propósito (qualquer que seja) é coletivo e não individual. É fundamental entendermos que a soma de visões diversas multiplica os resultados.

Mas é, também, fundamental evitar a polarização de qualquer espécie, nascida da falta de um norte comum, criada pelo oportunismo de quem entende que as pessoas querem e precisam se reunir em torno de bandeiras ou fogueiras para que se sintam parte de alguma coisa. Há uma grande diferença entre compartilhar, colaborar ou co-criar novas realidades e escolher entre dois opostos apenas para fazer parte de um time.

Parece provocação? É de propósito!

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