DESIGN, INTERAÇÃO E EXPERIÊNCIA DO USUÁRIO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO
O design de experiencial é uma ferramenta, e mais do que isso, uma metodologia criativa que busca o entendimento de todos os fenômenos envolvidos e aplicados ao desenvolvimento de novos produtos e serviços, nesse sentido adota de maneira sistematizada abordagens holísticas para se debruçar a entender todas as variáveis associadas ao processo dos projetos em design, como foco nas experiências de interação com o usuário.
Diz-se que o design experiencial é, portanto, o design focado na experiencia do usuário, no comportamento do produto e na interação entre ambos. Ou seja, o design experiencial surge da INTERAÇÃO entre usuário e produto.
Segundo Buccini (2008)¹ para que se possa compreender o design experiencial é necessário que antes se entenda e se conheça o sentido de experiência, que segundo este autor é um conceito que está em processo de moldagem, mas que pode ser definido como sinônimo de prazer e emoção. Buccini (2008), adota o conceito de que experiência é:
[...] “um fenômeno individual que ocorre na mente de um indivíduo, resultado do processamento de um complexo conjunto de estímulos – externos e internos – e dependente das interpretações subjetivas inerentes de cada pessoa.” [...]
A partir do mencionado, pode-se interpretar a experiência como algo individual e subjetivo, ou seja, nenhuma experiência é igual a outra, independente do usuário e do produto. Isso porque, como o próprio dicionário da língua portuguesa classifica: a experiência é o conhecimento ou aprendizado obtido por meio da prática, vivência e utilização dos sentidos”.
Ao dizer que nenhuma experiência é igual a outra, também se considera que um usuário ao experimentar mais de uma vez um objeto, poderá ter suas percepções, reações e sensações diferentes das experiências anteriores. Por isso, para tornar um produto ou serviço atrativo, é necessário oferecer “novidade perpetua”, ou seja, buscar formas de oferecer experiências que pareçam sempre novas, disruptivas e inovadoras.
Oferecer novidades e manter-se atrativo num cenário cada vez mais competitivo e globalizado impõe grandes desafios aos profissionais do design, bem como, aos profissionais da educação, por isso, o foco na experiência do usuário pode garantir satisfação e fidelidade dos clientes frente a uma marca e seus produtos.
Mas o que isso significa de fato? Significa que o design experiencial busca, acima de tudo, potencializar os fatores que proporcionam conectividade emocional e afetiva entre as pessoas, produtos e serviços, de modo a oferecer experiências únicas e agradáveis.
Esses aspectos de experimentação nos leva ao contexto atual da educação, onde toda a rede de ensino, seja básico, médio ou superior, está realizando esforços hercúlicos para manter o calendário acadêmico e trazer propostas para que os alunos se mantenham ativos e ocupados nesse momento de incerteza imposto pelo isolamento por conta da Covid-19.
As práticas pedagógicas e inovadoras em que tange esse momento podem destacar a utilização do formato de Ensino a Distância (EaD), onde as atividades se mesclam com momentos assíncrono e síncrono. A busca incessante de uma melhor estratégia está nesse momento aliada em quais recursos inovadores podem ser utilizados. As plataformas, as ferramentas que estão a disposição não podem ser chamadas de inovadoras para o momento, pois já existiam, entretanto, sua aplicação que é o ponto de inflexão sobre inovação na educação.
A experimentação proporcionada por meio da curadoria e utilização de conteúdos em vídeos através de plataformas como Youtube e Vimeo são exemplos de inovação, permitindo que a interação se torne possível e indispensável em determinados temas a serem trabalhados.
A utilização de aplicativos de celulares para designar tarefas durante as aulas para que os alunos experimentem o compartilhamento de conteúdos, como telegrama e whatsapp, tem sido vitais para que a aula não caia em monotonia, e de vilãs que roubavam a atenção em sala de aula, esses recursos passaram a aliados nos processos de ensino e aprendizado. Além é claro da utilização de plataformas colaborativas que também tem sido um ótimo recurso para que os alunos mesmo em isolamento trabalhem as Soft skills.
Nesse contexto, as ferramentas que já estavam disponibilizadas se tornam ainda mais inovadoras para a aplicação na educação, pois apoiadas pela percepção criada pela experimentação, passa a valorizar as emoções e as reações produzidas nos processos de ensino e aprendizado.
Temos grandes desafios pela frente e um que é pouco explorado na modalidade EaD é o da socialização. Se na educação presencial os atos de ensinar e aprender estão diretamente ligados ao contexto social, parece oportuno entender essa característica na modalidade a distância, que possibilita o aprendizado através das trocas sociais, ajudando no fortalecimento do grupo e por conseguinte, na permanência do aluno. Todavia, nas atividades sincrônicas amplamente adotadas durante a crise, as aulas transmitidas ao vivo por meio de web-conferências, oferecem maiores possibilidades de interação entre os membros da classe.
As atividades também devem possibilitar a integração dos alunos com suas redes, sendo estas construídas pelos usuários e não pré-determinadas pelas ferramentas (RECUERO, 2012, P.20).
Além das questões pedagógicas, a vivência dos professores também pode ser outro desafio, simplesmente pelo fato de muitos deles não serem usuários nativos na web. Comumente, o professor em sala de aula, assume uma postura mediadora, estimulando a discussão entre os alunos e o compartilhamento de ideias e experiências, o mesmo pode ser feito nos AVAs.
Para obtenção do sucesso na integração do aluno usuário com a entrega educacional, partimos do princípio básico da didática e pedagogia que é colocar-se no ponto de vista do outro, investigar o que é que ele traz como bagagem cultural e a partir disso, interagir com ele, mediando e apontando elementos que contribuem para seu desenvolvimento.
Nos leva a refletir que o design, integração e experiência do aluno nessa construção da melhor EaD, sem dúvida, garantirá a satisfação e fidelização dos alunos frente a sua marca e seus produtos educacionais.
Referências
1 - BUCCINI, M. B. P. R. Introdução ao Design Experiencial. 1. ed. Recife: Edição do Autor, 2008.
2 - RECUERO, Raquel. Conversação em rede: comunicação mediada pelo computador e redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2012.
Sobre os autores:
André Luiz Carneiro Simões é Químico, Especialista em Educação, Master Business Innovation em Industria 4.0 e Mestre em Química. Atualmente Docente na Faculdade Senai Cetiqt e grande entusiasta do modelo em educação 4.0.
Pedro Renan Debiazi é Arquiteto e Urbanista, Mestre em Engenharia Urbana e Especialista em Gestão Empresarial e História da Arte, atualmente trabalha como coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo do UniRitter, em Porto Alegre.
Rafael Garcia Campos é Administrador, Mestre em Saúde Coleta e Especialista em Docência do Ensino Técnico e Superior e Gestão de Negócios, atualmente trabalha como coordenador educacional em Gerência de Operações na sede do SENAC São Paulo.
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4 aSou aluna na modalidade EaD na graduação, e sei o quanto a disciplina faz diferença! Consigo entender a qualidade e importância do meu foco! Talvez em nossas casas as distrações são maiores, mas é impagável estudar de pantufa hehehe. A diferença é que eu estou em um ambiente totalmente pensado pra essa modalidade, e não algo que teve que nascer em dias! Como aluna e talvez futura professora vejo que os dois lados estão caminhando na corda bamba, o que eu espero é que além de uma rede abaixo dos envolvidos, não haja um cabo de guerra!