A era da educação digital e colaborativa

A era da educação digital e colaborativa

Sim! O futuro da educação superior está presente, ele é híbrido, digital e hiper conectado - aos alunos e ao mercado. A indústria 4.0, a nova revolução industrial iniciada a partir de 2010 estabelece mudanças significativas na maneira de contratar e formar profissionais. O mercado está superando a mão de obra de baixa especialização para valorizar e ingressar nas plataformas de alta qualificação, cenário em que as habilidades e competências comportamentais são mais valorizadas que o fazer puramente técnico.

A inteligencia artificial associada a revolução da sociedade da informação, da internet das coisas e do Big data têm imposto desafios significativos nas plataformas de ensino e nas maneiras de ensinar, pois num contexto cada vez mais competitivo e qualificado, nem sempre o melhor ou maior currículo pertence ao melhor candidato, ou então aponta para o candidato adequado para determinada vaga.

Pertenço a geração que acompanhou a transição entre as tecnologias analógicas para os meios digitais, e acompanho agora uma nova transição não declaradamente nova, mas que ganha força associada as mudanças da própria sociedade brasileira e um momento político favorável, associados aos novos marcos regulatórios do ensino superior e a entrada (leia-se permissão) da oferta de até 40% de disciplinas virtuais em cursos presenciais.

Acompanham essas mudanças na legislação o declínio dos programas de financiamento estudantil e a redução natural do número de matrículas ocasionada pela própria evolução da pirâmide etária brasileira. Dessa maneira, as instituições de ensino superior privadas buscam novas formas de atrair os estudantes, para isso, muitas têm adotado novas metodologias e novos modelos acadêmicos, mais robustos e financeiramente mais sustentáveis, que deixam para trás os moldes engessados da educação exclusivamente presencial, para apostar na flexibilidade e interatividade da educação virtual do ensino a distância.

Toda esse aparato digital está impulsionado pela fortificação e consolidação dos grandes aglomerados educacionais, investindo cada vez mais em tecnologia, e que fora do Brasil já disputam expressivas fatias do mercado com a entrada das startups de ensino, que tem revolucionado a maneira de estudar e consumir educação pelo globo.

Se antes a atratividade estava na oferta de cursos mais longos e densos, hoje o jovem se vê mais atraído por graduações tecnológicas, mais curtas e conectadas as novidades e demandas do mercado, aposta importante também para o cursos de pós-graduação. Isso não significa o fim dos cursos tradicionais que conhecemos hoje, como Engenharias, Direito e Arquitetura, pelo menos não por enquanto, mas exige inadiavelmente mudanças de posicionamento e a própria reinvenção dos seus desenhos acadêmicos.

Outra estratégia para atrair mais alunos e impulsionar os resultados, está na adoção de modelos híbridos, o Blended Learning, que une o ensino virtual a experiência da sala de aula do ensino presencial, para ofertar produtos mais atrativos e financeiramente mais arrojados, que valorizam o aprender fazendo, Leanring by doing, e as novas metodologias ativas de ensino.

Há, no entanto, dois grandes entraves que dificultam a mudança de cultura para implantação do blended learning e das metodologias ativas, em parte confere-se a resistência de um grande número de estudantes que não experimentaram no ensino básico e médio métodos que não aqueles tradicionais, e por isso ainda não superaram a escola 1.0 do quadro negro e do giz. Do outro lado, professores que veem o modelo como inimigo pessoal! Estes muitas vezes não estão dispostos, ou mesmo aptos, a adotar estratégias de aprendizado descentralizadas da figura do mestre como único e principal detentor do saber.

O fato é que estes modelos em breve dominarão o mercado e os postos de trabalho docente, por isso o desafio de gestores e corpo administrativo é grande. É necessário compartilhar as responsabilidades e investir no engajamento dos discentes e docentes, para que juntos passem a enxergar as vantagens das mudanças implantadas.

A palavra de ordem para o sucesso é colaboração! Cooperar para que a experiência educacional seja de fato transformadora, para que se supere o limites físicos da sala de aula tradicional, caminhando para a valorização e ampliação das oportunidades de aprendizado em ambientes multifuncionais, mais próximos daqueles encontrados no mercado de trabalho. Há de se considerar ainda, a introdução dos hubs de inovação como espaço, ferramenta e estratégia de ensino, que aproxima alunos e professores das novas tecnologias para que juntos explorem ao máximo seu potencial de aprendizado.

Outro aliado fundamental está na tecnologia móvel e suas possibilidades, pois a realidade mostra a indissociavelmente relação entre os jovens e as tecnologias de informação. É necessário que as abordagens pedagógicas se aproximem das linguagens cotidianas dos estudantes, isso significa aceitar o smartphone como principal ferramenta de pesquisa e comunicação, oferecendo-lhe meios para potencializar a experiência de aprendizado, que podem ir desde a seleção e indicação de fontes confiáveis de estudos, até a adoção de ferramentas digitais gamificadas, ou mesmo algo simples, como garantir o bom acesso móvel aos ambientes virtuais de aprendizado (AVA`s) e uma boa rede wi-fi pelo campus.

Sejam dificuldades de gente e gestão, ou mesmo limitações tecnológicas e de infraestrutura, é necessário sair da zona de conforto e investir em formação e treinamento, pois o compromisso institucional em ofertar educação de qualidade, acessível e com identidade acadêmica consolidada deve ser assumido e compartilhado por todos, afinal, grandes instituições são feitas de grandes pessoas, e bons resultados são reflexos deste comprometimento coletivo.

Um por todos, e todos pela educação! Porque fazer junto é melhor do que fazer sozinho. Vamos lá ?


Kate Bentivoglio

Desenvolvo produtos e experiências educacionais | Educação Plena | Editorial | Tecnologia & Inovação | ESG | Desenho de Futuros

5 a

Bruno Pires Bezerra artigo interessante

Luiz Carlos de Oliveira

Doutorando em Ciências da Administração Mestre Gestão do Potencial Humano Gestão de Projetos Gestão Pública

5 a

Excelente artigo.

Excelentes análises a respeito da transformação que está ocorrendo no ensino superior com a adoção de modelos híbridos! São grandes os desafios para superar as resistências! O caminho mais Prudente é a adoção de conteúdos de qualidade e capacitação dos profissionais envolvidos! Parabéns pela iniciativa! Professor Arnaldo Pereira dos Santos

Raquel Ribeiro

👩🏻💻️🌐ELT Trainer & Plenary Speaker | Innovative & Creative mindset |Teacher Professional Development (ELT )📱 GenAI in ELT [English Language Teaching]

5 a

Acertou no alvo ao mencionar os dois grandes entraves: ... alunos que ainda não superaram a escola 1.0 do quadro negro e do giz... professores que veem o modelo como inimigo pessoal!  Já avançamos bastante mas ainda há muito a inovar!

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