Designer Subliminar

Designer Subliminar

Nos últimos meses tenho me dedicado a leitura de conteúdos, direcionados ao comportamento do consumidor, pelo prazer deste estudo e descobrindo novas facetas dentro do Marketing e Branding, que com certeza tem me ajudado no caminho criativo que gosto tanto de trilhar.

Ainda estou no começo do livro Subliminar de Leonard Mlodinow, mas foram tantas marcações até aqui, que optei por compilar e discutir neste artigo alguns insights que tive sobre o designer e a neurociência.

Em um dos estudos citados por Mlodinow sobre o comportamento inconsciente ele descreve que quando somos abordados por um guarda de trânsito ao cometer uma infração, geralmente ao sair do carro, instintivamente nos posicionamos a cerca de 1m do guarda; porém, se estivermos conversando com amigos, automaticamente ajustamos a separação para 0,5m. Na maioria das vezes nós seguíamos essas regras não explícitas de distância interpessoal sem jamais pensar a respeito, exceto agora nestes tempos de pandemia onde (eu espero) não estejamos tendo esta proximidade em contatos sociais. Talvez os próximos estudos de Leonard tragam uma mudança sobre este espaço interpessoal.

A verdade é que o comportamento humano sem dúvidas é um produto de intermináveis fluxo de percepções, sentimentos e pensamentos, tanto no consciente quanto no inconsciente e a compreensão de que não estamos cientes na maior parte do tempo de nossas reações pode ser difícil de aceitar.

Ao ler estes primeiros capítulos comecei a refletir sobre como tendenciamos a analisar com mais tato produtos que temos mais afinidade como chocolates, vinhos, principalmente quando reconhecemos a marca como premium nas prateleiras físicas ou virtuais, diferente de nosso comportamento em estantes com artigos de produtos commodities ou ditos de prateleira. No segundo caso por auto análise, manteríamos a mesma distância inconsciente que temos em relação ao guarda de trânsito.

Isso porque este saborear com os olhos aumenta a nossa atividade em uma área do cérebro atrás dos olhos chamada de córtex orbitofrontal, região que tem sido associada à experiência do prazer pela neurociência.

Acredito que a construção de uma marca deva muitas vezes levar o designer a refletir sobre estas e outras questões da neurociência. Que em outro estudo de caso deste autor mostra como a facilidade como conseguimos ler uma fonte também nos torna mais acessíveis ao seu conteúdo, ao que a psicologia se define como “efeito fluência”, o que para qualquer designers, se resumiria em quanto mais difícil for a leitura, mais isso afetará o julgamento do consumidor em relação à substância da informação.

De acordo com a fisiologia humana, o sistema sensorial do cérebro humano emite cerca de 11 milhões de bits de informação por segundo. Porém, quando você está em casa, com um gato, um cachorro vizinhos ouvindo música e duas crianças falando ao mesmo tempo, desculpa se meu dia-a-dia nesta pandemia lhe assusta, mas diante deste cenário é quase impossível nossa mente processar algo próximo desse número de acordo com Mlodinow, nos estudos realizados o autor comprova que a verdadeira quantidade de informação com que podemos lidar foi estimada em algo entre dezesseis e cinquenta bits por segundo. 

“Portanto, se nossa mente consciente tentasse processar toda essa informação enviada pelo sistema sensorial, nosso cérebro travaria, como um computador sobrecarregado.”

Isso só reforça uma tendência do designer que tanto tem se visto, o minimalismo. Artes sobrecarregadas de cores e com várias tipografias, não caíram em desuso por modismos, mas porque cada vez mais estudos têm comprovado que este tipo de designer incomoda e não transmite a informação que a marca precisa.

O estudo sobre o Subliminar, o inconsciente, diferente das histórias sobre os castelos da Disney e LPs tocados invertidos. Pode ser um grande aliado não somente para o designer, como também nas mais variadas áreas que envolvem o comportamento do consumidor e sua forma de perceber e enxergar o mundo, afinal de contas menos é mais.

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