Destinos Turísticos Inteligentes – Por que ficaram ainda mais importantes na era da Covid-19?
O conceito de Destino Turístico Inteligente foi criado pela SEGITTUR (Sociedade Estatal para a Gestão da Inovação e das Tecnologias Turísticas da Espanha), em 2012, com objetivo de aumentar a competitividade dos destinos espanhóis em nível global, tornando-os mais "inteligentes". Afinal, se por um lado cresce a concorrência entre destinos turísticos no mundo todo, por outro vemos o viajante 4.0 cada vez mais conectado, usando a tecnologia para otimizar suas experiências, antes, durante e depois das viagens.
Destino Turístico Inteligente é, por definição, um destino inovador, consolidado, que utiliza infraestrutura tecnológica de ponta, facilitando a interação do visitante com empresas locais para otimizar a experiência de viagem, ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento sustentável do território e melhora a qualidade de vida do residente (Segittur).
O conceito de Destino Turístico Inteligente deriva de Smart Cities, ou Cidades Inteligentes, e vai além do uso intensivo da tecnologia. Trata-se de uma nova metodologia para planejar e gerenciar destinos turísticos, baseada em cinco pilares: tecnologia, governança, inovação, sustentabilidade e acessibilidade.
O setor de turismo, um dos mais afetados pela pandemia da Covid-19, registrou queda histórica em 2020 em nível global. Segundo dados recentes da CNC, no Brasil o turismo diminuiu em 36,7% , em comparação com o ano anterior, gerando perdas de receita de mais de R$ 274 bilhões e cerca de 400 mil postos de trabalho.
Essa quebra no turismo nos forçou buscar soluções inovadoras, de forma coletiva, para enfrentar os desafios e acelerar a recuperação do turismo. Portanto, trabalhar com Destino Turístico Inteligente é fundamental neste momento, porque:
1. Dependemos de inovação para salvar o turismo. Precisamos de novos produtos/experiências, novas formas de gestão, comercialização e marketing. A Organização Mundial do Turismo tem feito vários esforços nesse sentido.
2. Os turistas buscam novas experiências. Aquilo que o encantava até 2019, já não é suficiente. Milhares de experiências incríveis que vêm sendo divulgadas para suprir essa necessidade, seja perto ou longe da sua cidade.
3. Os viajantes privilegiam empresas e destinos que usam a tecnologia para proporcionar melhor interação e sobretudo segurança. Eles estão dispostos a compartilhar seus dados para receber ofertas personalizadas, conveniência e facilidade.
4. Sustentabilidade não é mais “uma modinha”, é um tema sério e essencial para o desenvolvimento do turismo. Cerca de 70% dos turistas brasileiros preferem hotéis e atrações que têm boas práticas sustentáveis, segundo Booking (2020). E, pensando como dependemos da natureza e da boa relação com as comunidades autóctones, é imprescindível que saibamos conservar a natureza e a cultura de cada destino.
5. Promover a acessibilidade a todos os viajantes, independente das suas limitações, é uma necessidade antiga e infelizmente, que avança a passos lentos. Precisamos incentivar a adaptação dos negócios e destinos turísticos.
6. Só resolvemos problemas complexos coletivamente. Portanto, contar com governança forte e atuante é essencial para encontrar soluções para esses problemas contemporâneos, cada vez mais complexos.
7. Não podemos evitar o progresso. Então, quanto mais rápido atentarmos e implementarmos a metodologia de Destinos Turísticos Inteligentes, mais competitivos seremos.
Entendo que ainda temos muitos gargalos para fortalecer e desenvolver o turismo no Brasil, como qualificação dos profissionais, digitalização das pequenas e médias empresas, sinalização turística, dentre muitos outros.
Porém, vamos ter que resolver tudo ao mesmo tempo. Cuidar dos entraves, ao mesmo tempo que acompanhamos as tendências e buscamos a inovação. Nosso turismo precisa disso. E certamente valerá a pena, pois sairemos mais criativos e fortalecidos.
Na sua opinião, como podemos construir juntos um turismo mais inteligente?