Turismo do futuro, desafios do presente

Foi uma grande honra participar do Vê Portugal – 8º Fórum de Turismo Interno, organizado pelo Turismo do Centro e reconhecido como principal evento para discussão do turismo em Portugal. Além de poder compartilhar algumas impressões sobre as tendências no comportamento do viajante, tive uma experiência extremamente rica ao conhecer profissionais renomados, cases de boas práticas e os principais desafios enfrentados pelo turismo em Portugal atualmente.

Esta edição do Fórum de Turismo Interno, que aconteceu em Tomar – A Cidade Templária,  baseou-se em três grandes pilares, segundo Pedro Machado, presidente do Turismo do Centro: restaurar a confiança e o crescimento do turismo, reforçar a coesão dos 100 destinos do centro e criar felicidade, que é o grande propósito da nossa indústria.

Os dados já confirmam a recuperação do turismo português, superando os números de 2019. Assim como ocorreu em diversos países, estes resultados se devem ao crescimento do turismo doméstico. Para Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal, é essencial discutir e pensar o futuro do turismo, afinal a retomada da atividade em Portugal é fruto do trabalho coletivo que foi realizado, com a requalificação do destino e dos profissionais do setor ao longo da pandemia. Ele afirma que o turismo passa por transformação e Portugal lidera essa mudança.

No nosso painel sobre as tendências no comportamento do viajante, comentei que as mudanças podem parecer sutis ou estarem disfarçadas, mas elas são reais e merecem nossa atenção. A valorização do meio ambiente e das comunidades que recebem turistas, bem como a aceleração digital e o uso das novas tecnologias, impactam diretamente no negócio turístico. Isto porque o viajante mudou. Ele é cada vez mais digital, mais exigente, mais consciente e mais responsável.

No atual contexto, viajar é, para muitos, a melhor forma de se reconectar com a família ou com os amigos, com o local e sua cultura e principalmente com a natureza. É interessante observar que muitos consumidores perceberam que as viagens são uma forma privilegiada de cuidar da saúde mental e emocional, já que o isolamento nos mostrou que o que vale são as experiências e os bons momentos que vivemos com as pessoas que amamos. Esse novo comportamento do viajante significa grandes oportunidades para o setor do Turismo.

A questão da falta de talentos no setor de turismo foi tema do rico painel sobre as mudanças no trabalho. Segundo Ana Jacinta,  secretária-geral da AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, o setor carece atualmente de 86 mil trabalhadores e facilitar o ingresso de imigrantes (inclusive do Brasil) é uma urgência para o turismo voltar aos níveis pré-pandêmicos.

Também se discutiu a emergência de novos produtos turísticos para o crescimento sustentado do turismo. Teresa Ferreira, do Turismo de Portugal, enfatizou a importância de se trabalhar com novos destinos, de forma a distribuir melhor os fluxos turísticos e explorar os diversos segmentos da oferta turística tais como: turismo industrial, enoturismo, turismo de aventura, dentre outros.

O desafio enfrentado pelo setor de locação de veículos não é diferente do que vemos aqui no Brasil: mercado aquecido, escassez de veículos e indisponibilidade de novos carros para a compra imediata. O diretor da associação das locadoras ressaltou que a incipiente rede elétrica é uma dificuldade adicional, que impede que os carros elétricos tenham mais expressividade no setor turístico.

Gostei demais da discussão sobre a marca Portugal, que segundo pesquisa realizada em diferentes países, incluindo o Brasil, é vista como como “charmosa, de qualidade, original, atrativa, relacional e acessível”. O objetivo agora é valorizar ainda mais a marca, agregando valor aos produtos e serviços portugueses, uma vez que comparado aos demais países europeus, Portugal é considerado um destino barato.

Em termos de planejamento e gestão do turismo, temos muito a aprender com Portugal. Assim como também temos boas práticas para compartilhar com os portugueses, como por exemplo em marketing digital nas empresas turísticas. É justamente nessa troca de ideias e conhecimentos que crescemos e fazemos do turismo um setor mais inclusivo, mais diverso e sustentável.