Devo, não nego. Pago quando puder, ou seria quiser? Jornada da individuação: Livre-arbítrio
Somos co-criadores da realidade, indivíduos que almejam harmonia, amor, paz e abundância. Ao mesmo tempo defendemos mais umas causas do que outras e sofremos de males não vistos a olhos nus.
Relevantes se tornaram nossas lutas internas, as travadas nos campos da mente e, porque não, do próprio espírito. Nossos deveres e nossos "quereres" se confundem.
O professor Hélio Couto, precursor no Brasil de estudos avançados no campo da mecânica quântica , esboça largamente a importância do legado de Jung nesta seara nos fazendo juntar algumas peças no quebra-cabeça da existência.
Para Jung possuímos "dois" centros, o Self (Deus, o todo) e o Ego.
Evidentemente não é possível que existam dois centros.
O verdadeiro seria o Self enquanto seu derivativo Ego seria uma 'centralidade' construída pela persona.
O Todo, Self, é harmônico, amoroso, pacífico, benevolente. É fonte de luz. Nele não existem contradições, tudo é ordem, fonte de energia criadora.
Já o ego, fruto amoroso do próprio Self, seria a identidade, o nosso "EU": "Eu sou fulano de tal, profissão tal, filho de ciclano".
O ego, essa composição elaborada, se entende como centro do seu ser e tem o propósito maravilhoso de criar esta personalidade que se apresenta como alguém que não o outro. Sem ego não se alcança o "Eu, fulano de tal" vislumbro e compreendo fazer parte (ser) o Todo.
É importante ressaltar que o ego como parte do Self existe para que você consiga configurar-se e reconhecer-se como um indivíduo dotado de recursos próprios, de Livre-arbítrio, capaz de construir, criar e identificar "algo" como resultado de sua ação .
Reconhecer o ego como parte do Self é o que Jung chama de processo de individuação e ocorre pela atuação voluntária de retornar ao centro verdadeiro (o Todo, o Self). Não caminhar pela integralização é acumular débitos pela criação de uma polaridade negativa (que só é criada pelo ego já que o Self só dialoga em frequência positiva).
O livre-arbítrio opera aqui, na escolha entre aproximar-se do centro (Self), fonte criadora, ou negá-la escolhendo VOLUNTARIAMENTE inflar o ego (conscientemente ou pela inércia, o nadar conforme a corrente).
Ao caminhar para a negatividade (ter tudo para si de elogios à poder, fama, dinheiro...) produzimos o efeito visível da polarização, da divisão, da escassez. Não à toa ir a fundo nessa segregação, aprofundar a polarização interna (em busca de ser o "melhor", "mais bem sucedido", "mais rico", "mais viajado", "mais bonito", "mais inteligente", etc), te levará, também, invariavelmente de encontro ao Todo, a fonte luminosa, teu ser de luz.
Mas a conta chega pois o centro (Self, Deus, Todo, Atom, partícula fonte) de uma forma ou de outra atrai e puxa cada um de nós para si, para o amor incondicional, para o agir em conformidade. Para o Self não importam quantos carros na garagem e milhões na conta bancária. Somos o que sentimos e só podemos sentir diferente ao abandonar a ideia de "sermos esse alguém assim e assado", "termos isso e aquilo garantido", etc.
Ao nos perdermos nas vicissitudes materiais do ego estamos sob o controle da escassez e da falta- garantir o meu antes que acabe. Andaremos com medo do que não temos e de manter o que já obtemos. Experienciaremos a culpa esperando redenção, a vergonha almejando o perdão, o medo aguardando a certeza. Confundindo sempre amor com o "dar atenção".
Em suma, débitos de negatividade são gerados por nosso ego para com o Todo, que é só amor, INCONDICIONAL. E estamos sendo chamados a coletar tais débitos nessa ou em outra vida (energia contínua que somos).
Somos recrutados internamente para que de livre e espontânea vontade utilizemos o livre-arbítrio para descascar o ego e deixar a fonte assumir o controle, anulando a polaridade negativa produzida. Causa e efeito.
Todos que estão lendo este texto já experienciaram isso de uma maneira ou outra ("sinto que devo fazer isso mas algo me impele a continuar fazendo do mesmo jeito).
O seu ego vai te proteger de tudo o que pareça estranho. É seu papel observar e vigiar, tornar-se presente é o objetivo, conhecer mais a fundo sua essência. Porque você bebe o que bebe? Come o que come? Veste o que veste? Será que repete só porque sempre fez assim? Será que gosta mesmo disso? Porque sente que deve fazer diferente? Onde tá a dificuldade em se reeducar?
Sentimos medo de não nos reconhecermos ao final de mais uma mudança de aproximação com a fonte.
Se eu não sou o corpo que tenho, se eu não sou minhas posses, se eu não sou meu status social ou qualquer papel que desempenhe (mãe, filha, profissional, educadora, enfermeira, amiga, etc.); Quem sou eu?
Você é o TODO. Lembre-se de se voltar pra esse centro. O todo vibra na gratidão, no amor, no perdão e na alegria. Seu poder é amplificado, daí vibração "elevada".
O Todo é tão perfeito que até no débito do distanciamento profundo e constante (rejeição, negatividade, pessimismo, reclamação, vingança, ódio , cobiça, vaidade, orgulho, culpa, etc..) é possível um contrabalanceamento rápido e tenaz.
Se volte para si mesmo e descobrirás ser muito mais que o centro egoico - limitado pelo próprio controle que se impõe todo santo dia.
Não existe extermínio do ego, ele é parte do Todo te lembras? O que deve ocorrer é que o ego vai parar de tentar liderar teus rumos e deixará o Todo, a luz, guiar teus passos.
Se empenhe na jornada e jamais, jamais deixe de pedir ajuda. Há sofrimentos psíquicos capazes de nos levar a um passo da desintegração, e se o ego se desintegra perdes a linha de conexão com o Self. Abrace tua história mas não te identifiques com ela.
No processo de individuação se descortina, então, a noção de existir algo maior, o Self, um centro luminoso. Nas horas de maior desabrochar o reconhecemos como as mudanças sutis que se operam em nossa restruturação mental.
Essa sensação será perceptível pela impressão de "dever" e "querer" nas nossas oscilações sobre a coisa mais acertada a se fazer.
O ego tem livre arbítrio para caminhar, escolher, entre seguir um "querer" momentâneo ou cultuar verdades mais profundas. E tudo começa com o "dever". O dever não deve, contudo, permanecer sendo sentido como dever, pois na medida em que o Self se faz presente nas ações, não existem "sacrifícios". O bem é realizado naturalmente. A dualidade serve a esse propósito: não é pra ser sacrificado trabalhar e servir, é pra ser natural.
Quando o centro se fizer manifesto se faz porque se é e não porque será "beneficiado". O mundo só muda quando você muda.
Qual seria seu movimento atual ao se descobrir imortal?