Dia da Saúde Mental. Como vai a sua?

Dia da Saúde Mental. Como vai a sua?

A partir de 2020, os problemas de saúde mental deverão responder pela maioria dos casos de afastamento do trabalho no mundo. É uma projeção chancelada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com base na explosão de ocorrências do tipo nestes últimos anos.

O Brasil, infelizmente, não deverá fugir desse preocupante diagnóstico. Nós já somos campeões mundiais em transtorno de ansiedade, ocupamos o segundo posto no ranking internacional do estresse, atrás apenas dos Japão, e, no item depressão, estamos a um passo do pódio, 4º lugar.

Nove em cada dez pessoas do planeta sofrem com algum efeito do estresse. Aqui, na Terra Brasilis, a relação é sete por dez, sendo que quase três quartos desse universo enfrentam as consequências da doença por conta da rotina no trabalho, incluindo a jornada de deslocamento, expediente e retorno.

Não por acaso, o fator preponderante nos registros de estresse laboral é a síndrome de bornout, recentemente admitida no rol das doenças classificadas pela OMS, e que também nos “honra” com o segundo lugar no ranking global.

Há vários fatores causadores de instabilidade na saúde mental. A vida urbana é uma fonte quase inesgotável deles. Violência, poluição – atmosférica e sonora -, trânsito, desemprego. Mas as mudanças sociais e afetivas decorrentes dos novos modelos de interação também pesam. E existe também a relação da saúde mental com as doenças físicas, alternadamente como causa e efeito. E, nesse ponto, deve-se ressaltar que dois terços dos diabéticos e hipertensos crônicos convivem com algum transtorno mental. Algo que dificulta o tratamento ao mesmo tempo em que o encarece.

Digamos que o mundo está no divã e o tempo que permanecerá nele depende exclusivamente das ações coletivas na busca de qualidade de vida, com os devidos respaldo e incentivo das instituições e corporações.

Terapia para grande parte dos mais de 7 bilhões de seres humanos seria uma boa indicação, mas, temendo pela inviabilidade, surge a necessidade de alternativas mais acessíveis e amplamente divulgadas como aliadas da boa saúde mental.

·      Divida o seu tempo entre trabalho, lazer e descanso. Tudo deve ter início e término para coexistir em harmonia. Acabou o expediente, é hora de se dedicar à vida pessoal, e vice-versa.

·      Faça o que gosta. Não abra mão de incluir em sua agenda atividades que lhe dão prazer, da música ao cinema, da iguaria à viagem, encontrar amigos, ler, jogar videogame, ir ao estádio, pisar descalço na areia, na terra ou na grama.

·      Dormir bem é essencial para manter o corpo e a mente preparados para enfrentar cada dia. Encontre a “medida” certa do sono e não seja negligente com ele.

·      Coloque o corpo em movimento. Não precisa ser um “marombeiro” - o habitué de academia. O importante é se mover, seja caminhando, praticando algum esporte que também possa dar algum prazer. A endorfina faz toda a diferença no bem-estar.

·      Transforme sua refeição em homenagem simultânea aos olhos e ao corpo. Alimentação saudável não precisa ser sem graça e muito menos sem sabor. Pode-se tudo desde que na medida e no momento certo.

·      Cuide da sua espiritualidade. Se tiver alguma crença religiosa, reze, ore, fale com Deus. Senão, dedique algumas dezenas de minutos à meditação ou demais atividades que considerem o etéreo.

·      Trabalhar não é castigo. Ainda que muitos encontrem na fonte de renda sua única razão, o trabalho não deve ser limitado a isso. A remuneração é necessária sim. Quanto mais, melhor – não sejamos hipócritas. Mas o ser humano precisa do trabalho como meio de se sentir útil e capaz de promover transformações. Claro que nem todos vivem do que gostam. Mas procure encontrar a melhor face da sua ocupação. Caso não haja, então, na medida do possível, busque alternativas – fuja do burnout. Só não esqueça que, no Brasil, temos 13 milhões de desempregados e muitos deles adorariam ter o seu “privilégio”.

·      Relacione-se com quem lhe faz bem. Esse talvez seja o principal manancial de prazer e bem-estar. Não esmoreça na arte da boa convivência. Cerque-se de quem traz boas energias, amizade, lealdade, humor, conhecimento ou simplesmente paz. Perder tempo com pessoas que não nos agradam é um desperdício de vida. Aprimore a intuição para fazer das companhias um desejo por si só. O ambiente e o roteiro apenas complementam a moldura. Nossos cônjuges, filhos, parentes e amigos também devem se enquadrar as primícias.

·      Enfim, se precisar de ajuda, utilize os serviços gratuitos, ou no mínimo financeiramente viáveis, da saúde mental online. Com o aval do Conselho Federal de Psicologia, pessoas e empresas já podem ter essa tecnologia associada à saúde – a despeito do imbróglio da telemedicina, estancada pelo marasmo de um debate necessário, mas anacrônico, considerando a urgência de expandir a medicina on-line, para o bem dos potenciais pacientes e do mercado.

Por fim, fica aqui uma dica da representação brasileira da International Stress Management Association (Isma-Brasil) para saber se a sua atual condição mental inspira cuidados: Teste o seu nível de stress. Ou se preferir, faça o teste do G1. Igualmente interessante. E lembre-se: Mens sana in corpore sano.

Ricardo Romeu Busana

Advogado e Palestrante. Especialista em Bioética, Biodireito, Direito Médico e Gestão da Saúde, Compliance and Mediator.

5 a

Excelente artigo Marcelo Santos, parabéns.

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