Reflexões sobre a importância da saúde mental em um mundo acelerado

Nós e o velho dilema dos tempos modernos: vivemos em uma sociedade que opera com extrema competitividade, em um ritmo intenso e elevado nível de cobrança. Se compreendermos que a saúde mental está intrinsecamente ligada à maneira como respondemos à vida, não há como falar de saúde mental sem falar de trabalho, ou o contrário.  

O trabalho como pilar central na vida 

O trabalho ocupa um lugar central e determinante na vida do indivíduo. Por estar presente necessariamente e diretamente na vida do ser, é uma fonte de bem-estar, identidade, autoestima e realização pessoal. Da pergunta de infância "O que você vai ser quando crescer?" à afirmação na vida adulta "Eu sou trabalhador", o local de trabalho e o peso emocional que ele exerce sobre a pessoa têm grande influência na saúde do trabalhador. Em paralelo, esse mesmo trabalho pode ser uma fonte de desgaste emocional que reverbera no campo físico e mental. 

A responsabilidade do RH na construção de uma cultura positiva 

O RH – ou a área de Pessoas –, tem uma responsabilidade direta em apoiar a construção de uma cultura positiva, para que as lideranças – figuras decisivas no processo de mudança – entendam o cuidado com as pessoas como abordagem principal. Não é acabando com o trabalho ou com as empresas que resolveremos essa problemática, mas sim aprendendo a conviver harmonicamente com ela. A ausência de trabalho pode também ser um agravante no processo de adoecimento mental do sujeito. Entendemos que nosso papel, enquanto empresa, é assumir uma postura ativa no desenho e na construção da promoção desse bem-estar, compreendendo nossa responsabilidade ímpar como fomentadores dessa saúde em várias esferas. É essencial estruturar políticas claras sobre saúde mental, promover atividades que estimulem a valorização do equilíbrio de vida, atentar-se aos sinais de alerta nos times, oferecer apoio constante e incentivar o autocuidado em meio às pressões do cotidiano. 

Autonomia e flexibilidade na TUapps 

Na TUapps, temos a Autonomia como pilar cultural e atuamos no modelo remoto como uma estratégia eficaz. Esse modelo permite que nossos TUappers organizem melhor suas demandas, reduzindo os danos causados pelo estresse do deslocamento, trânsito e superlotação do transporte público. A prática também permite que nossos times estejam mais próximos de suas famílias e tenham flexibilidade para incorporar práticas saudáveis em suas rotinas, como uma alimentação equilibrada e atividades físicas. Estamos desenvolvendo, a cada dia, uma cultura de feedback constante, estabelecendo um canal aberto de comunicação entre times, líderes e liderados. Enxergamos que as conversas, especialmente as difíceis, são nossas alavancas para construir relacionamentos sólidos. Investimos no clima organizacional com um time diverso, composto por pessoas com diferentes experiências e de gerações variadas. Nossas pessoas têm maneiras distintas de compreender o mundo, o que faz a pluralidade acontecer aqui, amplificando os aprendizados e nossos processos de troca. 

Desafios globais e o impacto direto na saúde mental 

Nos últimos anos, como humanidade, passamos por períodos economicamente e emocionalmente instáveis: pandemia, demissões em massa, guerra assolando o mundo. Todo esse desdobramento continua a ecoar na saúde mental global, demandando atenção. 

A responsabilidade das empresas (Lei nº 14.831) 

É essencial entendermos que o papel da empresa hoje não é apenas uma questão de responsabilidade social, o que por si só já seria de extrema importância. Hoje, existe uma lei que cria a certificação para empresas que promovem saúde mental: a Lei nº 14.831. Isso ocorreu também devido à intensificação das doenças mentais decorrentes do desgaste causado pelo ambiente corporativo. Ou seja, é necessário entender que esse é o nosso papel como empresa e que trabalhar para fortalecer o seu negócio depende diretamente dessa compreensão e conscientização. Não é possível dissociar vida pessoal de vida profissional, e encontrar o ponto de equilíbrio – ou auxiliar o colaborador a encontrá-lo, já que as experiências e vivências são individuais e intransferíveis – fará com que possamos atingir a virada de chave para essa conexão. Pessoas saudáveis são mais engajadas, produtivas e motivadas, não somente a trabalhar, mas a viver. 

Conclusão: a revolução do afeto nas relações de trabalho 

Como sociedade, estamos caminhando para uma nova revolução do trabalho: a revolução do afeto. As relações de trabalho mudaram, e as mudanças fazem parte do processo natural do ser humano. É importante refletir que reputação não é apenas o que falam de nós, mas o que vivem conosco. Reputação é sobre o impacto que causamos na vida das pessoas, sejam elas colaboradoras diretas ou indiretas. Fortalecemos o vínculo quando nos preocupamos genuinamente com as pessoas, quando entendemos os contextos em que vivem, quando valorizamos suas entregas, seu potencial, quando de fato enxergamos a pessoa. Na minha carreira, o maior aprendizado que tive até hoje sobre pessoas foi que elas querem falar; precisamos querer ouvir. 

Pamella M.

CRP: 171940/SP