Dia de luta, dias de glória.

Eu já tinha experiência em gestão de equipe de recuperação de crédito no Banco Ibi, braço financeiro da C&A, mas nada pode ser comparado com o projeto de cobrança da AlmavivA do Brasil para o cliente Itaú em que conheci um time inteiro de mulheres fantásticas liderados pela incomparável Adriana Gouveia.

O primeiro encontro foi em um almoço de negócios com apresentação dos desafios. Sem cerimônia ela diz no começo do papo a seguinte frase: “Vocês vão concorrer com uma operação que supera as metas mês a mês há muito tempo. Fica em Recife e eles tem um time que conhece muito o negócio Itaú e vai ser difícil vocês superarem isso”, disse me olhando com um meio sorriso no rosto e sua característica marcante de quem sabe exatamente e em detalhes o que está falando e sempre com total controle da situação.

Eu, como quase sempre afeito a provocações ao melhor estilo LAST DANCE (documentário da Netflix de despedida do time do Chicago Bulls e da lenda Michael Jordan), não me fiz de rogado e perguntei: “A operação de cobrança é de arrasto de dívida, correto?” Adriana responde: “Sim e eles fazem 400 mil por PA mês”. Sem hesitar eu respondo: “Quando chegar em 800 mil, você me paga um almoço?” Adriana ri e responde: “Ousado (...), mas eu pago.”

Antes de seguir para a segunda parte dessa história, não pensei duas vezes em encontrar uma palavra e uma atleta brasileira que simbolizassem com perfeição quem é Adriana Gouveia na carreira e no mercado em que atua. A palavra: CRAQUE; A Atleta: MARTA.

Tanto Adriana quanto Marta, possuem em comum o talento que só pode ser lapidado com a superação de obstáculos que a vida não cansa de proporcionar desde muito cedo. Elas também tomaram uma decisão similar, cada uma no seu universo, de jamais serem coadjuvantes, mas sim protagonistas em tudo que se propuseram a fazer.

Marta já foi escolhida como a melhor futebolista do mundo por seis vezes, sendo cinco de forma consecutiva. Adriana foi diversas vezes escolhida como referência de liderança feminina e um símbolo de eficiência em um universo preponderantemente masculino (mercado financeiro), assim como é o futebol.

Marta foi considerada pela Revista Época, um dos 100 brasileiros mais influentes do ano de 2009. Adriana já esteve presente na lista das maiores e mais preparadas executivas no Prêmio Moreira Sales do Itaú-Unibanco.

Na mesma época em que atendia as operações da Adriana, não coincidentemente eu estive no auge da minha carreira como executivo de Contact Center. Recebi na época um dos mais importantes prêmios da minha trajetória profissional em um evento realizado em Salvador. Lá estavam reunidas todas as empresas que prestavam serviço para o Banco e que superaram suas respectivas metas. Algumas pessoas, como eu, tiveram a oportunidade de receber um troféu das mãos do Luciano Huck.

Tive a sorte de ser agraciado duas vezes, pois com o atraso do artista, recebi o prêmio das mãos da Adriana e em seguida, pela segunda vez, das mãos do apresentador. Não preciso dizer também que Adriana me pagou aquele almoço do primeiro papo, mas certamente o mais importante foi o que aconteceu tempos depois. Em outra ocasião oposta desse dia, fez questão de parar para me apoiar e me ouvir quando eu tive uma das derrotas mais doloridas e marcantes da minha carreira (isso vale um outro artigo para contar essa história).

Fato é que sem absolutamente nenhuma obrigação, Adriana Gouveia fez questão de entender o que tinha ocorrido quando da minha saída da AlmavivA. Não me julgou, aconselhou e teve uma generosidade que eu jamais poderei agradecer em nenhuma publicação possível em qualquer tempo. Diga-se de passagem, já havia tentado outras vezes fazer esse agradecimento.

Da mesma forma que Marta é Embaixadora da boa vontade da ONU Mulheres, Adriana é, foi e sempre será a embaixadora que ajudou a resgatar a minha autoestima profissional e teve enorme boa vontade em me impulsionar, mesmo sem saber, para uma nova jornada profissional que hoje eu me realizo todos os dias, do mesmo modo que eu também era muito feliz e realizado quando trabalhamos no mesmo projeto.

Tivemos muitos momentos de lutas e outros tantos de glórias, mas posso dizer que nada supera o enorme privilégio em escrever um pouco dessas histórias, entre as que vivi e ou outras que apenas admirei e vi de Mulheres que acontecem e fazem acontecer.