Diferenças: o rúgbi da África do Sul mostrou que é possível vencer e ampliar a visão sobre o respeito à diversidade
Infelizmente, temos visto o futebol protagonizar absurdos europeus e sul-americanos sobre racismo e impunidade. Mas há uma importante notícia nesse final de ano que traz um alento para esse espinhoso e lamentável tema que mistura sociedade e esporte: o título da África do Sul na Copa do Mundo de Rúgbi, realizada em Tóquio nos últimos meses.
Além de celebrar seu tricampeonato (1995-2007-2019), sendo uma equipe africana em comparação a países de enormes investimentos e tradição, como Inglaterra, Nova Zelândia ou França, os Springboks, (nome dado à seleção da África do Sul, que faz alusão a um antílope), aumentam sua coleção de momentos históricos nesse esporte (outro deles você confere no filme Invictus, em que Mandela e os atletas da seleção unem um país por meio de uma camisa e uma bola oval).
Pode parecer estranho ou incoerente (e é mesmo...) mas o atleta que levantou o troféu no Mundial do Japão, o flanker (ou asa) Siya Kolisi, é o primeiro Capitão negro da Seleção Sul-africana depois de décadas. Sim, é uma equipe da África! Mas que viveu quase 50 anos no regime do Apartheid, de severa segregação racial. Em resumo, parece um pequeno passo; mas é, na verdade, um tackle duro na cultura do país e que nos enche de otimismo para vermos uma evolução com passos cada vez mais acelerados nesse aspecto, de uma vez por todas!
A cultura nos influencia ou as pessoas influenciam a cultura?
Não sou um especialista em cultura, sou “apenas” um profissional de Comunicação que faz seu trabalho e baseia suas convicções em pessoas. E muitas vezes o meio não vai favorecer que cada um de nós, na cadeira de comunicadores nas empresas, possa desempenhar um trabalho de coragem, muitas vezes silencioso e com pouca vitrine.
Mas onde quero chegar com isso? Quantas opiniões e reportagens vimos sobre mais um título da África do Sul? Dê um Google e confira... Agora me diga o nome do líder que tomou a decisão corajosa de nomear Kolisi como capitão? Ou quantas barreiras precisou enfrentar? Ou se tinha noção do tamanho do recado que daria, mesmo sem saber se seria campeão ou não e veríamos um negro com um lindo troféu dourado nas mãos?
Não importa o nome dele ou dela e se ficará ou não lembrado... Essa pessoa deixou sua marca! E você que é de Comunicação nas empresas tem que querer deixar sua marca; e não só querer o palco ou a fama!
Transformar culturas demanda suor. Seja para ganhar uma batalha por dia contra o racismo ou para impulsionar companhias à sua prosperidade. Sabemos que as luzes dos holofotes também podem fazer suar, com o calor das lâmpadas; mas você, de Comunicação, precisa querer mais: estar ao lado das pessoas e ter a atitude dos vencedores. O respeito à diversidade é fundamental, mas ao mesmo tempo um princípio básico! Precisamos olhar para o quanto as diferenças podem dar um salto de percepção e serem um vetor de crescimento, diferencial competitivo e algo que é perene e não uma tendência.
E o trabalho duro do comunicador é empurrar, chutar, gritar ou qualquer outra ação que valha a metáfora esportiva... Façamos como os Springboks, que mostraram estarem juntos no Scrum, unidos para dar um tackle no que não querem mais! E não precisa esperar a Copa do Mundo para isso: é a cada treino, a cada ferimento, a cada Try (o gol do Rúgbi)...
Ah, e nem sempre a bola vai estar redonda para você na Comunicação! Mas tudo bem, no Rúgbi ela nunca está. Bola pra frente...
“It's time we learned /
This World was made for all men”
STEVIE WONDER
Analista Sr. de Facilities na C&A Brasil
5 aCaio, saudade de você querido 🥰