As dificuldades da ascensão das mulheres na Engenharia.
Centro Universitário FEI, São Bernardo do Campo 1º semestre/2020

As dificuldades da ascensão das mulheres na Engenharia.

Por:

Marcela Francisco Albuquerque Vasques

Camila França Silva

Camila Sebadelhe Braga

Larissa Lallo Frollini Alavasse

Vitória Sousa de Medeiros

Vittoria Carolina Brunassi Canhas

RESUMO

A prática do machismo na área de Engenharia não é atual e persiste até os dias de hoje, muitas mulheres sofriam e ainda sofrem com esse preconceito desde suas salas de aula até, enfim, o mercado de trabalho, algo que pode, assim, interferir em sua ascensão no ramo que virão a atuar. O objetivo desta pesquisa foi verificar as dificuldades encontradas atualmente pelas mulheres ao longo de sua jornada acadêmica bem como de trabalho, buscando então compreender sua evolução e representatividade na área brasileira de Engenharia ao longo dos anos. Verificou-se que, dentre inúmeras dificuldades, o impedimento da ascensão feminina na área se dá pela desigualdade de gênero e soma-se a isso, a majoritariedade masculina no mercado de trabalho brasileiro.

Palavras-chave: Engenharia; Mulheres; Desigualdade de gênero; Relações de trabalho; Valorização feminina; Ascensão feminina; Centro Universitário FEI.

INTRODUÇÃO

O crescente índice de mulheres que ingressam nos cursos de engenharia e ocupam posições de destaque no mercado de trabalho, vem acompanhado de quebra de paradigmas, pois por um longo período, conhecimentos técnicos e ciência eram considerados campos de domínio masculinos (Lombardi, 2011). Fazendo com que as mulheres não tivessem abertura em seguir esse tipo de profissão. Essa ideia vem sendo desconstruída lentamente, e foi possível observar isso através da análise do número de mulheres que pertencem a cursos de engenharia principalmente em áreas que eram predominantemente masculinas, como a engenharia civil e engenharia química, com um aumento de quase o dobro na área de civil, partindo de 12,3% no ano de 1977, para 21,7% em 1990, (Funny, 2002).

Apesar de contar com uma taxa de escolaridade mais alta no sexo feminino, sendo isso constatado desde o ensino médio onde a frequência escolar de mulheres está em 73,5% e a de homens em 63,2%, além desse, outro estudo comprovando esse mesmo fenômeno presente no ensino superior com a ocupação de 23,5% de mulheres e 20,7% de  homens (IBGE, 2016), sendo assim e, mesmo portando uma bagagem didática maior, em relação ao sexo masculino, mulheres ainda dominam uma pequena parcela dos cargos de chefia com 38% de participação nessa área e ainda recebendo 76,5% em relação aos rendimentos dos homens. Além disso é possível observar a dificuldade de ascensão de cargo feminina tendo em vista um estudo que revela que 54% das profissões técnicas, científicas, jurídicas, da comunicação, do ensino, gerentes e diretores, são preenchidas por mulheres, mas apenas 36% desses cargos são voltados para área científica e 13,5% são posições de engenharia (RAIS, 2000).

Tendo em vista a conjuntura da base exibida, o estudo referente a este artigo trata exclusivamente de uma possível disparidade, que pode haver e será investigada, em prol da aquisição de dados que possam evidenciar a teoria de que, persiste uma desproporção causada pela diferença de gênero, dentro do Centro Universitário FEI. Diferença esta que nos sugere, uma aproximação dos fatos narrados anteriormente, onde as possibilidades de profissão ainda levam em conta o sexo, colocando a mulher em uma posição pouco confortável e com a sensação de estar adentrando um ambiente que não à pertence.

Como instrumento de análise para a melhor observação dos resultados, foi utilizado um questionário aplicado virtualmente, este sendo composto por dez perguntas, sendo uma caracterizada por pergunta aberta, nomeada qualitativa, e o restante denominadas quantitativas,  tendo como participantes e objeto de estudo 100 estudantes do sexo feminino, de idades voltadas de 20 a 30 anos, que atualmente atendem o Centro Universitário FEI.

  1. DIMENSIONANDO DADOS ANGARIADOS

No contexto histórico é notável para as mulheres sua constante luta pela igualdade de gênero em diversos aspectos de sua vida, uma das principais batalhas é aquela relacionada ao mercado de trabalho (OLIVEIRA, 2017, p. 1). Utilizando-se do pressuposto, que tais dilemas encontrados na ascensão do gênero feminino em suas carreiras profissionais no ramo da Engenharia são também reflexos do ambiente encontrados por estas engenheiras ainda na graduação, os questionamentos iniciais foram voltados a esta esfera; fatos, comportamentos e eventos incômodos vivenciados ainda na graduação.

Através da pesquisa realizada com alunas do Centro Universitário FEI, foi possível notar a veracidade de tais argumentos utilizados anteriormente. Por meio destas, separamos as mais importantes perguntas para a realização do estudo acercando a desigualdade de gênero ainda presente nos mais diversos ambientes de nossa sociedade, sendo tais o objeto de estudo para nossa pesquisa.

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Gráfico 1 - Percentual da discriminação de gênero presente nas salas de aula de Engenharia.

A partir do primeiro gráfico, pode-se perceber que a maioria dos votantes presenciaram atitudes machistas dentro da sala de aula no curso de engenharia. A partir disso, é possível dizer que a desigualdade de gênero tanto social como salarial é evidente em áreas que são consideradas “designados aos homens”, quando ocupado por uma mulher, ela é julgada inferior. Uma dessas profissões é a engenharia, onde a sociedade decretou que é limitada para o gênero masculino, e se alguma mulher ocupa o lugar deles, o resultado é a discriminação demonstrada nas atitudes e discursos abusivos, impróprios e inconvenientes.

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Gráfico 2 - Percentual de mulheres que sofreram ou presenciaram atos discriminatórios contra o sexo feminino.

Seguindo adiante, neste gráfico, tem-se que maior parte dos participantes indicaram que já sofreram ou presenciaram preconceito contra o gênero feminino. Fundamentando-se nesses dados, é necessário esclarecer que a discriminação varia com o tempo e com o lugar pois é um evento social e acontece de modo direto ou indireto. Na discriminação direta é explícito que existe divergência no tratamento, na conduta e na comunicação. Já a discriminação indireta é feita de modo mascarado, ou seja, disfarçado, em que aparentemente é neutro e imparcial, mas ao analisar com atenção percebe-se que existem sim parcialidade. Portanto, a partir deste resultado nota-se que, dos entrevistados, 50% já sofreram e 31% já presenciaram algum tipo de discriminação contra a mulher.

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Gráfico 3 - Percentual do aumento do número de mulheres nos cursos de Engenharia.

Neste percentual, verificou-se que a maioria dos componentes votaram que teve aumento no número de mulheres na sala de aula, porém não supera o de homens. Mesmo com o aumento da quantidade de mulheres nos cursos de engenharia, um dos grandes desafios das pessoas do gênero feminino, além de lidar com a discriminação, é romper os valores patriarcais enraizados e pré-determinados no âmbito social. Em decorrência disso, e de inúmeros outros fatores relacionados a desigualdade de gênero muitas mulheres se desanimam e, às vezes, até desistem da conclusão do curso ou da profissão. 

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Gráfico 4 - Percentual da divisão entre o sexo masculino e feminino no campo de trabalho.

No gráfico 4, demonstrou-se que, através de uma parcela expressiva dos votos que homens costumam subir de cargo mais rápido que as mulheres. Diante disso, pode-se notar essas desigualdades em relação às mulheres, as quais estão, na maioria das vezes, em cargos inferiores de uma empresa, com menor remuneração e qualificação. É importante destacar que, para que elas tenham pelo menos o mesmo nível de quantidade de oportunidades dos homens, elas precisam estar infinitamente mais preparadas, tanto intelectualmente quanto mentalmente, demonstrando maior capacidade e mais habilidade, além de necessitar um currículo com melhor qualidade que o do gênero masculino.

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Gráfico 5 - Percentual do receio das mulheres em suas carreiras devido a desigualdade de gênero.

Neste, nota-se que 37% das mulheres acreditam que podem não alcançar o sucesso satisfatório pelo único fato de ser mulher. O valor é menor que a metade, porém fica evidente que a representatividade da mulher em altos cargos vem aumentando ao longo dos anos, mas as dificuldades ainda persistem e o vestígios de preconceito também. 

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Gráfico 6 - Percentual do posicionamento das mulheres em relação às oportunidades de emprego.

Posto este, observa-se que 72% das mulheres afirmam que ser mulher acarreta na perda da oportunidade de emprego, o que relaciona-se com o gráfico 5. As grandes vitórias trouxeram novos obstáculos à mulher moderna, como a dificuldade de conciliar a vida profissional com a familiar e até mesmo priorizar as atividades profissionais em detrimento da vida pessoal, além da complexidade em desempenhar plenamente tantos papéis, como o de mãe, profissional, dona de casa e outros. E com tantas responsabilidades, o não desenvolvimento com excelência de cada atividade atribuída pode fazer com que a sociedade se sinta insegura em relação às oportunidades de emprego a mulher.

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Gráfico 7 - Percentual de eficácia da realização de palestras com o intuito de conscientização.

Por fim, neste gráfico, é indubitável a percepção da importância de palestras para a conscientização de alunos e professores na faculdade, 37% acreditam que pode causar reflexões. Muitos homens se defendem, dizendo que não sabiam que uma atitude ou comportamento são machistas, por isso objetifica-las e reduzi-las se tornou uma prática. Muito em parte, em decorrência do movimento feminista que se uniu globalmente, a ponto de mostrar uma sociedade inteira presa em valores desiguais. As palestras podem reduzir essas questões e aproximar a igualdade de gênero.

2. CONTEXTO HISTÓRICO DA MULHER NA ENGENHARIA

No contexto histórico, descrita simploriamente como a aplicação de conhecimentos e, habilidades técnicas, para a criação ou manutenção de produtos e/ou sistemas, que transformam, dinamizam e facilitam a vida em sociedade; A engenharia em sua totalidade, indubitavelmente durante toda sua trajetória tem e, vem modificando substancialmente a humanidade.

Apesar de possuir traços evidenciados e, datados na pré-história, esta profissão somente foi oficializada no século XVIII e, deste instante até o momento presente, tem sido sujeitada a incontáveis e, sucessivas transfigurações. Destarte, por deter tamanha relevância e notoriedade, a engenharia moderna, bem como todos os outros ofícios existentes, em sua consolidação no âmbito tecnológico profissional, foi julgada sociologicamente de forma automática e, atribuída a uma gama de estereótipos que perduram até os dias atuais.

Dentre tais paradigmas, o machismo propriamente dito encontra-se como um dos tópicos mais preocupantes e, limitadores da profissão, visto que, por conta de uma tipificação histórica baseada em valores pertencentes a uma época, o gênero feminino acabou sendo restringido e impedido de ingressar na engenharia. Hodiernamente, tal cenário vem sendo modificado consideravelmente, dado que, no ano de 1985 as taxas de participação do gênero feminino estavam em 8,6% em relação aos homens e já em 2002 chegou a alcançar 14,3% de ocupação pelo gênero feminino (OLIVEIRA, 2017 apud LOMBARDI, 2000/2006), ainda assim, analisando-se estes valores é visível que a participação profissional ativa de ambos os gêneros, está longe de uma equidade. 

Deveras, outros fatores atuam e atuaram como limitadores para a inserção feminina na engenharia e suas ramificações, dentre esses, de acordo com Lombardi (2004b) no Brasil:                                                                                            

“O exercer do ofício do engenheiro tinha, inicialmente, o objetivo de atender o âmbito militar, sendo  utilizada pelo Estado como meio de segurança e repressão. Somente a partir do último quartel desse século passou a ser utilizada para implementar melhorias na infraestrutura social, unindo-se à produção básica agroexportadora, solidificada na produção e comercialização do café nos mercados nacionais e internacionais. Isto foi possível devido à acumulação capitalista em todas as etapas do ciclo do café, gerando a necessidade de melhorias na infraestrutura urbana, tal como serviço de iluminação, instalação de indústrias, hidrelétricas, transporte, saneamento básico e edificações em geral (SILVA TELLES, 1994; CRIVELLARI, 1998)”

Cathérine Marry (2002) em “L'excellence scolaire des filles: une révolution respectueuse? Le cas des diplômées des grandes écoles scientifiques d'ingénieurs” aponta como outra razão significativa e, elucidativa à questão da exígua atuação das mulheres, não apenas na engenharia, mas em todos os ramos de cunho tecnológico; a estereotipação do âmbito do saber. Segundo ela, partindo de opiniões populares e, enraizadas a séculos na sociedade, áreas do conhecimento como matemática e física, são tradicionalmente destinadas ao gênero masculino, ao passo que, princípios da biologia e química, são os mais condizentes às habilidades cognitivas das mulheres, sendo estas, paciência e delicadeza, que em sua maioria  são requeridas em processos experimentais (MARRY, 2002).

Analisando-se o espectro desta problemática de um ângulo diferente, ou seja, desatendendo os fatores externos que podem influenciar de maneira negativa o ingresso e/ou a ascensão do gênero feminino e, atentando-se à influência e decisões das próprias mulheres, é possível se perceber que de certo modo, há a questão de algumas profissionais evitarem se colocarem em cargos de comando, ou liderança. Ainda que tal informação apresenta-se um tanto quanto controversa, ela pode ser sucintamente esclarecida, pelo fato do ambiente de trabalho poder tornar-se um ambiente hostil e conflituoso, caso as profissionais se sujeitem a tais postos. Competitividade, inveja e até mesmo relutância em estar no mesmo nível hierárquico, ou em ser chefiado por uma mulher, são algumas das razões para o âmbito profissional se tornar incômodo e, extremamente exigente do emocional  destas engenheiras (FAULKNER, 2005).

2.1 A participação feminina no mercado de trabalho

Sendo assim, analisando detalhadamente os resultados de nossa pesquisa, pode-se perceber que dentro das salas de aula, mulheres travam uma luta diária, quando optam por cursar qualquer área científica e em especial a da engenharia. Quando analisando o Gráfico 1, obteve-se este como pilar fundamental na busca por tornar verdadeira ou refutar a tese colocada em questão, já que apesar de uma indagação simples, ela nos leva a uma reflexão do quão grande é a parcela de mulheres que já tiveram uma experiência negativa em aula e que teve o machismo como causa. Trazendo novamente a sensação de que a imposição da virilidade masculina sobre o sexo oposto, está a uma proximidade demasiada, da realidade diária de alunas da graduação, dentro do Centro Universitário FEI.

Em 2017, Maria Rosa Lombardi publicou uma pesquisa feita com engenheiras civis acerca dos atos discriminatórios contra o sexo feminino no canteiro de obras. Em sua pesquisa, Lombardi afirma que, durante a realização de seus ofícios, “a inteligência das profissionais é colocada sob suspeita e se apoia em uma concepção de inferioridade feminina”.

Isto posto, a desigualdade de gênero se encontra em ambos ambientes de trabalho e estudo. Em 2017, mulheres engenheiras da escola politécnica da Universidade de São Paulo se juntaram para lutar contra e, expor a discriminação que presenciam todos os dias, e em alguns momentos do vídeo, que foi realizado unicamente para a gincana anual da faculdade, as estudantes escreveram algumas frases e palavras que escutam diariamente, dentre tais expressões “sexo frágil” e, “incapaz” foram algumas das citadas.

Em 2017 foi feita uma pesquisa pelo Confea e Censo da Educação Superior mostra que o número de mulheres matriculadas no curso de Engenharia Civil tem crescido gradativamente desde o ano de 2007. O Gráfico 3 representa o público feminino nas salas de aula dos cursos de engenharia no Centro Universitário FEI, entretanto mesmo com este aumento, o sexo masculino ainda se mantém dominante nas salas de aula, como afirma Lombardi (2004), em sua pesquisa ela relata que a entrada gradativa das mulheres na profissão exprime certa ruptura dos valores que tendem a discriminar as mulheres em carreiras eminentemente masculinas, mesmo perante isso, observa-se que, apesar desse rompimento existem algumas áreas da engenharia em que são visíveis as divisões do trabalho e diferenças salariais entre os gêneros.

Prosseguindo o estudo, entretanto atentando-se agora as experiências vivenciadas por estas profissionais no mercado de trabalho, a segunda parte do questionário possui como intuito,  obter respostas concisas e, esclarecedoras, quanto ao mercado de trabalho e perspectiva de futuro dessas mulheres. 

Visto que, a divisão de gêneros é recorrente no ambiente de trabalho, o Gráfico 4 nos mostra como as mulheres sentem receio de não alcançar o tão desejado sucesso absoluto na sua área profissional devido a ainda presente desigualdade de gênero. Num levantamento encomendado pela Women on Board (WOB) e redigido pela Teva Índices, onde foram considerados pouco mais de 1.800 assentos em conselhos das 272 empresas participantes no estudo, apenas 16,9% das empresas de capital aberto brasileiras possuem mulheres nos conselhos de administração, e, segundo este mesmo estudo, foi constatado que a maior parte das conselheiras de empresas são formada em Administração, enquanto apenas 15% estariam formadas em Engenharia, além disso, quando se tratado sobre a reeleição do cargo, 71% dos homens é reelegido para o cargo enquanto as mulheres chegam a pouco mais de 60%. Sendo assim, foi levantado o questionamento a 100 mulheres estudantes de engenharia quanto ao sucesso absoluto de suas carreiras.

Através dos resultados do Gráfico 5, foi possível notar que grande maioria das entrevistadas (88%) sente apreensão acercando suas carreiras, o que se dá pelo motivo de termos um relevante histórico da discrepância entre os números de homens e mulheres nos ambientes de trabalhos. Segundo uma pesquisa realizada pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), no ano de 1990, as mulheres eram um pouco mais de 25 mil em um ambiente de trabalho onde os homens eram 147 mil. Os anos após foram de instabilidade econômica causando a queda de número de profissionais contratados, constatando que, no ano de 2000, foram 129 mil contratados, sendo deles somente 17 mil mulheres. 

Observando a perda feminina neste momento de crise, o Gráfico 6 nos mostra que, ainda hoje em dia, muitas mulheres ainda se sentem prejudicadas e incertas em suas carreiras pelo fato de serem mulheres. Em uma pesquisa feita no ano de 2018 pela Organização Mundial do Trabalho (OIT), a probabilidade de uma mulher ter sua carteira assinada foi 26% inferior que a de um homem, constando uma melhoria de quase 2% quando comparada ao ano de 1991, uma mudança quase mínima numa diferença de 27 anos. Destarte, através de tudo que foi visto, se tem em mente que algumas medidas devem ser tomadas para que seja viável reverter esse cenário. Desta forma, considera-se palestras como um meio de conscientizar alunos e professores.

No entanto, analisando-se as respostas obtidas neste questionamento, consegue-se perceber que de forma inesperada, este projeto de conscientização não foi avaliado positivamente pela maioria dos entrevistados. Cerca de 38% dos participantes consideraram as palestras e ademais propostas ineficientes, visto que segundo os próprios, a falta de engajamento dos estudantes e, a cultura brasileira bem como mundial, demonstram diariamente seus posicionamentos quanto ao machismo. Outros 25% também utilizam como argumento a cultura e, apontam como problema o fato de que palestras atuando sozinhas no combate ao machismo, são ineficientes. Por fim, 37% acreditam que o projeto em si pode não resolver a problemática em sua totalidade, mas trará uma reflexão aos ouvintes e, ocasionalmente uma mudança de comportamento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista dos argumentos apresentados, é perceptível que, entre as profissões com formação acadêmica, a engenharia é a que carrega a marca da masculinidade mais enraizada. A engenharia ainda é vista como uma profissão para homens, e, a decisão por entrar em um curso de engenharia significa, para a mulher, entrar em território masculino (SARAIVA, 2008).

A discriminação ocorre há muito tempo e pode proceder a partir de três circunstâncias psicológicas: estigma, estereótipo e o preconceito, sendo assim, foi realizado um estudo por Castañeda (2006) em que os resultados obtidos apresentam uma influência nas áreas de estudos e trabalho ocupadas pelas mulheres causadas pelas crenças nutridas durante a história da mulher, estas crescem quando, por exemplo, desde pequenas as mulheres são incentivadas a brincadeiras que relacionam-se com o cuidado do lar.

Para as crianças, é ensinado, tanto para homens quanto para mulheres, sobre o que é “feminino” e “masculino”, indicando como cada um deve se comportar e qual é o seu lugar na sociedade (CARVALHO; MANDALOZZO, 2014). A partir disso, na estrutura da sociedade do Brasil, é visto que mulheres aprendem que precisam ser subordinadas (CHIES, 2010) precisando conciliar tarefas domésticas (que são totalmente desvalorizadas até os dias atuais e não são remuneradas) e assumir total responsabilidade da criação dos filhos. Enquanto os homens assumem o papel de soberania. Segundo Penido (2006, p.275), os cargos dos homens são melhores que os das mulheres devido a essa criação social dos valores patriarcais.

Por contas das as nocivas consequências que ela provoca, atualmente, foi implementado, na maioria dos países, leis e normas para combatê-la. Contudo, como este fenômeno está enraizado na sociedade, em vez de diminuir sua ocorrência, fez com que ocorresse de maneira disfarçada e mascarada em certas condutas. Ao falar de pessoas do gênero feminino em divergentes ocupações e ambientes de trabalho, a mulher, ainda, sofre com abusos e marginalização da sua imagem, o que as prejudicam em desfrutar da equidade nas oportunidades dentro do mercado de trabalho.

Sendo assim, a inclusão do gênero feminino em áreas de atuação denominadas, historicamente, como funções masculinas, não foi feita de maneira tranquila na sociedade, entretanto, apesar da oposição, nos dias de hoje, muitas mulheres ocupam cargos que um dia foram delimitados apenas para os homens (OLIVEIRA, 2017, p. 9).

Levando em conta o que foi observado, é importante notar que a busca das mulheres pela igualdade de direitos fortalece-se a cada dia e que a igualdade de gênero nas faculdades de engenharia e nas profissões de alto nível hierárquico são facetas deste movimento em constante evolução. Em suma, na pesquisa de campo pôde-se constatar que a presença da mulher aumentou, mas as mesmas ainda são cercadas de estereótipos que as segregam, pois as incertezas, as dificuldades, os atos discriminatórios e divisões seguem. E nesse processo de avanço, as palestras para a conscientização de todos são necessárias e valiosas, e, soma-se a isso, projetos de conscientização que atuem tanto em ambientes acadêmicos, como em âmbitos profissionais.


Nayan Araújo

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2 a

Parabéns Marcela Vasques sensacional!! Pra frente....🚀🚀🚀🚀. Avante🚀🚀🚀..Mulheres no comando 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

Vladia Perez

Business Development Director at Safran

4 a

Marcela, Parabens pelo artigo muito bom! Me formei em Engenharia Mecanica em 1987, durante a faculdade ouvi varios comentarios desagradaveis por parte dos professores e colegas, vi muitas mulheres desistirem do curso pois o ambiente nao era dos melhores. No trabalho sempre tive que provar em dobro que tinha competencia para realizar qualquer atividade, tambem era cobrada em dobro, ainda temos muito a conquistar, fico feliz de ver que a nova geracao esta buscando acabar com a desigualdade.

Carlos Vasques

Diretor de Consultoria | Procurement Garage

4 a

Muito bom artigo, Marcela ! Parabéns.

Leonardo Perales

Data & Analytics Technical Product Owner at Kenvue

4 a

Meus parabéns Marcela, ficou incrível!

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