Dificuldades de Aprendizagem: uma realidade nas escolas.
Em mais de uma década na gestão de escola, percebo que um dos maiores entraves do seu cotidiano está em assumir que as dificuldades de aprendizagem se configuram como uma realidade e que independente de suas causas, pesquisas que defendem o diálogo entre as Teorias da Aprendizagem, as Neurociências aplicadas à Educação e a Psicologia Cognitiva indicam que elas podem ser prevenidas e nos casos resultantes de transtornos do neurodesenvolvimento, a possível diminuição das taxas de risco. Os países com melhores índices de desenvolvimento escolar, há décadas assumiram a discussão de uma pesquisa translacional à favor da educação básica, ou seja, assumiram que educação também deve ser feita baseada em evidências.
As dificuldades de aprendizagem se apresentam como um desafio educacional, autores como Nunes e Silveira (2015) afirmam que se trata de uma realidade complexa, multifatorial, que necessita de investigação cuidadosa e ampla por profissionais especializados em diálogo com a escola. Sobre os possíveis impactos no ambiente escolar, as pesquisadoras salientam que por vezes, educadores (professores e gestores) sentem-se inseguros diante do “não aprender”, dos desdobramentos que as dificuldades produzem como o fracasso escolar, somados as demandas vindas de profissionais da saúde acerca das possíveis adequações de atividades escolares, podendo resultar em alternativas mais simplórias que não atingem as necessidades desses estudantes e que acabam retroalimentando o cenário de exclusão.
Ações “macro” como políticas públicas e ações “micro”, no dia a dia da escola, precisam ser assertivas e sustentadas em: evidências, dados, cooperação dos diversos atores desse contexto. Para isso, é necessário assumirmos um diálogo horizontal entre os sujeitos no chão da escola e diminuirmos o hiato entre pesquisa e a educação básica em prol de uma aprendizagem inclusiva, que alcance todos os educandos em suas complexidades e integralidades.
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Nas formações pedagógicas desse ano, trouxe ao meu time de professores a discussão sobre como aplicar o modelo de rastreio e intervenção multicamadas com o objetivo de identificação e intervenção precoce acerca das dificuldades de aprendizagem dos nossos educandos.
Indico a leitura do artigo: "Modelo de intervenção multicamadas: uma proposta de atuação neuropsicopedagógica institucional" desenvolvido pela nossa egressa da especialização em Neuropsicopedagogia Institucional ( Faculdade Censupeg ), Claudia Aparecida Mendonça de Souza, com colaborações minhas e do Professor Fabrício Cardoso , que publicamos na Revista Mundo Livre da UFF (Campos).