Dinheiro fácil, sem esforço e de modo rápido. Parece bom, não é?
Ser rico sem ter que trabalhar, ser saudável sem se cuidar e ser sábio sem ter que estudar.
Quem não gostaria de ter tudo isso (e mais um pouco) sem ter que passar pelos percalços da vida? Sim, evitar os momentos de dificuldade diversos, pular os treinos de paciência diários, fugir dos momentos de frustração e dispensar o desprendimento do esforço físico e mental cotidiano.
Deixando a hipocrisia de lado, todos gostariam de obter sucesso (seja qual for o objetivo) no menor tempo/esforço possível e com ótimos resultados.
É natural do ser humano.
É o que buscam as empresas.
Quando o órgão mais sensível do ser humano é atingido (“o bolso”), todo e qualquer loucura é justificável para cometer as maiores sandices que se tem conhecimento até hoje. Exemplos de tais “feitos” são infindáveis, e chegam a ser cômicos tamanho o absurdo.
Nesta ânsia pelo sucesso financeiro, vemos que muitos se perdem tanto pela desinformação quanto pela ganância que o momento lhe oferta: se antes o famoso (e famigerado) golpe do “bilhete premiado” era a pauta de conversas informais sobre vítimas de estelionato, o tempo fez com que complexas e falsamente eficientes “metodologias de enriquecimento rápido” surgissem para induzir as pessoas ao erro e enriquecer o lado de quem oferta estes “ótimos” investimentos.
Em uma breve linha do tempo, podemos observar alguns negócios denominados de “Pirâmides”, < saiba mais aqui > onde o foco é o recrutamento de novos integrantes para a base com o intuito de enriquecer o topo via aportes financeiros no grupo. Um produto ou serviço, neste caso, nem sempre é necessário e esta prática é considerada criminosa em vários países (inclusive no Brasil). <Veja mais aqui ou aqui >.
Quem não se lembra dos casos como a da “Fazenda Reunidas Boi Gordo” no período dos anos 90, onde os ofertantes prometiam retornos financeiros de mais de 42% em 18 meses? Era uma rentabilidade absurda até pra época, mas muitos foram vítimas deste golpe < veja mais aqui >. Sim, dentre as milhares de pessoas impactadas estavam desde as pessoas mais humildes até estrelas de TV, do mundo esportivo e empresários.
Surgiram depois os modelos de “Marketing Multinível” (onde o foco é a venda de um produto ou serviço) e o “Marketing de rede” (prática comercial de vendas diretas), estes por sua vez legalizados mas que podem mascarar iguais esquemas de Pirâmides para fraudar e enganar as pessoas e o sistema financeiro. Apesar de controverso, diversos outros nomes surgiram posteriormente sempre utilizando um mesmo modelo de negócio mas com "roupagem diferente", sempre lesando milhares de vítimas pelo mundo.
Depois vieram os “clubes de investimentos” de criptomoedas na áurea do BitCoin. Além dos esquemas de pirâmide que envolviam o uso e comercialização das moedas digitais, houve também o efeito “bolha” entre sua trajetória de sucesso e queda recente. Ilan Goldfajn fez duras críticas no auge da moeda, e de fato observamos o esvaziamento de investidores no período recente < veja mais aqui >.
Já nos últimos dias, vimos uma jovem de 22 anos que afirma (em um vídeo) ter conseguido transformar um investimento inicial de R$1.500 em R$1.042.000 em um período de 3 anos.
Para transformar um único aporte de R$1.500 em mais de R$1MM em 3 anos, é necessário um investimento que renda mínimos 19,80% ao mês. No momento atual, dificilmente encontramos investimentos que rendam este percentual em um ano, quiçá em um mês. Só para ter uma idéia, o patrimônio inicial deveria render cerca de 70.000% para atingir esta marca.
Segundo a Infomoney, a ação da Vulcabras obteve valorização de 521,36% em 3 anos (entre 2015 e 2017), o que transformaria os R$1.500 iniciais em R$7.820,40.
Já se ela aplicasse nas (surpreendentes) ações da Magazine Luiza (os quais valorizaram mais de 10.000% no período), transformaria os mesmos R$1.500 em R$150.000. Sim, é um retorno fantástico, mas ainda assim distante dos R$1MM noticiados.
Após toda a polêmica causada, a mesma afirmou que houve aportes complementares no período, mas a propaganda original não cita este fato e induz quem assiste à um erro.
Veja bem: mesmo realizando aportes periódicos, este resultado seria praticamente impossível se feito por um “mero mortal” como a grande maioria da população brasileira, os quais não possui receitas polpudas tampouco generosidades financeiras de pais e parentes.
Não é lendo um relatório de recomendação de investimentos que tornaria este sonho real para qualquer um como cita no vídeo, pois nem mesmo os melhores traders do mundo conseguiriam tamanho feito com baixos aportes e em um número consecutivos de meses.
Parece óbvio e claro que um retorno desta magnitude é praticamente impossível, mas por incrível que pareça uma propaganda duvidosa como essa tornou-se uma das principais notícias e fez com que a empresa anunciante prospectasse centenas (ou milhares) de desinformados para o seu modelo de negócio.
Sabemos que parte do “sucesso” da ação foi por conta do “absurdo” divulgado, mas o que mais preocupa é o resutado disso tudo: formado por uma parcela de pessoas impactadas vítimas tanto do desespero (resultante da situação atual de desemprego e queda no poder de compra que vivemos), quanto pela ganância em enriquecer sem um mínimo de pesquisa para tal.
Seja qual for o período o qual vivemos e seja qual for a tecnologia disponível, alguns pontos devem ser considerados (sempre): não há dinheiro fácil e não há almoço grátis.
Se alguém lhe oferecer, desconfie.
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