O que aprendemos com esse primeiro turno das eleições de 2018?
A eleição presidencial de 2018 já é um marco não só pelo resultado final que ainda está por vir, mas pela evolução e efetividade dos meios de comunicação em massa utilizados pelos candidatos.
Enquanto Geraldo Alckmin (PSDB) teve direito a 5 minutos e 32 segundos da exibição diária na TV (cerca de metade do tempo total, por integrar uma coligação de 9 partidos), Jair Bolsonaro (PSL/PRTB) teve 8 segundos e João Amoêdo (Partido Novo) apenas 5 segundos para expor suas ideias e propostas.
Convenhamos que ler esta frase que está neste parágrafo consome cerca de 5 segundos de sua leitura. Uma candidatura com este tempo de exibição seria totalmente inviável, improvável e risível, não acham? Pois bem, não foi bem assim.
A restrição de doações aos partidos e o curto espaço de tempo para campanhas políticas fizeram com que uma parte dos candidatos migrassem seus canais de comunicação com os eleitores para os grupos de mensagens instantâneas, redes sociais e vídeos sob demanda em detrimento à TV e Rádios tradicionais.
Como resultado desta mudança, o candidato Jair Bolsonaro dos 8 segundos de exibição - e que agora está na disputa pelo segundo turno - obteve massivos 46,03% dos votos, enquanto Geraldo Alckmin - detentor dos longos 5 minutos e 32 segundos - obteve um risível 4,76% da apuração total. Neste mesmo caminho, João Amoêdo com seus pífios 5 segundos conquistou 2,50% do total do eleitorado, à frente de figuras conhecidas e com maiores orçamentos como Henrique Meirelles (1,20%), Marina Silva (1,00%) e Eymael (0,04%).
Aqui não entro no mérito da ideologia política, do momento do país nem das escolhas e motivações individuais. Apenas vamos analisar os resultados do primeiro turno e os meios utilizados nas campanhas deste ano: nota-se que a televisão e o rádio estão perdendo cada vez mais espaço (e importância) frente ao conteúdo de vídeo e áudio por demanda disponibilizado na internet. E isto foi decisivo nos resultados que observamos.
A liberdade de escolha das informações que consumimos faz com que ninguém mais seja obrigado a ver o que não interessa nem ouvir o que não gosta, e isso é fato. O resultado é que se por um lado a customização de conteúdo faz com que percamos tempo somente com o que nos interessa, faz também com que opiniões contrárias ou fatos que não sejam diretamente relevantes a si sejam suprimidos ou ignorados.
Esta individualização de vontades e a baixa tolerância às opiniões alheias criaram ao mesmo tempo um clima de animosidade e tensão entre as pessoas (notadamente nas brigas pelas opiniões políticas), mas também um novo desafio para as empresas e seus objetivos, pois estas precisam criar novas metodologias para que possam entrar em contato com seus potenciais clientes e oferecer seus produtos e serviços.
Os meios de comunicação mudaram, os anseios e vontades das pessoas também. Caso as empresas (e aqui os políticos estão inclusos) não se adaptem à esta nova realidade, estarão fadados ao esquecimento por parte seus clientes (e eleitores) de outrora.