Direito futuro e plasticidade

Um copo de água meio cheio ou meio vazio? As pessoas em geral o percebem assim. Dizem que os pessimistas tendem para privilegiar o vazio, como se isso fosse algo ruim. Enquanto que os otimistas, dizem, veriam o copo "semi" ou "quase" preenchido. Será que essa percepção pode ser estendida, por exemplo, para o Direito? Uns o veem como algo estanque, tradicional, antiquado, quase que inerte, enquanto outros têm privilegiado a inovação legal, as novidades, os "novos normais" (sem saber ou dizer o que isso seria afinal). O Direito é isso e aquilo!

Bom, para mim o copo está sempre cheio! Explico: o copo tem metade de água e o resto está preenchido pelo ar, que, por obséquio, é invisível e essencial à sustentação de nossa vida. Portanto, sempre cheio.

Para lidar com esse "novo", que flui e que acontece a todo instante, e que tem impactado nossas vidas e o Direito, vale a pena refletir sobre o conceito de plasticidade, que permite que nós nos ajustemos para melhor nos adaptarmos às circunstâncias cambiantes de cada momento (do novo normal ou constante novo agora).

E como podemos adotar isso? Seja pela criatividade, empatia, ou demais soft skills, seja por meio de uma abordagem interdisciplinar, ecológica ou via pensamento sistêmico, esta plasticidade nos permite constatar abertura para o novo, explorar outros domínios do conhecimento, inclusive na prática profissional. Como o ar que preenche todo o copo, há um campo ilimitado de possibilidades, um vazio criativo apto a ser explorado e que necessariamente se inter-relaciona a todo instante conosco, seres humanos, em nossas relações, e com a Natureza. 

Somos advogados porque escolhemos, em tese, nos especializar em Ciências HUMANAS. Portanto, devemos sempre lembrar e reforçar essa nossa condição. E, nestes tempos, nós, advogados, temos a chance de protagonizar novas atitudes e comportamentos e nos tornarmos agentes de transformação cultural. 

 

Mesmo um copo vazio está cheio - não só de ar, mas de possibilidades que permitam preenchê-lo com o que precisamos para dar o passo seguinte. Vai pela criatividade de cada um. Não é?

Fred Nunan

Sócio na 3Rocks Consultoria e professor convidado na FGV

3 a

Ótima provocação! E por que não considerarmos que, ao investirmos nas inúmeras soft skills que devem complementar nosso SER, aumentamos a nossa capacidade criativa e funcional - que corresponderiam à capacidade volumétrica do copo? Assim, quanto mais água, mais ar e mais copo.

Cleyton Caetano

Gestor da Unidade de Londrina na ISAE/FGV

3 a

Reflexão muito coerente Rafael!

Sempre excelentes suas provocações! 👏🏻👏🏻👏🏻

Juliane Sousa

Mestre em Administração/ Marketing/ Professora/ Mestranda em Gestão da Economia Criativa

3 a

Muito bom Rafael! Você como sempre traz reflexões relevantes para a área.

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