DIRETO AO PORTO | Liderando com Sustentabilidade e Inovação na Gestão Portuária
Por João Paulo Santana*
Equalizar as responsabilidades sócio ambientais com o compromisso de sermos os portos mais eficientes do Brasil é um desafio não apenas diário, mas também hercúleo. Manter um ritmo acelerado e ascendente de movimentação de cargas que, por várias vezes consecutivas, quebraram recordes e ao mesmo tempo trouxeram o reconhecimento da agência reguladora como a melhor gestão portuária do país, seguramente demanda à equipe de meio ambiente da Portos do Paraná, não apenas uma responsabilidade gigantesca mas também muita criatividade para o desenvolvimento de projetos de vanguarda no setor portuário mundial.
O dia-a-dia da equipe de meio ambiente e de segurança do trabalho, assenta em fazer cumprir as condicionantes estabelecidas em nossas licenças de operação, bem como implementar nossas medidas mitigadoras dos impactos gerados pela atividade portuária nos meios físico, sócio e biótico, além de garantir a execução das medidas compensatórias previamente diagnosticadas, propostas e acordadas, quer seja com os órgãos que nos disciplinam, quer seja com as comunidades de nossa área de influência de atividade, tudo isso sem oferecer riscos à integridade física de nossos colaboradores e de todos os partícipes da nossa comunidade portuária, além de garantir a saúde de nosso complexo estuarino.
Para isso, temos atividades das mais variadas, que transitam entre os mais diversos tipos de monitoramentos e fiscalizações, quer sejam coisas simples como garantir a instalação de uma isca para o controle de roedores, quer seja registrar o retorno de uma ave há muito tempo não avistada em nosso estuário, próxima ao nosso cais de atracação.
Atuamos também com diversas atividades sociais, onde dentro do universo da educação ambiental, medida condicionante de nossa licença de operação, podemos levar práticas e princípios de sistemas agroflorestais e da permacultura, para as comunidades do nosso entorno.
É dentro deste universo, que práticas como bioconstruções podem ser aplicadas em sistemas de escala humana de pequeno porte tais como pequenas vilas, assentamentos humanos de menor tamanho e comunidades insulares. São nestes ambientes que diagnosticamos as necessidades das pessoas e de forma criativa unimos soluções sustentáveis com a educação ambiental do futuro, onde literalmente se coloca a mão na massa, trazendo dentro de aulas práticas a união do conhecimento empírico aliado ao erudito.
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Estas atividades cabriocáricas, representam aquilo que podemos considerar como nossa tarefa de casa, ou ainda, nossas atividades sine qua non. Contudo, também possuímos projetos e ações que podem ser classificados como de vanguarda, com reconhecimento internacional. Nosso Programa de Recuperação de Áreas Degradadas em Antonina, para monitoramento da quantidade de sedimento evitado e monitorado pela universidade, por exemplo, é considerado um projeto único no mundo, sem outro semelhante.
Podemos mencionar ainda, como projeto vanguardista, todo o sistema de tratamento de esgotos que estamos implantando para a comunidade insular de Eufrasina, o qual utiliza zonas de raízes para a remediação das águas servidas, como ocorrem nos processos que utilizam wetlands.
Recentemente, iniciamos um diagnóstico das emissões de nossa pegada de carbono. Quando digo nossa, me refiro à toda nossa comunidade portuária e suas movimentações logísticas no entorno de nossa poligonal portuária. Esse levantamento tem como objetivo mensurar quão significante são as emissões de carbono e de GEE atreladas à nossa realidade. Posteriormente, apresentaremos um plano de descarbonização, com metas e objetivos para que consigamos contribuir com a redução dessas emissões e almejar suas neutralizações.
Dessa forma, nossos investimentos em ações que contemplam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis, preconizados pela agenda 2030, e que tangem as famigeradas práticas de ESG, são vultosos, na ordem de dezenas de milhões de reais, que buscam garantir a excelência no cumprimento de um desenvolvimento que abarque a essência da sustentabilidade.
Toda essa realidade, nos levou, por cinco vezes consecutivas, a sermos convidados para palestrar na Conferência das Partes sobre mudanças climáticas, evento promovido anualmente pelas Nações Unidas para fomentar o debate e a troca de experiências de excelência, que venham ao encontro dos desafios do milênio e da necessidade que urge em tratarmos com cautela e prioridade, os eventos climáticos extremos que estão resultando em refugiados climáticos em escala global.
*João Paulo Santana, diretor de Meio Ambiente da Portos do Paraná.