DISLEXIA

De acordo com a Associação Internacional de Dislexia (AID), a definição adotada há mais de 10 anos é a de que, a dislexia do desenvolvimento é considerada um transtorno específico de aprendizagem e tem origem neurobiológica. A mesma é caracterizada por dificuldades principalmente no reconhecimento ou na fluência da palavra, seja na habilidade de poder decodificar a palavra ou até mesmo na compreensão de como pronunciá-la. Geralmente essas dificuldades derivam de um déficit fonológico da linguagem e podem acontecer de forma inesperada, seja com relação à idade ou mesmo em outras habilidades ligadas ao conhecimento. A forma mais comumente para entender o como se aprende e que existem muitas pessoas inteligentes ou até mesmo consideradas como gênios e que podem também experimentar dificuldades durante sua aprendizagem, fez com que nos últimos anos se tornasse um dos maiores desafios para a Ciência desvendar em suas pesquisas.

A complexidade do entendimento do que é de fato a dislexia, está diretamente vinculada ao entendimento do ser humano. Para isso é preciso compreender a lógica entre o que se entende por memória e também o que se entende por pensamento e consequentemente em suas derivações. Daí, se compreendermos que o pensamento está diretamente ligado à linguagem, existirá a implicação na forma de como se dá o processo de aprendizado e também nos processos individuais vivenciados pelo ser humano. Em suas pesquisas Howard Gardner trouxe com grande propriedade no livro Inteligências Múltiplas, a ideia que ele mesmo transformou em pesquisa cientificamente já comprovada, desmistificando o conceito ultrapassado de que "quem é bom é bom em tudo".

Durante um longo período de pesquisas, a Associação Nacional de Dislexia (AND), afirma que de 5% a 17% da população mundial apresenta dislexia. Na busca de um maior entendimento sobre o assunto, ainda existe um grande desencontro de opiniões sobre o que é dislexia, mas que estão “acordadas” em aspectos comuns, seja no campo da Saúde ou da Educação. São eles: 

• Dispersão e fraco desenvolvimento da atenção;
• Dificuldade no aprendizado e na memorização de rimas e canções;
• Fraco desenvolvimento da coordenação motora fina e/ou grossa;
• Dificuldade na montagem lógica de quebra-cabeças;
• Atraso no desenvolvimento da fala e consequências no uso da mesma durante a linguagem;
• Falta de interesse por livros impressos ou até mesmo por atrativos visuais.
• Dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita;
• Desorganização geral;
• Falta de atenção e atrasos constantes nas entregas de atividades escolares;
• Confusão no senso de lateralidade;
• Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas e afins;
• Vocabulário pobre, permeado por sentenças curtas ou imaturas ou então longas e vagas. 

Apesar de ser o distúrbio de maior incidência nas salas de aula, um estudo realizado pela Associação Britânica de Dislexia constatou que cerca de 70% dos profissionais possui bem pouco conhecimento a respeito. Em muitas vezes, os pais também não conseguem identificar a dificuldade e com isso não conseguem ajudar a criança. A dislexia não é resultado de uma má alfabetização ou letramento, também não tem qualquer relação sócio econômica. A dislexia tem base neurológica com uma incidência expressiva no fator genético herdado. É de suma importância e também é fundamental lembrar que nem todas as dificuldades de aprendizagem são da ordem da dislexia. Por isso, a realização de um diagnóstico precoce é necessária, seja ele de dislexia ou de qualquer outro distúrbio relacionado à aprendizagem.

Se o diagnóstico é realizado tardiamente, a criança pode ficar com a sua autoestima em baixa, e às vezes até ser excluída pelos amigos em determinados grupos. É muito importante que o professor possa participar juntamente, com o profissional que irá tratar a criança, pois dessa forma, ambos irão conseguir melhores resultados. Cabe à família um papel essencial para a plena formação da criança e, no caso da dislexia, os mesmos devem incentivar cada sucesso que a criança tiver norteado com muita paciência e ao mesmo tempo procurando uma maior informação sobre o assunto.