Do homem das Cavernas ao homem atual: o que permanece ou muda na comunicação?

Do homem das Cavernas ao homem atual: o que permanece ou muda na comunicação?


Com o aumento do uso das mídias sociais, podemos dizer que hoje temos mais opções e formas de nos comunicar. Mas é paradoxal pensar que, mesmo com tantas ferramentas, as pessoas tendem a ficar  isoladas e agressivas, não sabendo como utilizar as habilidades de comunicação com o outro.

Será que o desafio está na ferramenta a ser usada para se comunicar ou no ser humano que está por trás dela?

Os seres humanos da época das cavernas tinham o seu cérebro rudimentar. Por isso, comunicavam-se através de gestos, posturas, gritos e grunhidos, assim como os demais animais não dotados da capacidade de expressão mais refinada. Foi há 8000 A.C. que surgiram as primeiras formas escritas (desenhos) desses homens.

Com o passar do tempo, essas formas de comunicação foram evoluindo e se refinando. Mesmo assim, observo que de alguma forma alguns traços característicos desses homens ainda permanecem em nós.

O nosso cérebro reptiliano, conhecido como cérebro instintivo, tem características voltadas à sobrevivência e é responsável pelas sensações primárias como fome, sede, dor, medo, prazer, perigo, sexo, raiva e outras. Controla os reflexos, a respiração, o batimento cardíaco, a digestão e está ligado, essencialmente, aos instintos mais básicos de autopreservação.

A constituição do cérebro do homem das cavernas segue sendo a mesma no homem atual. Em situações de perigo, por exemplo, ainda reagimos de forma instintiva e, muitas vezes, não conseguimos dimensionar os riscos, a ponto de reagir de um modo parecido ao do homem das cavernas. Pode-se observar isso no comportamento de algumas pessoas na rua, brigando ou discutindo por conflitos no trânsito ou nas redes sociais.

O que falta para evoluirmos de verdade e deixemos de responder só aos estímulos e aos receptores que ainda nos conectam com esse homem das cavernas?

A primeira resposta possível é que não temos que seguir a “manada” e fazer o que todo o mundo faz. Questionar o modo de fazer as coisas é uma forma de viver mais consciente e fazer as próprias escolhas.

Muitos de nós reproduzimos o modelo de comunicação de nossos pais ou o tratamento que nos davam enquanto crianças. Outros escolhem o caminho oposto, assumindo um tipo de comportamento diferente daquele vivenciado na infância.  Em qualquer desses casos, a pessoa ainda não encontrou uma forma própria de se comunicar.

E como deixar de ser o homem ou a mulher das cavernas?

Deixar de ser o homem ou a mulher das cavernas é assumir uma forma própria de se comunicar e iniciar o caminho da empatia e da comunicação não-violenta.

A comunicação é um ato de evolução, que nos convida a crescer enquanto seres humanos sociais.

Evoluir na comunicação significa deixar de se julgar, autopunir, rejeitar, competir, distanciando-se do modo instintivo de sobrevivência.  

Nos meus atendimentos, recebo muitas pessoas que têm problemas de comunicação por serem autoritárias, reativas, mandonas. A minha primeira pergunta é: Na sua criação, houve alguma referência de pai ou mãe muito exigente com você? E a resposta é sempre a mesma: Sim!

O tratamento que recebemos na infância tem uma grande influência em nosso modo de nos relacionarmos conosco mesmos e com o mundo. Desenvolver a habilidade de empatia e de comunicação não-violenta pode ser uma via de acesso para escolher outras formas de se relacionar, mais próximas da essência de cada um.

Aprender a se comunicar de forma mais saudável conosco mesmos é o primeiro passo. Para isso, temos que nos desidentificar do julgador interno, iniciar um processo de auto reconhecimento e desenvolvimento da nossa confiança. Também é fundamental fazermos a conexão com os nossos sonhos e termos atitudes de fortalecimento do amor próprio. 

Para ter mais conexão consigo mesmo e melhorar a comunicação com seu interior, sugiro fazer perguntas em silêncio, tais como:

O que estou pensando? O que estou sentindo? Como está o meu corpo? O que necessito?

Essas perguntas podem ser o “start” para iniciar uma comunicação autêntica com você mesmo. Ouvir sinceramente o que está acontecendo com você, suprir as suas necessidades ou saber o que você necessita e merece, terá, na hora de se comunicar com o outro, um impacto muito positivo. Você irá menos carregado de você e mais disposto a ouvir o que a outra pessoa tem a dizer.

Esta é uma estratégia inicial de evolução em relação à comunicação do homem das cavernas. Devemos começar a compreender que hoje precisamos evoluir para uma comunicação que nos deixe mais perto do humano que somos e daquele que temos na nossa frente. Agora, nosso grande objetivo é evoluir para viver de forma cooperativa e em paz.

Segue o meu site, onde pode encontrar mais textos, confere lá!





Juli Schneider

Transformação Cultural | Liderança & Produtividade | Estratégia Empresarial

5 a

Gostei muito, Ana!  Confesso que meu coração enche de alegria quando vejo o  movimento das pessoas em conhecer, aprofundar e estudar um pouco mais sobre a comunicação não-violenta. Arrisco-me a dizer que o grande poder de transformação está na educação das novas gerações.. Parabéns pelo texto.

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