Do que você abriu mão no último ano para se tornar quem você é hoje?
No final do ano passado subindo a escadaria do metrô Sé deparei-me com a instalação “O incerto lugar do desejo”. E chamou muito a minha atenção a seguinte frase escrita em um dos seus painéis: “Do que você abriu mão para se tornar quem você é”. Primeiro, porque é uma boa pergunta de Coaching, uma pergunta aberta, que dá espaço para o interlocutor responder o que quiser. E, em segundo lugar, porque é uma super pergunta de autoconhecimento e eu, como uma entusiasta deste tema não podia deixar de me sentir instigada.
E desde esse dia tive a vontade de escrever um pequeno texto com as minhas considerações sobre esta pergunta e que agora pronto quero compartilhar com vocês, para quem sabe, estimulá-los a refletir sobre esta mesma questão.
Só que aproveitando que ainda estamos no primeiro trimestre de 2020 eu fiz uma ligeira mudança na pergunta, que ficou assim: “Do que você abriu mão no último ano para se tornar quem você é hoje?”.
Embora esta pergunta, como já disse antes, seja aberta e comporte múltiplos olhares e diferentes perspectivas, como coach de Carreiras, vou restringir-me a avaliá-la apenas sob o aspecto profissional.
E do que esta frase trata na verdade? Na minha visão, ela fala de duas coisas interrelacionadas: escolhas e suas consequências.
Quando nós falamos em “abrir mão de algo ou alguém”, estamos falando na verdade de escolhas e que como toda escolha implica na renúncia a tantas outras opções. E para que possamos fazer a melhor escolha no momento, devemos, por um lado, ter clareza, ou ao menos ideia de quem somos, do que precisamos ou desejamos para nós, e, por outro lado, saber o que, de fato, nos importa, o que valorizamos.
Se não levarmos em conta, ao menos essas duas variáveis nas ocasiões importantes de nossas vidas, as nossas decisões certamente serão tomadas ao calor do momento, ou no piloto automático, ou a “la Zeca Pagodinho”, ou, ainda, levando em conta os nossos medos, os valores dos nossos pais, amigos e sociedade, entre outros.
Na outra ponta, a frase “Quem nos tornamos”, tem a ver com os resultados positivos ou negativos, ou, em determinadas situações, ambos, que alcançamos com as escolhas feitas.
Assim, os resultados serão mais ou menos benéficos dependendo do nível de consciência que vamos injetar em nossas escolhas, vale dizer, quanto mais conscientes de quem somos, do que gostamos e necessitamos para as nossas vidas, melhores serão os resultados que iremos atingir, já que nossas escolhas serão mais pensadas.
Feito este pequeno preâmbulo, peço que fechem os olhos, lembrem-se das decisões que tomaram ao longo do ano passado e respondam à pergunta título deste texto: “Do que vocês abriram mão em 2019 para se tornarem quem vocês são hoje?”.
Quantos de vocês ou de pessoas que conhecem decidiram permanecer no emprego atual porque mensalmente estão recebendo um salário que dá para pagar as contas e/ou pequenos prazeres seus e de sua família e não têm coragem ou mesmo ânimo em buscar um trabalho melhor, mais desafiador ou prazeroso?
E quantos odeiam as 2as., 3as., 4ª. feiras, etc. de manhã, quando se levantam para ir para a empresa ou escritório?
Ou ainda dão como justificativa o fato de que embora os seus empregos não sejam os melhores, comparando com aqueles que estão desempregados são maravilhosos. Afinal, o mercado está difícil e o país em crise.
Só que muitos não têm mais brilho nos olhos, fazem o seu trabalho no piloto automático e ficam ansiando pelo final de semana ou pelos 30 dias ou menos de férias...
Quais de vocês ou de seus conhecidos, deixam de empreender ou de procurar uma nova carreira ou trabalho, por não acreditar que conseguirão um lugar melhor, pois acreditam que não possuem as competências e conhecimentos que o mercado busca ou que é tarde demais para iniciar uma coisa nova. E dessa forma terminam permanecendo anos a fio em um lugar sem futuro, muitas vezes em ambientes tóxicos ou com chefes nocivos, só porque não enxergam alternativas por puro medo?
E mais, quem dentre vocês ou de seus amigos, perseguem o prestígio e o dinheiro, ainda que não sejam os seus valores centrais, porque o seu círculo de amizade, seus familiares ou mesmo vocês, acreditam que isso trará a almejada felicidade? Ainda que ela venha a custo muitas vezes, da sua família, da sua saúde física ou mental ou do seu tempo?
E há tantas outras situações que aqui não foram lembradas que vocês poderiam adicionar por experiência própria ou de amigos e parentes.
Quero deixar claro que aqui não vai qualquer crítica ou julgamento de minha parte, até porque eu mesma já vivenciei em diferentes momentos da minha vida todos estes exemplos que acabei de mencionar. E nem sempre eu considerei as consequências das minhas escolhas como algo negativo, pelo contrário...
Nada contra o seu desejo por estabilidade financeira, por ambição, por poder ou por segurança, se estes forem de fato os seus principais valores, aqueles que devem ou deveriam pautar as suas decisões.
Na verdade, o que peço é que daqui para frente, ao fazerem as suas principais escolhas vocês parem e se perguntem os motivos pelos quais estão optando por este caminho em lugar do outro e o que irão ganhar ao fazer esta opção. Ela reflete os seus valores, sonhos e necessidades? Qual será o custo dessa decisão? Ela tornará vocês pessoas mais felizes, satisfeitas e realizadas ou não?
E se nesse processo for necessário se conhecerem melhor, que iniciem já este trabalho, prestem mais atenção em vocês mesmos, se ouçam e se enxerguem. Procurem saber do que gostam e do que não gostam, o que faz vocês felizes, como reagem nos momentos de dificuldades e estresses, quais são os seus motivadores, propósitos de vida e valores fundamentais.
Difícil, talvez, mas penso que não pior ou mais doloroso do que fazer escolhas equivocadas...
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4 aBoa reflexão Ana!