Do rock n’ roll para o mundo corporativo, e vice-versa
Desde que comecei a fazer aulas de música para “me soltar”, tanto percebo correlações dessa experiência com situações vividas, como tiro insights para situações futuras na minha história profissional. Essa observação tem sido muito útil e prazerosa para mim!
Primeiro, para contextualizar, vou explicar a metodologia da escola: cada aluno faz sua aula individual, no instrumento que escolhe – baixo, guitarra, bateria, teclado, vocal... Além da aula individual, o aluno passa a integrar uma banda com outros alunos. Cada banda vai construindo seu repertório para apresentações que chamamos de Temporadas. Na Temporada, as bandas apresentam seus repertórios ensaiados ao longo de alguns meses e é aquela festa que todo mundo adora. Então, o ciclo recomeça.
Até hoje, participei de duas Temporadas e vou compartilhar aqui algumas dessas vivências, relacionadas a trabalho em equipe, que entendo que cabem perfeitamente para o mundo corporativo.
Preciso dizer que o trabalho em equipe foi o que me fisgou para as aulas de banda, de maneira instantânea e definitiva. Explico: na minha aula experimental, com toda generosidade dos outros membros da banda, eu escolhi a música “Na sua estante”, da Pitty, que eles nunca tinham tocado. O baixista também era iniciante, o baterista era um aluno All Star da escola, e o professor estava na guitarra. Ouvimos uma ou duas vezes a música e o professor foi orientando os acordes para cada um. Fizemos a introdução, depois fomos até o refrão e enfim, tocamos a música inteira. Todo esse processo em uma hora e meia de aula!... me encantei com aquilo – foi incrível.
Isso dito, chegamos ao primeiro ponto que quero destacar (não chega a ser uma lição ou alguma novidade): pela condução do líder, alcançamos o melhor resultado que podíamos alcançar, no tempo, recursos e nível de conhecimento que tínhamos. Para o mais experiente, deu orientações rápidas, mas suficientes. Para os menos experientes, explicava cada etapa, dava dicas verbais e utilizando movimentos com o corpo e com a guitarra para garantir a sincronia.
Tocar uma música na banda, tanto num ensaio como na frente de uma plateia, não é como uma reunião com o Sponsor (que de alguma forma você pode escolher o que vai falar ou o que vai responder só se te perguntarem). Na banda a música vai sair – tocando certo, tocando errado, cantando no tempo, ou fora dele, afinado ou desafinado – o resultado é aquele, e a experiência é compartilhada por quem está ouvindo (inclusive, e principalmente, para os próprios membros da banda).
Certamente, cada um sentiu a experiência de maneira diferente, mas a satisfação de todos era perceptível ao final da aula.
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Tive (na verdade ainda tenho, confesso) uma dificuldade de entrar no tempo certo da música. Às vezes todos os instrumentos começam juntos, inclusive com o vocal, naquela contagem clássica das baquetas. Outras vezes, é necessário contar sequências de acordes para então entrar. Cantando na banda, descobri rápido o valor daquelas reticências que antecedem o início da letra no karaokê, mas que não temos na prática de banda!
Muitas vezes, o que acontecia na prática: a introdução era de duas, quatro ou oito sequências e euzinha não entrava... consequência numa banda de iniciantes (porque nas aulas seguintes chegaram duas guitarristas novas e um baterista no nosso estágio de aprendizado), todo mundo se perde. Dica do professor: a hora que o vocal entrar, recomeça a contagem e ficamos todos “na mesma página”. Apesar de quebrar a quadratura da música, no caso de uma apresentação, na maioria das vezes, a maioria da plateia, não vai perceber isso como um erro.
Então, um professor me contou uma história, de onde vou tirar meu segundo destaque. Contou que tinha três irmãos instrumentistas que eram seus alunos na mesma banda, que se completava com uma aluna no vocal. Por questões culturais relacionadas à sua etnia e formação, eles eram extremamente disciplinados – seguiam à risca o mapa da música. Numa aula, a vocalista não entrou no tempo certo. Porém, os meninos seguiram tocando o mapa da música correto – não “seguraram a introdução”, como foi a dica do professor. Consequência, ficou horrível... tipo torre de Babel. O professor tentou reforçar a dica, mas os meninos estavam muito convictos de que eles estavam certos de seguir o mapa da música e essa era a única opção para eles. Que se a vocalista tinha errado a entrada, eles não tinham nada a ver com isso. Já rimos algumas vezes no ensaio com essa situação... “Se vira, vocalista” meu professor brinca.
Sem muito esforço, conseguiria lembrar de mais de um projeto em que uma pessoa ou equipe simplesmente ‘esqueceu’ o que era a entrega do projeto e ficou naquela posição de “minha parte eu fiz!”.
Pode até gerar boas controvérsias esse ponto: qual é a melhor postura? Na minha opinião, vai depender da cultura da organização, tamanho do projeto, modelo de gestão. Mas eu, particularmente, acredito que seguir a dica do professor é resiliência pura. Seguir o mapa da música é se robotizar – fazer exatamente o que foi programado para, mesmo se der bug no resultado. Também podemos dizer que é um risco inerente, que se mitiga com ensaio, mas que segurar a introdução é ter um plano de contingência que faz toda diferença para a entrega final.
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Tendo tido a experiência de duas Temporadas, tem uma evolução nas bandas que participo que tenho muita clareza: a cumplicidade. Compartilhar essa uma hora e meia semanal, numa experiência tão prazerosa, trouxe essa cumplicidade. E o efeito colateral dessa cumplicidade pode se sentir na música.
Tem aspectos bem objetivos nessa cumplicidade, que reúno como terceiro destaque: estamos mais treinados, nos familiarizamos mais com cada instrumento e com os instrumentos uns dos outros – o que permite que ao invés de focar exclusivamente no nosso ‘trabalho’, consigamos nos conectar melhor, porque nos ouvimos melhor; nos conhecemos melhor; temos nossos códigos de comunicação (aqueles mesmo, de se olhar e saber que vem o refrão ou o solo está para acabar, ou cair na gargalhada ou às vezes até perceber que aquele não é um bom dia e deixar que a música faça um dos seus melhores papeis que é o de acalentar o coração); ‘negociamos’ o repertório entre clássicos, punk rock, heavy metal, grunge, indie... e depois que escolhemos, escolhemos – vira a música da banda e vamos trabalhar nela, todos juntos.
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Além da Temporada, formamos uma banda somente por mães que são alunas da School of Rock de São Caetano de Sul, que ensaiou para uma apresentação especial na véspera do Dia das Mães, na JAM realizada pela escola. (foto)
Foi uma experiência intensa... tínhamos poucas semanas para ensaiar, conciliando a agenda de um professor super requisitado e sete mulheres (com toda lista de papeis que essa palavra carrega). Cada uma entregou seu melhor para superar cada desafio – professores e alunas. Nunca falamos abertamente sobre as motivações íntimas de cada uma para se dedicar a esse projeto (nem deu tempo, na verdade), mas o resultado foi incrível. O que tínhamos em comum, era um propósito e esse é o último destaque que trago hoje.
Tudo faz muito mais sentido quando o propósito individual tem reciprocidade com o propósito de equipe, seja qual for a equipe que façamos parte.
Créditos:
Professores Felipe Bianchi, Jonathan Silva, Allan Nosch, Allan Calvo e Leandro Calfat).
Banda: Andressa, no baixo; Daniela Cervellatti, na guitarra; Daniela Nardi, no violão e back vocal; Fabíola, no teclado e back vocal; Sandra, na bateria; Vivian, nos vocais
#trabalhoemequipe
#rocknroll
#andragogia
#compliance
Advogada| Gerenciamento de Departamento Jurídico Empresarial e Terceiro Setor| ESG |Atuação em Conselho de Políticas Públicas | Assessoramento de Conselhos de ONGs
2 aSensacional!! Agora quero ir no show 🎶🙌🏻🙌🏻
Advogada:| Direito Tributário, Contratual, Cível, Administrativo e Empresarial | Profissional Certificada em LGPD/DPO
2 aObrigada por compartilhar essa sua bela experiência! Quando a mente se abre com experiências de que a gente não esperava tanto, nos tornamos novas pessoas, muito melhores para nós próprios e com os próximos!
Líder de Unidade de Negócios | Marketing | Líder área Excelência Comercial
2 aVivian, amei seu texto!! Foi uma experiência incrível.
Analista de RH | Analista Departamento Pessoal | Recursos Humanos | Departamento Pessoal | HR
2 aAdorei,Vivian. Dá- lhe Rock ! Parabéns ! 👏🤟
CFO | Diretor Financeiro | Controller
2 aMuito bom!!!!