E agora?

E agora? Agora que conseguiste cimentar a tua experiência profissional, alcançaste um patamar de responsabilidade na organização e podes influenciar a estratégia e o caminho da tua equipa, ou da tua empresa, o que deves fazer?

APROVEITA!

Aproveita a oportunidade. Implementa as tuas ideias e deixa a tua marca. Usa o tempo como o bem mais escasso que tens ao teu dispor. Colabora e lidera diariamente as pessoas com quem trabalhas. Encaminha-as no sentido que vislumbras como mais correto e com a celeridade de quem sabe que o momento é este e que pode não haver outro.

Há uma tendência normal para pensarmos que o envelhecimento só acontece aos outros, que nós somos diferentes! Infelizmente, a realidade vai, mais cedo ou mais tarde, dar razão às evidências que a natureza nos presenteia diária e continuamente. Todos envelhecemos!

Com o envelhecimento, algumas das nossas capacidades ficam diminuídas e, embora o conhecimento e a experiência acumulada possam ser ferramentas para combater o desgaste natural resultante da idade, as sociedades, em especial o mercado laboral em setores económicos de forte evolução tecnológica, social e empresarial, empurram os mais experientes para papeis de menoridade dentro das organizações.

Os novos projetos, mesmo que baseados em plataformas, tecnologias e modelos de negócio diferentes e disruptivos face ao passado, muito ganhariam em incorporar a experiência dos colaboradores mais seniores, aproveitando o seu conhecimento na antecipação e mitigação de riscos e na definição de caminhos alternativos de resposta às dificuldades que sempre surgem. Quanto valor poderá estar a ser desperdiçado pelo não envolvimento deste manancial de experiência e conhecimento que os seniores oferecem!

A experiência acumulada de profissionais com percursos operacionais, e ou de gestão, desenvolvidos nos últimos 30 a 40 anos, pessoas que se encontram agora no patamar dos 50 a 60 anos de idade, pode ser de enorme utilidade para a orientação das empresas nas respostas às armadilhas que se colocam em tempos de forte instabilidade.

Incluindo-me nessa faixa de senioridade, não me conformo de ver excelentes profissionais que estão subaproveitados ou mesmo sem atribuição a qualquer tipo de função ou trabalho. Felizmente, tenho tido oportunidade de colaborar e partilhar com jovens empreendedores e com vários tipos de instituições as competências que posso oferecer. Tem sido gratificante para mim e, desejo que, benéfico para ambas as partes.

Reconheço que as minhas capacidades cognitivas estão diminuídas. Sei que já não tenho estofo para jornadas contínuas de vários dias de trabalho sem descanso. Sei que já não acompanho, com o mesmo entusiasmo da juventude, todas as novidades empresariais, e, no entanto, considero-me apto e sei que acrescento valor, especialmente na implementação de projetos complexos, a gerir stakeholders nos seus vários níveis de responsabilidade, a criar espírito de equipa e a entregar produtos finais com a qualidade devida.

A experiência, e a vontade, desta geração em continuar produtiva deveria ser incentivada e os seus conhecimentos valorizados e bem utilizados. Os novos gestores só terão a ganhar se capitalizarem no know-how acumulado por estes profissionais, alavancando nas suas competências a partir dai.

É necessário aproveitar a capacidade de entrega e o conhecimento acumulado desta geração, valorizando e enaltecendo as suas competências que levaram a humanidade a um estágio tecnológico, social, de conhecimento e de riqueza, impensáveis, e em apenas algumas décadas!