A ECONOMIA BRASILEIRA E A JABUTICABA POLÍTICA

O nosso sistema político é mais uma de nossas jabuticabas. É um presidencialismo de coalizão. Se acabar a coalizão, acaba a base de governabilidade. O Lula e o PT tiveram a faca e o queijo na mão para mudar esse estado de coisas, mas eles preferiram surfar na popularidade histórica (em boa parte conquistada pelo rápido crescimento da economia mundial) e estavam muito ocupados saqueando o Estado e as empresas estatais. As empresas estatais, juntamente com os dois bancos estatais (BB e Caixa), serviram como fonte de corrupção e enriquecimento ilícito para os governantes de plantão e os seus “sócios”, como havia ocorrido com os famigerados bancos estaduais. Além disso, nos governos Dilma I e II, o presidente de fato era o Lula e a Dilma fazia o papel de primeira ministra. Alçada à condição de Presidente da República, sem nunca ter exercido ao menos um cargo eletivo de vereador, ela revelou ser voluntariosa, mas teimosa, sem o menor tino político e muito PeTrapalhona. Esse foi o maior erro do Lula, depois que falharam os seus planos de fazer de José Dirceu e, depois, de Antônio Palocci os seus herdeiros. Os dois foram pegos em negócios escusos e criminosos. Tonto com tanto sucesso, o Lula se transformou no Narciso. O seu passo em falso começou o pré-sal, a eleição da Dilma, a Copa do Mundo e as Olimpíadas, Pensadas para mostrar ao mundo a emergência econômica e política do Brasil, a Copa do Mundo e as Olimpíadas vêm revelando as tripas do país e as mazelas do PT e de sua principal liderança. Semi impedida (somos mesmo uma sociedade muito criativa), a Presidente não terá mais o que fazer na vida do que conspirar contra o seu sucessor e vice. Aliás, o vice e o seu partido são mestres neste sistema de presidencialismo de coalizão. Se eu não me engano, nunca estiveram fora do governo desde a era Sarney. Temer terá a árdua missão de governar o país tendo que se defender do processo no TSE e que carregar a herança dos seus correligionários mais popularidades no momento, os presidentes do Senado e da Câmara. Ele será capaz de fazer, com vento contra, o que o Lula teve nas mãos para fazer, com ventos a favor, e não fez? Para a economia, 2016 é um ano que se arrasta e está comprometido. Em breve estarão convivendo, simultaneamente, e nessa ordem, o processo do impeachment no Senado, as Olimpíadas, as eleições municipais, além da onipresente operação Lava Jato, É emoção que não acaba mais. O pior é que 2017 e 2018 devem ser anos de preparação para as eleições presidenciais, uma eleição que deverá ser muito acirrada, pautada pelos rancores e ressentimentos e dura. Eu acho difícil que nesse ambiente de tanta incerteza e efervescência haja algum crescimento econômico. Além disso, o desemprego deverá crescer e se manter elevado. Se 2015 foi o ano do desemprego, 2016 deverá ser o ano das falências empresariais. O governo (e, em alguma medida, as demais forças políticas) tem muita dificuldade de aceitar que o Brasil vive a sua pior crise econômica desde a Grande Depressão da década de 1930 e que já está em depressão. Ele aposta na retomada do crescimento já, porém é pouco provável que a economia volte a crescer antes de 2020. Se houver algum crescimento ele tenderá a ser um voo de galinha. O resto do mundo também não deverá ser de muita ajuda. Depois de alguma melhora tímida, a economia mundial namora uma nova crise. A dúvida é se ela será espetacular ou arrastada. Um problema se enfrenta de frente, reconhecendo-o. No entanto, ele não deve ser resolvido criando-se outro. Neste caso, o aumento da concentração da riqueza, o que ocorre sempre que a economia mingua. Para crescer de forma sustentável, nós precisamos de reformas estruturantes e a primeira, e a mais improvável de acontecer, é a da jabuticaba política.

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