Economia sustentável: como construir um negócio verde
Segundo o ranking Green Growth Index de 2021, o Brasil é o quarto país das Américas na lista de cumprimento de Metas de Desenvolvimento Sustentável na Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas), o Acordo de Paris e Metas de Biodiversidade de Aichi.
Desenvolvido pelo Global Green Growth Institute, o rankeamento pesa a performance dos países de acordo com suas metas sustentáveis. A posição do Brasil na lista pode parecer otimista, ainda mais quando olhamos para as nações mais bem colocadas como México(1º), EUA (2º) e Canadá (3º). Entretanto, é preciso olhar para os indicadores que nos puxam para baixo na classificação.
Dentre os pontos de falha do mercado brasileiro, as oportunidades de economia verde são as que mais prejudicam o avanço do nosso país quando a pauta é desenvolvimento sustentável. Logo, construir negócios alinhados com as agendas ESG é um pilar que ainda está em falta por aqui.
De acordo com o estudo “Uma Nova Economia para uma Nova Era: elementos para a construção de uma economia mais eficiente e resiliente para o Brasil” , realizado em 2020 pela WRI Brasil — instituto de pesquisa que faz parte da WRI Global (World Resources Institute) — presente em 60 países, aponta como investimentos para uma economia de baixo carbono podem impulsionar o crescimento da nação na próxima década.
O levantamento revela que o Brasil tem potencial para gerar até 2 milhões de empregos e injetar em sua economia valores equivalentes ao PIB de países como Bélgica e Argentina até 2030. Trocando em miúdos, o montante de R$ 2,8 trilhões poderá ser gerado, caso políticas existentes sejam efetivamente implementadas e o capital natural seja devidamente aproveitado.
A pesquisa da WRI Brasil destaca que iniciativas de redução de desigualdade e contribuição de metas ambientais podem estimular o crescimento econômico, além de dar musculatura para o país suportar possíveis crises futuras. O cenário pode parecer promissor, mas existem barreiras que ainda nos impedem de alcançar resultados tão satisfatórios, como a falta de políticas de governança ambiental.
Temos observado um crescimento exponencial de negócios considerados verdes, com o nascimento de ESGTechs atuantes nas mais variadas frentes.
A consultoria McKinsey & Company trouxe alguns insights sobre como construir um negócio verde na série Learn to Leap, que nos ajudam a entender como as empresas estão pavimentando seus caminhos em economias sustentáveis.
Primeiramente, é preciso destacar que um negócio verde é definido como uma alternativa ao modelo econômico tradicional. O propósito deve estar alinhado com alguns preceitos básicos de ESG, como a redução da desigualdade, impacto positivo na sociedade, uso consciente de recursos e preservação do meio ambiente.
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Faz parte do planejamento levar a sustentabilidade como base da ideia, trazendo o conceito em três pontas principais:
Erez Galonska, CEO da Infarm, salienta que desenvolver um propósito forte é vital para construir um negócio de bases sólidas. Atualmente, a empresa conta com 900 funcionários e presença em 10 países, mas seu fundador explica que o êxito da companhia produtora de alimentos começou sua busca pela autossuficiência, o que o levou a realizar trabalhos manuais em fazendas e cultivos. Em seguida, seus primeiros clientes vieram de workshops de educação sobre agricultura urbana – o que gerou uma rede de impacto para a organização.
A história da Infarm nos aponta um propósito claro de Galonska em mudar a forma como as pessoas se alimentam. A missão junto a um modelo de negócio inovador fez da empresa produtora de alimentos para 50% dos maiores varejistas do mundo.
Ainda no setor de alimentação, empreendedores da indústria de proteínas alternativas — Eshchar Ben-Shitrit, da Redefine Meat, Andre Menezes, da TiNDLE, e Max Rye, da TurtleTree — explicaram a importância de seus produtos para a descarbonização da cadeia, visto que o consumo de carne é um dos grandes algozes das mudanças climáticas, com a agricultura celular podendo reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 96%, nas palavras de Rye.
O mercado de proteínas alternativas é recente e está em fase de consolidação, mas empresas como a TurtleTree seguem buscando maneiras de reduzir suas pegadas de carbono, como a participação no programa Carbon Pricing Leadership Coalition Singapore, onde a companhia compartilhará suas iniciativas em prol de uma economia verde. A escalada de marcas como as citadas acima abrem espaço para a expansão de um novo setor que tem todos os elementos para ganhar ainda mais escala nos próximos anos.
No quesito investimento, a Giant Ventures apoia projetos que se esforçam para causar um impacto positivo no planeta, mas que tenham potencial de retorno, como startups de tecnologia. Já a Calm — app de meditação — busca promover saúde mental aos usuários. Apesar de atuarem em segmentos completamente distintos, ambas as empresas contribuem positivamente com a sociedade, seja direta ou indiretamente.
Os cases acima corroboram com os pilares básicos de negócios verdes, ainda que muitos coeficientes precisem ser considerados na equação. Lançar e escalar uma nova ideia no mercado é desafiador em qualquer época, segmento ou país, mas fazer isso sem uma agenda ESG bem definida, eu diria que é suicídio corporativo.
No site da McKinsey, é possível acompanhar mais casos e insights de empreendedores que comprometidos em impactar positivamente a economia mundial.
Analista Ambiental | Analista de Sustentabilidade | Analista de Informações Pleno
2 aArtigo muito bom! 👏🏼