A educação familiar
A educação familiar tem como fundamento o amor e a confiança que os filhos sentem pelos pais. Ao respeitar os traços pessoais da criança, essa educação personalizada deve ser integral e alcançar não só a inteligência, mas também a vontade e os sentimentos. Por isso, a formação proporcionada pela família exige dos pais mentalidade profissional para buscar novos conhecimentos sobre o comportamento da criança, fugindo, assim, das improvisações ou da crença de que é suficiente o mero sentido comum.
A educação proporcionada pela família desenvolve em cada filho atitudes positivas e permanentes, que o fazem alçar voo não de tico-tico sobre telhados, mas de águia até os píncaros das montanhas, de onde pode divisar lonjuras. Isso porque esse tipo de educação não se cinge apenas à escolar, com vista à atuação profissional, mas é para todos os âmbitos e etapas da vida.
Ofertada por meio da comunicação clara, dialógica, criativa e paciente, a educação familiar penetra pelos ouvidos e se aloja permanentemente no coração e na inteligência, tornando os filhos profundamente agradecidos aos pais ao se verem munidos de valores que os nortearão vida afora. Pobre herança deixam os pais se esta for apenas a de bens materiais, que muitas vezes dividem os filhos.
A educação que os pais devem ofertar exige deles mentalidade profissional, que foge das improvisações ou da mera confiança no sentido comum, que já não respondem aos desafios atuais da educação do comportamento da criança. A busca de conhecimento contínuo em livros, cursos de orientação familiar e visitas a sites especializados, é o maior investimento que os pais devem fazer, e base sólida para a tarefa mais importante e apaixonante que podem abraçar: preparar os filhos para a vida.
As prioridades dessa educação levam em conta as circunstâncias e meio em que vive a família. Os pais precisam conversar sobre os aspectos mais relevantes para a melhora de cada filho, a fim de harmonizar a ação, e sem que um desautorize o outro e abra espaço à desobediência ou à possibilidade de serem manipulados pelo filho. Conhecer a opinião de pessoas criteriosas é prudente e aconselhável, mas a decisão sempre será do casal.
Não basta a presença física dos pais para educar. Se não estudarem e conversarem entre si para compreender o traço do temperamento ou do caráter que deve ser corrigido no filho, e estabelecerem um plano de ação para suprir a deficiência da criança, estarão construindo, com tal comodidade, uma bomba relógio que explodirá em breve tempo e que tirará a paz da família.
Outro diálogo importante é o dos pais com cada filho, pois é o modo de fazer crescer a amizade mútua. Em virtude do impulso natural que todos temos de procurar o melhor amigo para confidenciar nossas dúvidas e incertezas, se os pais não forem os melhores confidentes dos filhos -e para isso é preciso ser amigo!-, eles irão se aconselhar com colegas por vezes mal orientados em sua formação como pessoas. Por isso, a maior conquista de uma mãe é ouvir da filha que sua melhor amiga é ela, e do filho que seu melhor amigo é o pai.
Ao não ser periférica, mas profunda, a educação familiar deve estimular o fortalecimento da vontade dos filhos, ao exigir deles, por exemplo, o cumprimento dos encargos familiares, a fim de que possam ir vencendo a preguiça e o comodismo. Isso é importante porque, se a vontade de um filho é fraca, ele não se sentirá movido a melhorar e se orientará apenas pelos impulsos dos sentimentos, que são volúveis e inconstantes.
Texto produzido por Ari Esteves, com base no livro “La realización personal en el ámbito familiar”, de Gerardo Castilho, Ediciones Universidad de Navarra, 2009, Espanha.
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