A EDUCAÇÃO FINANCEIRA TRANSFORMA VIDAS
Dados do SERASA, com base na apuração até o mês de agosto, aponta que 67,9 milhões de famílias brasileiras (31% da população) registraram algum tipo de atraso no pagamento de suas contas pessoais em 2022. O número, além de recorde, surpreendeu o mercado, que viu os resultados das empresas no 3T, sobretudo os Bancos e o segmento do Varejo, derreterem pela ineficiência operacional de seus negócios.
Se o cenário é preocupante e desolador, poderia ter sido pior ainda. Com o aumento de 22% no número de renegociações de dívidas realizadas no mesmo período, o mercado conseguiu “frear” o aumento desse índice, repactuando os contratos já existentes, porém com pouca possibilidade de mudança no curto prazo, uma vez que as perspectivas de inflação, a queda na capacidade do poder de compra do brasileiro e o ainda indefinido reajuste do salário mínimo pelo novo governo, colocam as expectativas de um 2023 ainda dificultoso.
Com vasta experiência no mercado, nosso CEO, Octavio de Lazari Jr., projetou, após a “tempestade perfeita” enfrentada pelo Banco no terceiro trimestre, ocasionado pelo forte crescimento de nossa PDD (provisão orçamentário que os Bancos fazem para cobrar calotes de clientes), o final de 2022 e os primeiros seis meses de 2023 ainda teremos dificuldades. Essa análise não é pessoal e, sim, escorada nos movimentos da economia ao longo dos próximos meses. Ainda há um cenário de preços altos, sobretudo o do combustível, que impacta toda a cadeia produtiva até o preço final destinado ao consumidor.
Infelizmente, não teremos uma grande mágica. Em 2023, mais que distribuir renda e controlar a inflação, será necessário um esforço concentrado no combate àquilo que chamarei de “desinformação financeira”. Isso mesmo. Quando falta o conhecimento exato sobre o poder da educação financeira em nossas vidas, lidar com o dinheiro torna-se uma atividade desafiadora. E de antemão já vaticino: o dinheiro não aceita desaforo. Não dominá-lo, com conhecimento e humildade, é um caminho comprobatório para o que estamos enfrentando neste momento.
O beabá é simples: precisamos avançar com a difusão do ensino da educação financeira para nossas crianças, jovens, adultos e até os idosos. O velho mantra, ensinado por uma nova geração de influencers digitais, onde devemos gastar menos do que ganhamos também é um caminho, porém o desafio é muito maior que um vídeo no Tik Tok. É preciso transformar a educação financeira em disciplina escolar e obrigatória e não apenas um “puxadinho” das aulas de matemática, como vem sendo proposto. É preciso ensinarmos nossa população não apenas a poupar o que sobra do salário, mas como podemos lidar com as emoções provocadas pelo dinheiro.
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Aqui no Bradesco, esse compromisso já é realidade. Além da difusão sobre o uso do crédito consciente, nosso trabalho tem ido muito além. Em parceria com a ONG Gerando Falcões, passamos a auxiliar e ensinar comunidades, historicamente excluídas, a não só lidar com o dinheiro, mas provocar na população os benefícios geracionais que esse conhecimento pode nos trazer. Ainda é um trabalho desafiador, andando a passos largos, porém, certamente, posso afirmar que é o que realmente pode ser feito, pois a conclusão que chego é que a educação financeira é transformadora de vidas.
Gratidão!!!
Bruno Aranha
Gerente Regional de Reestruturação de Créditos