Educação integral: o que é e qual sua importância
A BNCC traz um compromisso com a educação integral em seu texto. Entenda o que ela significa
O conceito de educação integral está cada vez mais presente nas discussões sobre aprendizagem.
A própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que regulamenta as aprendizagens essenciais que todos os estudantes do país devem desenvolver na Educação Básica, diz em seu texto que ela traz um compromisso com a educação integral.
Mas o que significa esse termo? E por que ele tem ganhado mais importância? Vamos responder a essas questões.
O que é educação integral
Na visão do Centro de Referências em Educação Integral, a educação integral “busca garantir o desenvolvimento humano em todas as suas dimensões: intelectual, física, afetiva, social e cultural”. Para que isso seja viabilizado, prossegue a instituição, ela pressupõe “a construção permanente de um projeto educativo compartilhado por gestores, professores, estudantes, famílias e comunidades locais”.
O termo já existia no início do século XX. A história educacional brasileira registra as primeiras referências a ele na década de 1930. As ideias foram inclusive incorporadas ao Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932. Na visão do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), naquele momento, educação integral era um termo usado numa perspectiva humanizadora, um caminho para a emancipação dos indivíduos.
Mas o conceito foi trazido aos tempos atuais. Ele começou a ser consolidado pouco a pouco, especialmente a partir da década de 1990.
Com isso, chegou-se à explicação do Centro de Referências em Educação Integral. Para a instituição, a “educação integral é uma proposta contemporânea porque, alinhada às demandas do século XXI, tem como foco a formação de sujeitos críticos, autônomos e responsáveis consigo mesmos e com o mundo”.
E, como formação integral, sua proposta pedagógica tem de superar uma ideia, que por muito tempo foi adotada, de fragmentar o conhecimento, dividindo-o em áreas que parecem não se conectar. O conhecimento precisa ser adquirido de forma integrada, possibilitando um desenvolvimento pleno dos indivíduos aprendentes. E, para isso, é necessário observar suas diferentes dimensões. Não só a cognitiva e intelectual, como também a física, a afetiva e a ética.
Por que a educação integral é importante
Em 2019, o IBGE apontava que a taxa de escolarização na faixa dos 6 aos 14 anos alcançava 99,7%, considerado um percentual próximo à universalização. Mas esse acesso à escola não se traduziu em qualidade.
Isso é demonstrado pelo desempenho dos estudantes brasileiros em avaliações internacionais, como o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês). A edição de 2018 apontou baixa proficiência no Brasil em Leitura, Matemática e Ciências, na comparação com outros 78 países que participaram da avaliação. Segundo o MEC, 68,1% dos estudantes brasileiros, com 15 anos de idade, não possuem nível básico de Matemática, 55% em Ciências e 50% em Leitura.
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Na busca por melhoria na qualidade, o MEC começou a implementar em 2007 o programa Mais Educação. Ele previa a ampliação da jornada escolar nas escolas públicas para no mínimo 7 horas diárias. Esse aumento na carga horária se daria por atividades eletivas, nas seguintes áreas: acompanhamento pedagógico; educação ambiental; esporte e lazer; direitos humanos em educação; cultura e artes; cultura digital; promoção da saúde; comunicação e uso de mídias; investigação no campo das ciências da natureza e educação econômica.
A educação integral aparece nesse contexto de melhoria da qualidade como proposta de chegar a uma formação multidisciplinar e mais completa. “A definição de um paradigma contemporâneo de educação integral entende que o território da educação escolar pode expandir-se para além dos muros da escola, alcançando seu entorno e a cidade em suas múltiplas possibilidades educativas”, diz o site do programa.
Como a educação integral aparece na BNCC
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) revela em sua introdução que faz um compromisso, “de maneira explícita”, com a educação integral. Dessa forma, o texto afirma que “a Educação Básica deve visar à formação e ao desenvolvimento humano global”. Para isso, prossegue, é necessário compreender “a complexidade e a não linearidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas que privilegiam ou a dimensão intelectual (cognitiva) ou a dimensão afetiva”.
Mas o que a BNCC chama de “educação integral”? O texto traz o conceito com o qual está comprometida. Ele se refere “à construção intencional de processos educativos que promovam aprendizagens sintonizadas com as necessidades, as possibilidades e os interesses dos estudantes e, também, com os desafios da sociedade contemporânea”.
A Base traz em seu texto 10 competências gerais que devem ser desenvolvidas pelos estudantes ao longo da Educação Básica. E, ao comentá-las, Débora Hack, gerente da BEĨ Educação afirma: “a partir da definição das 10 competências gerais da BNCC, a educação no Brasil passa a ter a concepção de educação integral”.
De acordo com a especialista, o conceito abordado é o de uma educação que contempla as diversas dimensões do desenvolvimento humano. Ela as enumera: “cognitivo, social, afetivo, psicomotor e cultural”.
Educação integral e educação em tempo integral são a mesma coisa?
Embora não sejam sinônimos, a educação integral precisa de uma expansão da carga horária, que é a educação em tempo integral.
Em entrevista ao canal Futura, Patrícia Guedes, da Fundação Itaú Social, disse que estudos e experiências dentro e fora do Brasil mostram que a educação integral, para apresentar resultados, se apoia no seguinte tripé:
Para alcançar uma aprendizagem mais efetiva, visando a educação integral como foi descrita neste texto, as metodologias ativas de ensino são uma importante ferramenta. Saiba mais sobre elas nesse texto.