Ele é um chato!

Ele é um chato!

Há alguns anos atrás a gerente de recursos humanos de uma empresa me disse:

"De tanta experiência em recrutamento e seleção eu consigo avaliar o candidato pelo andar"! Diante da minha surpresa, prosseguiu:                 "Se chegar arrastando os pés já sei que é preguiçoso"!

A experiência mostra seu lado ruim quando serve para simplificar as pessoas. Os preconceitos e a falta de empatia são os principais alimentos dos rótulos. Aquele que fala demais quer se exibir; o que reclama é um chato; o que não fala está se escondendo; quem não diz o que pensa está em cima do muro; quem diz o que pensa e discorda é um reivindicador, sempre do contra. A mulher que chora é frágil, difícil indicá-la para uma vaga de liderança; aquela que engravida é problema; a outra que tem filho pequeno, vai faltar bastante; a jovem bonita é confusão na certa; quem já passa dos 50 é complicado, mais de sessenta, vai começar a esquecer de tudo.

Os rótulos nos dão a falsa ideia de já conhecermos o outro ao ponto de poder julgá-lo. Ao colocar as pessoas em gavetas, previamente nomeadas, nós acreditamos ter controle sobre elas. Sempre com base em parâmetros internos. Essa é a ilusão que o rótulo nos traz. É demorado ser empático e exige paciência decifrar alguém, buscando a compreensão dos seus gestos, suas escolhas e dilemas. Fazer perguntas de interesse e escutar, ativamente, a resposta sem carimbar o outro é um exercício obrigatório para quem deseja prosperar como ser humano. Sem rótulos as pessoas têm mais oportunidade de crescimento e evolução.

Entretanto, quando são colocados desde criança, nos tornamos reféns de comportamentos que acabam nos convencendo e aprisionando. Ser rotulado de distraído, gênio ou chato é como uma armadura: não molda o corpo, mas é pesado para carregar. Tomar consciência de que é possível transformar esses rótulos é, no mínimo, libertador. Uma possibilidade de encontro com o que é autêntico em nós nos leva para um mundo novo, com potenciais e competências desconhecidas.

Gabriela Bassols

Arquiteta Hospitalar | Analista de Suporte à Gestão de Projetos de Infraestrutura no UNOPS

8 a

Observar sem julgar... Difícil de implementar, mas muito necessário!

Maikel Rosa

Identidade são feitas de histórias. Eu ajudo a contá-las.

8 a

uma verdade difícil de admitir, mas uma verdade

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