Empresas e desenvolvimento humano

A função de uma empresa é dar lucro. Certo! se uma empresa não dá lucro, fecha. Empresários devem se preocupar com isso. Mas quero trazer uma reflexão por aqui. Por muito tempo, pensar unicamente no lucro financeiro das empresas levou a decisões cujas consequências são o mundo que vivemos, impactos ambientais, sociais, crescimento econômico desigual... Proponho que enquanto busca os lucros as empresas também se dediquem ao desenvolvimento das pessoas. Isso é possível e vou começar com um exemplo concreto.

Eu me lembro de um caso que me marcou profundamente sobre o papel das empresas no desenvolvimento humano. Conheci uma pessoa que estagiou em uma empresa pelo tempo máximo permitido dentro do programa. Ela desenvolveu uma tal admiração pela empresa, pela forma como sentia que era valorizada, incluída e desenvolvida que se sentiu muito triste ao sair. Não fosse o cuidado aprimorado tanto com a recepção quanto com a condução dela de volta ao mercado, ela poderia ter tido grandes dificuldades internas em sua recolocação. Esse exemplo ilustra perfeitamente minha tese de como uma empresa pode impactar positivamente a vida de seus colaboradores, sem deixar de ter lucro, indo muito além das métricas quantitativas.

Penso que o tema do desenvolvimento humano tem várias camadas dentro de uma empresa. O amadurecimento da percepção dessa importância vai ampliando as ações e envolvendo outros públicos nas estratégias adotadas para promover desenvolvimento humano e lucro, paralelamente.

Primeira camada: as pessoas que fazem empresa

Primeiro, vamos falar sobre os colaboradores diretos. Olhar com atenção cada pessoa dentro da empresa permite enxergar tanto os potenciais que cada um pode oferecer quanto entender os problemas enfrentados através da atuação de cada um. Os problemas que as empresas enfrentam dificilmente não poderiam ser corrigidos por pessoas empenhadas em fazê-lo. O empenho exige conhecimento, criticidade, consciência decorrentes de um processo formativo.

O processo formativo desenhado pela empresa para as pessoas alia aspectos técnicos com as características pessoais tornando possível à pessoa compreender o papel que a empresa desempenha no ecossistema social e econômico em que ela se insere. Com uma compreensão bem alicerçada, as micro decisões de cada colaborador podem gerar melhores resultados.

Uma empresa que investe no desenvolvimento humano oferece treinamentos, programas de capacitação e oportunidades de crescimento. Isso não só melhora as habilidades e competências dos funcionários, mas também consolida valores e práticas coerentes com os princípios da empresa. Quando os colaboradores se sentem valorizados e veem que a empresa está investindo neles, a motivação e o engajamento aumentam significativamente. Isso resulta em um ambiente de trabalho mais produtivo e harmonioso, além de fomentar a inovação. Colaboradores bem treinados e motivados são mais propensos a propor soluções criativas e a utilizar tecnologias de forma eficiente e ética.

Segunda camada: as pessoas que se relacionam com empresa

Além dos colaboradores diretos, as empresas também têm um papel crucial no desenvolvimento dos colaboradores indiretos, como fornecedores e parceiros. Ao estabelecer relações de longo prazo baseadas em confiança e respeito, a empresa contribui para o crescimento e desenvolvimento dessas partes interessadas. Programas de capacitação e parcerias estratégicas podem ajudar fornecedores a melhorar seus processos e produtos, criando um ciclo virtuoso de desenvolvimento e inovação. Aqui, a ética no projeto e uso das soluções tecnológicas é fundamental para garantir que todos os envolvidos estejam alinhados com os valores da empresa e com práticas sustentáveis.

Os clientes também são impactados pelo compromisso da empresa com o desenvolvimento humano. Quando uma empresa investe em seus colaboradores e parceiros, a qualidade dos produtos e serviços oferecidos tende a melhorar. Clientes satisfeitos não só voltam a fazer negócios, mas também se tornam embaixadores da marca, recomendando-a a outros. Isso fortalece a reputação da empresa e cria uma base de clientes leais, que é essencial para o sucesso a longo prazo. Além disso, a transparência e a ética no uso de tecnologias e na inovação são aspectos que os clientes valorizam cada vez mais.

Terceira camada: as pessoas da comunidade

Por fim, a comunidade onde a empresa atua também se beneficia. Empresas que se comprometem com o desenvolvimento humano frequentemente investem em projetos sociais, educacionais e ambientais. Essas iniciativas não só melhoram a qualidade de vida na comunidade, mas também criam um ambiente mais favorável para os negócios. Quando a comunidade prospera, todos se beneficiam, incluindo a própria empresa. A ética no desenvolvimento e implementação de tecnologias nesses projetos é crucial para garantir que os benefícios sejam amplamente distribuídos e que não haja impactos negativos não intencionais.

Em resumo, uma empresa que se propõe a investir no desenvolvimento humano oferece contribuições cujos resultados vão muito além das métricas quantitativas. Ela cria novas capacidades, aprimora habilidades, consolida valores e práticas coerentes com seus princípios, resultando em maior reputação. O exemplo do estagiário que mencionei no início é uma prova viva de como o cuidado e o investimento no desenvolvimento humano podem fazer a diferença na vida das pessoas.

Portanto, o papel das empresas no desenvolvimento humano é multifacetado e impacta diretamente colaboradores diretos, indiretos, clientes e a comunidade. Ao adotar uma abordagem holística e comprometida, as empresas não só melhoram seus próprios resultados, mas também contribuem para um mundo mais justo e sustentável. E isso, no final das contas, é o que realmente importa. A inovação e o uso ético das tecnologias são pilares essenciais nesse processo, garantindo que o desenvolvimento humano seja sempre uma prioridade.

E então? Concorda? Comente o que você pensa sobre essa relação entre gerar lucro e desenvolver pessoas. Adoro ler os comentários.