A ENGENHARIA E A CULTURA DO MAIS FÁCIL

A ENGENHARIA E A CULTURA DO MAIS FÁCIL

Em momentos como esse, onde grandes tragédias da engenharia ocorrem, vemos a mídia e todos os brasileiros discutirem sobre quem seriam os culpados. Uns culpam o PT e o aparelhamento das empresas de capital misto, outros criticam o atual governo por deixar o meio ambiente nas mãos dos ruralistas, outros culpam a certificadora alemã pelo atestado de conformidade da barragem de Brumadinho, outros criam teorias da conspiração com a ação de grupos terroristas e assim vai.

O fato é que a nossa engenharia vem sendo dilapidada há anos. O problema não é falta de leis, não é falta de fiscais, nem da criação do "Ministério da Engenharia". É falta de visão dos chamados líderes que escolhem seus engenheiros pelo salário mais baixo, não pelo seu conhecimento técnico ou experiência. É também a cultura do esconder o problema e depois pagar "caixinha" ao órgão público fiscalizador para assim ficar livre do problema. É a lei do mais fácil. É "a lei do mais esperto". É a lei do lucro custe o que custar. É a lei da Engenharia que não precisa de engenheiros, mas sim de advogados e de um bom financeiro.

Pensamos muito a curto prazo, tanto que são frases bastante ouvidas no mercado: "Queremos resolver o problema agora. Depois a gente vê no que dá". "Todo mundo faz isso. Então, eu vou fazer também". "Isso é assim mesmo. Não tem jeito, não!". "Pra que mudar? Eu faço isso há mais de trinta anos e sempre deu certo!" "Este produto responde a todas as minhas necessidades, mas não sei não!"

Pergunto: será que isso é resolver realmente o problema? Ou é apenas adiá-lo?

É assim que se pretende diferenciar dos concorrentes? Acredito que isso é pensar como os demais e querer obter resultados diferentes. Ou seja, a conta não fecha!

Porém, não adianta inovar se o cliente tem medo do novo, ou não tem capacidade técnica para avaliar as reais vantagens da diferenciação. É preciso mudar essa cultura. É preciso arriscar mais. É preciso produzir mais com menos, porém sem cair na vala comum da simples redução de pessoal. É fazer mais e melhor a um custo menor, porém fazendo de maneira diferente.

Se o cliente não faz as contas dos ganhos e riscos e apenas contar com seus medos, fica difícil inovar. Inovações geralmente mudam a relação de custo entre material e mão-de-obra. É fundamental saber estimar os ganhos e perdas. Caso contrário, corre-se o risco de matar uma inovação revolucionária e ao mesmo tempo arriscar-se em algo desastroso por modismos de mercado. Para resolver tal equação é preciso corpo técnico capacitado para saber avaliar a veracidade das promessas inovadoras. E é isso que muitas vezes falta a muitas das grandes empresas brasileiras.

Será que continuaremos a ser o gigante deitado eternamente em berço esplêndido?

No auge da crise na Europa, quais eram os países dos quais praticamente não se ouvia falar sobre estar com problemas? Suíça, Países Baixos, Suécia, Reino Unido, Finlândia, Dinamarca e Alemanha, além de outros.

Coincidência ou não, estes países estavam entre os 10 países mais inovadores do mundo em 2017, segundo um ranking organizado pela Universidade de Cornell nos Estados Unidos. O Brasil com todo o seu tamanho ficou na 64ª colocação. Será mera coincidência estarmos com nossa engenharia na situação em que se encontra? Ou será que estamos na 64ª posição devido à nossa Engenharia? Logicamente há exceções, mas trato aqui da maioria.

Até a China, considerada pelos desavisados, como a meca dos produtos de baixa qualidade, entrou para o grupo dos 20 países mais inovadores do mundo. E vem melhorando no ranking a velocidade de trem bala.

Quer comprar barato? Então terá que vender barato. Quer aumentar seus lucros? Venda, e entregue, o que ninguém consegue copiar. Dessa forma, você escolhe seu lucro, mesmo vendendo barato.

E você? É um simples cortador de despesas ou consegue equilibrar economia com aumento de produtividade por meio de inovação?

Rodrigo Recife Moreira

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