Ensino a distância nunca esteve tão perto
Photo by Mikael Kristenson on Unsplash

Ensino a distância nunca esteve tão perto

Antigamente, dizia-se que um motorista, médico ou qualquer outro profissional tinha obtido o diploma por correspondência quando seu serviço era ruim. Era um jeito debochado (e talvez sem muito conhecimento de causa) de classificar como ineficaz a versão analógica e original do Ensino a Distância (EAD). O preconceito, porém, não atrapalhou o sucesso das escolas que enviavam conteúdos e recebiam provas de alunos via Correio. Desde que surgiram, por volta de 1900, até 1990, os inscritos e os cursos por correspondência cresceram sem parar -- até tudo migrar para a internet.

Agora online, o EAD continua em ascensão. De 2006 para 2016, o número de universitários nesse formato saltou de 4,2% para 18,6% do total, de acordo com o Censo de Educação Superior 2016, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Enquanto o número de ingressantes nos cursos presenciais de ensino superior caiu 3,7% de 2015 para 2016, no EAD, subiu mais de 20%. De acordo com o Censo de Ensino a Distância 2016/2017, realizado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), há 2,8 milhões de pessoas matriculadas em cursos livres.

Cursos técnicos, de graduação, pós, corporativos e MOOCs (Massive open online courses, em português, cursos online abertos e massivos) -- as opções de EAD são tão variadas quanto a nossa infindável necessidade de aprendizado. Atendem desde quem busca uma promoção -- e estuda um tema bem específico e bancado pela empresa -- até aqueles dispostos a aprender confeitaria ou eletrotécnica como uma possibilidade de empreendimento ou hobby. Os recursos tecnológicos são diversificados e acessíveis, bem ao estilo digital: plataformas com vídeoaulas, quizzes, chats e fórum de discussão podem ser acessados a qualquer hora e lugar. Uma mão na roda para quem tem a agenda lotada, estuda e trabalha, mora longe ou viaja muito.

A possibilidade de customizar o aprendizado -- seguindo o próprio ritmo e interesse, e não o de terceiros -- é outra grande vantagem. Quem nunca desistiu de um curso por que ele ia rápido ou devagar demais? Ou, então, porque os temas mais difíceis eram pouco explorados e saía-se da aula com mais dúvidas do que certezas? No EAD é possível ver e rever conteúdo tanto quanto se desejar. O custo do ensino a distância também é atraente -- abre oportunidades para quem jamais teria condições de pagar pelo modelo presencial. Além do curso em si custar menos, evita despesas extras com transporte, estacionamento e alimentação fora de casa.

Com tantas facilidades assim, será que funciona? Será que aprender requer sofrimento? É verdade que um curso sem professor, colegas e sala de aula não é nada de fácil. É algo novo e desconhecido em relação às características de uma escola física e convencional, onde nos sentimos em uma “segunda” família, com normas, expectativas e rotinas bem estabelecidas. O EAD exige muita disciplina, organização e auto-motivação do aluno. Ao lado de mais liberdade, ele ganha muito mais responsabilidades. Todas essas características, aliás, são uma vantagem competitiva para quem pretende vencer profissionalmente.

Dizem os especialistas que o esforço de estudar sozinho compensa: as notas de alunos do EAD muitas vezes são superiores aos do ensino presencial no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Justamente porque o digital permite um contato direto e ilimitado com a matéria, favorecendo que a assimilação dos conteúdos aconteça quando o aluno está realmente disponível para aprender. Nota 10, não?

Artigo originalmente publicado na coluna Sociedade.com no site de ÉPOCANegócios:


Fábio S.

Comunicação & Marketing & Tecnologia

6 a

Entre para ver ou adicionar um comentário

Outros artigos de Abel Reis

  • O Voluntariado como moeda social

    O Voluntariado como moeda social

    Historicamente, o voluntariado remonta à ideia de benemerência, isto é, ao ato de ajudar o outro para, de algum modo…

    8 comentários
  • Pa[re]pense

    Pa[re]pense

    Interessante observar o distanciamento conceitual de alguns dos grandes temas da gestão de negócios (ex.: Liderança…

    14 comentários
  • Pa[re]pense

    Pa[re]pense

    As práticas espirituais, com ou sem uma fé específica, são muito mais do que um conjunto de crenças e rituais. Elas são…

    3 comentários
  • Pa[re]pense

    Pa[re]pense

    Sejam bem-vindes à Edição 03 da revista Parepense onde abordamos o tema do Letramento e Economia 4.0.

    3 comentários
  • Pa[re]pense

    Pa[re]pense

    Seja bem-vindo à Edição 02 da revista Parepense. Neste número abordamos o tema do Antropocentrismo, modo dominante de…

    8 comentários
  • Filosofia.com agora é Parepense

    Filosofia.com agora é Parepense

    Minha coluna Filosofia.com em Epoca Negocios frutificou! Deu origem a um projeto maior e mais ousado, que acaba de ser…

    13 comentários
  • Você é uma pessoa autêntica?

    Você é uma pessoa autêntica?

    Ser único e verdadeiro, afinal, tornou-se sinônimo de ser especial e bem apreciado. Seja na vida pessoal, seja na vida…

    8 comentários
  • O tempo da vida e dos negócios

    O tempo da vida e dos negócios

    Planejar o passado é como que perguntar ao futuro qual caminho nos manterá dignos, sustentáveis e ainda competitivos. O…

    10 comentários
  • Viver e empreender como um estóico

    Viver e empreender como um estóico

    Ter ciência das limitações humanas serve de bússola para agirmos com sabedoria, coragem e razão. Convidado a dar uma…

    24 comentários
  • A invenção da fofoca

    A invenção da fofoca

    No ambiente corporativo, falar da vida alheia pode criar um clima de desconfiança, conflitos, atitudes defensivas e…

    10 comentários

Outras pessoas também visualizaram

Conferir tópicos