Entrevista a Filipa Ramalho

Entrevista a Filipa Ramalho

Publicado no meu espaço "Estremoz pelo Mundo" do Jornal E de Estremoz do dia 16/11/2018.

" Filipa Ramalho, 30 anos, divide o seu tempo entre o desporto, o yoga e a sua família. Considera que a sua forma de passar o tempo é a mesma há uma vida. “Gosto de estar em contacto com a natureza desde sempre, para mim a vida é vivida fora de casa. Gosto muito dos meus animais e de passar tempo com eles, de desporto e, claro, de yoga. Foi amor à primeira vista, gosto não só do tempo que passo a praticar, mas de ler e estudar sobre o assunto. Faço também questão de passar maior parte do tempo livre com a minha família”, conta.

Para a estremocense, ter nascido e crescido em Estremoz foi uma experiência maravilhosa. “Não podia ter tido mais sorte em ter crescido nesta cidade. A vida era simples, tínhamos liberdade, brincávamos na rua, tínhamos tempo!”, garante. Filipa recorda o tempo disponível para os amigos, a família e todas as atividades características de uma adolescente. Tempo que, na sua opinião, se tem quando não se perdem horas no trânsito, dentro de um carro ou agarrados à televisão. “Para ser perfeito só faltava mesmo ter praia. Por isso, agradeço muito aos meus pais por, entre muitas outras coisas, terem decidido ficar em Estremoz”, remata.

É na cidade que viu Filipa crescer que esta se sente inteira. “Costumo dizer que quando estou em Estremoz o meu coração bate mais devagar… e é verdade. Não sei explicar porquê, acho que é o ritmo que se faz sentir. Há tempo para tudo, os amigos estão ao virar da esquina, podemos ir a pé sem nos preocuparmos com horas no trânsito e sítio para estacionar. Tenho pena de não poder passar mais tempo aqui”, confessa.

Filipa considera que Estremoz a preparou especialmente para as coisas boas da vida e não tanto para as adversidades. Não poupa elogios a todas as escolas por onde passou e ao respetivo ensino, que acredita não ser pior por ser numa pequena cidade no Alentejo. Guarda com especial carinho as memórias do Externato de São Filipe, “pelos professores e todos os funcionários, que tinham realmente vocação para o que faziam, pelos valores e amigos, alguns deles para a vida!”. Acrescenta que, “apesar de haver muita disciplina, havia muito amor pelo ensino e pelos alunos, o que fazia toda a diferença. Acho que teve muita influência naquilo que sou hoje. Fiquei muito triste quando saí de lá há 20 anos atrás e o mais incrível é que ainda hoje vem aquela lagriminha ao canto do olho quando penso nisso”.

Hoje, licenciada em Desporto, Filipa gosta da área em que trabalha. “Fui personal trainer um tempo, mas não me identifiquei com a vivência em ginásios, portanto fui deixando gradualmente e comecei a trabalhar por conta própria. Gostava de poder transmitir um estilo de vida saudável às pessoas e fazer com que se sentissem melhor em vários aspetos. Tive e tenho muita sorte com os meus alunos, alguns tornaram-se, além de alunos, amigos, o que torna esta profissão ainda mais gratificante.”, explica. 

Mais tarde, surgiu o Yoga – do qual Filipa fala com nítida paixão. O Yoga, não só como uma atividade física, mas também como um estilo de vida que ultrapassa as barreiras da hora diária que pratica. “Interfere na nossa maneira de ver a vida, no autoconhecimento, na maneira como nos alimentamos e até como respiramos. Também como lidamos com as adversidades e facilidades da vida, na relação com nós mesmos e com os outros. Para mim, é realmente uma paixão poder passar tudo isto a quem quer saber mais sobre o assunto. Como o meu objetivo foi sempre proporcionar algo de bom aos outros, confesso que o fitness foi começando a parecer pequeno, quando comparado com o Yoga”, esclarece. Para Filipa, tudo o que está relacionado com o Yoga, seja no trabalho ou no lazer, é o que a deixa genuinamente feliz - tal e qual como um amor. Um amor que continua a alimentar, quando possível, com aulas ao fim-de-semana e ao final dia.

Esporadicamente, realiza workshops de Yoga em Estremoz. “O último workshop correu muito bem em termos de adesão, penso que o interesse por yoga tem crescido um pouco por todo o lado e, felizmente, Estremoz não é exceção. Espero que existam mais oportunidades de futuro, nesse sentido”, conta.

Para complementar toda a atividade física na sua vida, Filipa é há muito tempo adepta de uma alimentação mais saudável. Faz cinco anos que se tornou vegetariana e admite sentir-se melhor do que nunca. “Quando mudei foi por motivos éticos e não por razões de saúde, mas fiquei surpreendida por ver o impacto positivo que teve, a curto e longo prazo. E sim, não é uma dieta, é mesmo parte do meu estilo de vida. Quando somos pequenos ensinam-nos o respeito ao próximo, é só tornar esse conceito mais lato e estendê-lo aos animais”, comenta.

Num futuro próximo, Filipa tem um novo projeto em mente que, para já, não pode divulgar. Apesar do segredo ser a alma do negócio, revela que o objetivo será sempre proporcionar experiências e momentos felizes e enriquecedores às pessoas que a procuram.

Em Estremoz, sonha um dia conseguir abrir uma escola de Yoga e admite ter pena que não existam muitos postos de trabalho para as gerações mais novas, realçando a importância de gerar condições para que as pessoas possam ficar na cidade.

Termina dizendo que a vida é demasiado curta para não lhe darmos um tipo de significado feliz e positivo. É com esse pensamento em mente que Filipa está disposta a mudar a vida de muitas mais pessoas – sempre para melhor. "

Nuno Pereira Xarepe

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