Hexagrama do Coaching – Processos e Balizas do Modelo
Na vida, costumamos dar mais atenção às realizações, ao momento da chegada, do que aos processos que nos permitiram chegar. As realizações são momentos especiais e, como todo momento, são efêmeros. Já os processos costumam ser bem mais longos, penosos até, porém essenciais e sempre prazerosos quando são feitos com o carinho de quem faz aquilo que gosta.
Por isso, neste texto, eu destaco o valor dos processos e a importância de se adotar modelos de ação que nos ajudem a torna-los mais eficazes.
Percursos e Chegadas
Imagine-se você fazendo parte de um grupo de montanhistas que, após 12 horas de dura caminhada, chegam ao topo de determinada montanha e, efusivamente, comemoram este momento inesquecível, digno de muitas selfies :-) para guardar e para enviar aos amigos.
Pronto. Passou.
Agora, imagine-se com este grupo, meses atrás, planejando esta jornada. Imagine toda a alegria e animação durante a preparação: a escolha de botas, roupas, agasalhos e mantas, ferramentas (lanterna, canivete, mapa, GPS...), a atenção com a logística de transporte, estadia e alimentação etc. Imagine o deslocamento de casa e a alegria ao chegar na pousada, à tardinha do primeiro dia do seu final de semana.
O grupo todo está ansioso, antecipando o dia seguinte. Jantam e logo todos vão dormir. Sinta este momento. Todos acordam bem cedo, tomam o desjejum, conversam animadamente e se deslocam até o pé da montanha, onde encontram o guia. A subida se inicia como previsto: às 05 h da manhã. Ao longo da subida, são feitas três paradas para um lanche (você descansa... aprecia a mata em volta... sente o sol atravessando a folhagem... vê um pequeno animal que passa... enxuga o suor, escorrendo na testa para os olhos...).
Por volta das 17 h, todos alegres e mortos de cansaço chegam ao topo da montanha como planejado... com um belo pôr de sol à sua frente. Hora de muita comemoração, abraços e selfies. Hora de apreciar a paisagem, enquanto se limpa o terreno, prepara as “camas” e junta gravetos para uma pequena fogueira, antes que escureça.
Anoitece. O último lanchinho, cantoria, muito riso e... claro, vamos dormir que ninguém é de ferro. Você está muito contente e até sonha com os anjos. No dia seguinte, todos acordam bem cedo, empacotam as sobras (ih, a água está no fim!), limpam o terreno e o grupo inicia, às 05 h da manhã, a descida e a volta para casa.
Mesmo se você nunca praticou montanhismo, você pode imaginar e sentir todo o prazer de viver uma “aventura” típica dos amantes deste esporte (ah, saudades!). A chegada ao topo – a realização da meta da jornada – coroa a aventura sem ofuscar o prazer sentido ao longo do percurso, que se inicia desde a ideia mesma de se subir determinada montanha e perdura ainda por muitos meses (ou anos) depois da volta para casa.
Montanhistas experientes sabem que a chegada é importante, sim, nem por isso deixam de ter boas lembranças de jornadas quando não realizaram esta “meta” (e.g., devido a chuvas, pequenos acidentes e outros imprevistos), pois curtiram cada momento do processo, desde a formação do grupo base até muito além da volta para casa. Curtir a “aventura de viver” é uma das chaves da felicidade e do sucesso!
Um Modelo de Processo de Coaching
No coaching, nós começamos o percurso, regra geral, pelo (mini) processo de Posicionamento. Neste processo, o coach (eu) ajuda o seu coachee (cliente) a ampliar a sua consciência acerca de suas circunstâncias, de seu Estado Atual; a definir o seu FOCO e, no contexto deste, visualizar o seu Estado Desejado, cuja aferição costuma ser feita através da META. Ou seja, a realização da META definida pelo cliente costuma ser vista como indicação de “chegada ao topo da montanha” – de realização do Estado Desejado.
Definida a META, iniciamos o (mini) processo de Planejamento, quando o coach (eu) ajuda o cliente a definir as ações que este precisa empreender para que o seu Estado Desejado se torne realidade. Este conjunto harmônico de ações – tarefas e outras providências – forma o PLANO DE AÇÃO do cliente e por ele será usado como um mapa que o orienta rumo ao topo de sua montanha.
Inicia-se, agora, o terceiro e essencial (mini) processo de Execução – quando as ações previstas devem ser efetiva e tempestivamente realizadas, com empenho e alegria. Como em todo percurso sempre há o risco de imprevistos, faz parte da Execução procedimentos de Acompanhamento (Avaliação e Revisão), quando o coach (eu) ajuda o cliente a se manter no rumo previsto, motivado e consciente de sua META e de sua vontade e responsabilidade pessoal de realiza-la.
A chegada do cliente ao topo de sua montanha é motivo de grande orgulho – tanto para ele (ou ela) como para o coach (eu :-). E este momento deve ser comemorado com “tudo que se tem direito” – inclusive muitas selfies.
Resumindo
O (macro) processo de coaching envolve três (mini) processos: Posicionamento, Planejamento e Execução (com Acompanhamento), nos quais o cliente define e utiliza três (grandes) balizas para sua orientação: o seu FOCO, a sua META e o seu PLANO DE AÇÃO.
Denominei de Hexagrama do Coaching ao conjunto formado por estes seis elementos – três (mini) processos e três (grandes) balizas orientadoras, acima descritos de forma bastante resumida e objetiva. O Hexagrama é um modelo comprovado de coaching, que pode ser utilizado (com pequenos ajustes) em todas as modalidades desta prática profissional.
Notas
1| Ver também, do Autor: Hexagrama do Coaching – Um Modelo de Prática em Coaching. LinkedIn, 15 Jul 2015.
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