Entrevistando candidatos: primeiros passos para identificar os melhores.
Neste momento, já falamos sobre como alinhar o perfil e identificar os skills necessários para uma vaga, já conseguimos atrair diversos candidatos alinhados, agora é hora de entrevistar as pessoas que entendemos que são qualificadas.
A etapa de avaliação tem dois objetivos principais: o primeiro, mais óbvio, é identificar os candidatos que têm maior chance de performar bem no dia a dia do time. O segundo é que se no passado esse era um momento que a empresa detinha o poder de julgar unilateralmente o candidato, agora isso mudou e os candidatos também estão avaliando constantemente as empresas. Logo, também é um dos objetivos do processo seletivo encantar o candidato. Com redes sociais focadas no mundo do trabalho como o LinkedIn e o Glassdoor, criar uma boa experiência para o candidato é importante não só para aumentar a chance deste candidato aceitar uma possível oferta, como também para manutenção da marca empregadora dessa empresa.
Como identificar as melhores formas de entrevistar e tomar decisão sobre candidatos foi o que motivou a criação da Halfway, e vamos falar muito disso sobre diferentes perspectivas. Neste post introdutório sobre o assunto, queremos ressaltar algumas regras básicas para ajudar os times de recrutamento atingirem ambos objetivos.
1. Regra das quatro entrevistas
Não é de hoje que se tenta encontrar quantas etapas um processo seletivo precisa ter para ser considerado ideal, tanto para o candidato quanto para quem toma a decisão de contratar ou não uma pessoa. O blog re:work do Google conta um dado interessante de como a empresa resolveu este problema. Ao cruzar a quantidade de entrevistas que cada candidato foi submetido, com o potencial de prever a real performance desta pessoa no ambiente de trabalho, eles chegaram a conclusão que quatro etapas é suficiente para atingir 86% de confiança na performance do candidato, e o tempo investido em uma quinta ou sexta entrevista não é justificável porque aumenta muito pouco o potencial de prever a performance dos candidatos
2. Foque apenas em etapas com grande potencial de previsibilidade.
Para atingirmos o nível de previsibilidade que comentamos com apenas quatro entrevistas, é importante que escolhamos as mais eficientes de avaliar o conhecimento do candidato. Frank L. Schmidt, pesquisador da Universidade de Iowa, conduziu pesquisas em 2016 para atualizar um famoso estudo de 1998 que tentava identificar os métodos de recrutamento que melhor conseguiam prever a performance de funcionários em seus postos de trabalho.
Frank então avaliou mais de 30 métodos de recrutamento, e nenhum método sozinho possui forte correlação com a performance do candidato. Isso por si só já mostra um dado interessante que muitos recrutadores e gestores se negam a assumir: dada a complexidade da natureza humana tanto no que diz respeito à o que nos faz performar bem ou não, quanto em como avaliamos o outro, nossa capacidade real de identificar bons candidatos é menor do que geralmente acreditamos.
Embora este dado seja desolador em um primeiro momento, vale ressaltar que ainda assim algumas técnicas são melhores que outras. Testes de Habilidade Mental Geral (General Mental Ability tests, GMA) e entrevistas estruturadas e não estruturadas possuem, sozinhas, correlações moderadas. Na outra ponta, anos de educação, idade e grafologia possuem nenhuma ou ínfima correlação. Teste de conhecimento sobre o trabalho, entrevistas estruturadas por telefone e simulações práticas do trabalho estão na parte superior dos métodos com fraca correlação, enquanto teste de fit entre candidato e o trabalho, anos de experiência e os famosos testes de fit cultural com a empresa, estão na parte inferior.
Sobre os GMAs, por ser técnica bem avaliada na pesquisa, duas coisas são importantes ressaltar: a primeira é que no Brasil se acostumou a usar testes de raciocínio lógico que tem pouco ou nenhum embasamento teórico, e estes não são, em absoluto, os testes que nos referimos aqui. Testes GMA são corroborados em teoria e possuem validades comprovadas por pesquisas. O segundo, que eu acho ainda mais importante ressaltar, é que além de não proporcionar uma boa experiência para candidatos, diversas pesquisas vem mostrando como testes GMA podem afetar diretamente a diversidade, pela forma que eles são desenhados.
Não conseguimos encontrar nenhuma pesquisa que fale sobre a previsibilidade das dinâmicas de grupo. Dado ao fato de em sua serem muitas vezes pouco estruturadas, com pouca oportunidade de aprofundamento como as entrevistas, pouco relacionadas com as atividades da vaga e muito influenciadas por aspectos de personalidade dos participantes e entrevistadores, é bem provável que ela integre o grupo das técnicas com correlação fraca com a performance de candidatos.
3. Determine quantos e quais skills devem ser avaliados em cada etapa
Um erro comum que os times de recrutamento ainda fazem é não definir foco para as etapas, ou ter a expectativa que um entrevistador vai conseguir avaliar com profundidade diversos skills em apenas 45 a 60 minutos. Geralmente, os skills são complexos e precisam ser avaliados sob diferentes perspectivas, e para isso são necessárias diversas perguntas sobre o mesmo skill para conseguir ter uma avaliação segura da habilidade do candidato. Por isso, é aconselhado limitar o número de skills a serem avaliadas em cada etapa, além de desenhar testes, simulações e roteiros de entrevistas estruturados para cada habilidade.
4. Pense na ordem das suas etapas
Dois critérios geralmente são úteis para nortear a ordem das etapas:
5. Submeta todos os candidatos ao mesmo processo
É a única forma que você tem de comparar a performance entre os candidatos, coletar dados para análises de People Analytics e identificar o que prediz melhor sucesso.
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6. Treine seus entrevistadores
Seus entrevistadores precisam ter clareza dos skills que eles vão avaliar, o significado formal de cada skill, como conduzir cada etapa (entrevistas, cases ou revisar testes), além de treinamentos constantes sobre diversidade em seus diferentes aspectos (como entrevistar, como evitar viés inconsciente, entre outros). Também é muito comum que seus entrevistadores sejam muito bons em avaliar tecnicamente os candidatos, mas menos hábeis em encantar ou vender a empresa. Todos estes elementos devem ser considerados nos treinamentos para entrevistadores.
7. Tenha cuidado ao construir cases, testes e simulações
Vimos que cases e simulações do ambiente de trabalho são ótimos preditores do sucesso do candidato, contudo existem alguns erros comuns que você precisa ficar atendo ao desenhar um processo:
8. Utilize entrevistas estruturadas
As entrevistas estruturadas são, na minha opinião, a chave para qualquer processo seletivo. Elas são fáceis de desenhar, de aplicar e demandam pouco preparo tanto do candidato quanto do entrevistador, além de grande potencial de previsibilidade.
Consideramos uma entrevista estruturada quando ela possui uma ordem fixa de perguntas que seu entrevistador vai utilizar com o candidato, que cobrem com totalidade os skills que foram designados para essa etapa. Logo, toda entrevista estruturada precisa ter um roteiro de entrevista. Algumas dicas de como construir esse roteiro:
9. Lembre-se de criar boa experiência para os candidatos
Como falamos, precisamos garantir que os candidatos estão tendo uma boa experiência durante o processo. A cada interação do candidato com o time, seja técnico ou recrutamento, ele precisa se sentir mais animado em fazer parte dessa equipe. Existem algumas dicas para fazer isso acontecer:
10. Lembre-se do que não fazer
Tão importante quanto saber o que fazer é saber o que não fazer para garantir que seu processo seletivo tenha efeito. Aqui, algumas, mas infelizmente não todas, destas coisas que devemos ter máxima atenção durante o processo seletivo:
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