Equipes que transcendem

Equipes que transcendem

Se você não teve oportunidade de trabalhar em uma equipe de alta performance, com certeza já ouviu falar sobre elas; porque elas são lendas que mexem com o nosso imaginário. Mas posso te garantir: elas existem e estão por aí fazendo o mundo girar!

Sim! Porque são as equipes que fazem o mundo girar. É tendencioso pensarmos em um único individuo quando estamos falando de grande feito, mas com toda certeza, grandes coisas não são feitas por uma única pessoa. Grandes coisas são feitas por equipe imbuídas de um propósito acima do comum.

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Em quase 20 anos de carreira na área de TI eu já tive oportunidade de conviver com grandes Times. E alguns deles realmente iam muito além daquilo que lhes era proposto. Transcendiam!

Para Times de alta performance é comum encontrar um poderoso tripé como sua base de sustentação:

1º) Um PROPÓSITO acima do comum; esse propósito não surge da noite para o dia; ele é construído dia a dia; e o time é o principal agente na construção desse propósito;

Um objetivo autoconcedido que lhes permite ultrapassar o trivial e alcançar o extraordinário.

“A decisão de não se contentar com a média e querer ser grande, por si só, já muda a forma como a equipe se vê e o que é capaz de realizar. “ (Jeff Sutherland e J.J. Sutherland)

Daí a importância de mantermos a formação dos times o máximo possível. Essa energia do propósito só aparece verdadeiramente em times que já estão em fase de “improvisação” (ou estágio Performing - alto nível de engajamento e competências) e portanto já passaram juntos por outros estágios na formação do Time (Forming, Storming e Norming) aprendendo lições, criando cumplicidade e evoluindo o propósito.

2º) AUTONOMIA para decidir como o trabalho será feito; mediante a clareza da meta, mediante a clareza dos objetivos que precisam ser alcançados, restrições e premissas o time deve ser capaz de decidir a forma de executar o trabalho;

E aí vou abrir um parênteses aqui... Com um olhar para área de desenvolvimento de software: que me perdoem os gestores de RH, mas nessa autonomia inclui a liberdade para escolher o horário de trabalho; muitos desenvolvedores trabalham muito melhor de madrugada; já vi esse dilema acontecer algumas vezes... mas é uma realidade desse meio; e muitas vezes o raciocínio flui tão bem que mais de 10 ou 12h se vão e ainda há vontade de trabalhar (sei que já vai ter muita gente aí pensando na síndrome de Bornout.... tá bom, vou manerar!).  

E também vai ter os dias que no meio da tarde o time vai querer se reunir simplesmente para jogar no PS ou se reunir pra contar “potoca”. E de verdade “está tudo bem”. Muito possivelmente o subconsciente deles ainda estará trabalhando na solução mais criativa.

Meu universo é TI... é desenvolvimento de software! Ver que esse trabalho está ligado muito mais a um processo criativo do que ligado a área de exatas me custou alguns anos trilhando pelo caminho (não sei você, mas pra mim a ficha demorou um pouco pra cair...). Por esse motivo o processo produtivo também se difere muito de outros tantos serviços; aqui é fundamental uma mente muito tranquila para ver acontecer o melhor desempenho no trabalho do conhecimento. E essa mente tranquila envolve muitas considerações.... Falar disso daria outro artigo.

Fechando aqui o meu parêntese!

Decidir o COMO fazer é papel do time e essa autonomia precisa ser também construída.

“É responsabilidade da diretoria definir os objetivos estratégicos, mas é incumbência da equipe decidir como atingir essas metas.”(Jeff Sutherland e J.J. Sutherland)

Políticas da instituição precisam ser discutidas para definir esse nível autonomia. E fundamentalmente as restrições também precisam estar muito claras. A transparência é base também de times coesos.

3º) E por último (mas não menos importante) está a CAPACIDADE para FAZER. Jeff Sutherland no livro “Scrum – A arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo” cita equipes multifuncionais, mas eu prefiro “capacidade para fazer”.

Eu explico! A capacidade para fazer acontecer vai além da capacidade de querer fazer. As vezes nos deparamos com pessoas que realmente tem a vontade de fazer, mas não a capacidade de fazer. Seja por uma questão de capacidade técnica, habilidade comportamental ou até mesmo questões de saúde (física ou mental).

Nessa capacidade para fazer também podemos incluir as condições do meio. Ferramentas, infraestrutura, remuneração e orçamento.

Aqui entra um líder efetivo! Saber alinhar as pessoas certas para fazer o trabalho certo. Ou desenvolver/apoiar pessoas o potencial efetivo para fazer o trabalho. Um líder que possa acompanhar as diversas fases pelas quais passa um time em formação. Apoiar, mediar conflitos, empoderar na resolução de problemas - ensinar a pescar o peixe e não pescar por eles; comemorar as pequenas e grandes conquistas; estar junto também quando o fracasso vier e apontar as lições aprendidas para seguir o caminho.

Parece mesmo uma composição mágica: Propósito, Autonomia e Capacidade para fazer.

Uma “liga” talvez permeie esses três pilares: a motivação que vem de dentro de cada indivíduo. Essa é ímpar e não é possível impô-la.

Quem já fez parte de um time assim vai saber que estou falando a verdade! Mesmo depois que um time assim é desfeito (estágio de dissolução), as pessoas continuam tendo o espírito de time. Se um precisar de ajuda, o outro está ali pronto e disponível. É fato: times com alta performance estão sempre ligados por belo laço de amizade e cumplicidade. Por mais que o apego não seja bem visto no ambiente corporativo, times com clima amistoso, harmonioso são os que melhor se comunicam. A comunicação é tão fluída que às vezes não é preciso falar verbalmente, um olhar, um gesto já são suficientes para saber o que outro está pensando. Tão grande se faz esse engajamento.

E aí quando tudo isso está alinhado aos objetivos estratégicos da empresa, então é “golaço” na certa.

Faz sentido pra você tudo que foi exposto aqui?

Deixe seu comentário. Complete esse artigo com a sua visão de Times capazes de transcender.

Referências:

  • Livro "Scrum – A arte de fazer o dobro do trabalho na metade do tempo” - Jeff Sutherland e J.J. Sutherland;
  • E as experiências e aprendizados colhidos nos meus 20 anos de carreira na área de TI;


 

Cleidir Salvato da Silva

Sistemas Embarcados | Layout de PCB | IoT | Ensaio Acelerado do Ciclo de Vida | Automotivo | Sensor | Electronic Product Developmen | Embedded Systems | PCB Layout | IoT | Accelerated Life Cycle Testing.

3 a

Fantástico

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