Escrever e-mails (2): como ser objetivo
Para mostrar como é possível colocar em prática a objetividade, escrevo este texto a partir de um exemplo hipotético: soube que uma empresa para a qual prestei serviços eventuais está com uma vaga permanente; quero me candidatar, mas não tenho informações suficientes sobre o posto. Como ir diretamente ao assunto em uma situação que exige alguma delicadeza?
- Em primeiro lugar, apresente-se. Isso vale inclusive para destinatários que você conhece, mas com quem não conversa há algum tempo.
Cara Angela [ atenção à grafia do nome do destinatário – neste caso, sem acento!],
Trocamos mensagens há alguns meses, na altura de minha colaboração para o projeto Ipotesi.
- Indique o contexto de seu contato. Como você, a outra pessoa lida com muitos assuntos diferentes ao longo do dia – toda ajuda para que se localize rapidamente é bem-vinda, porque prepara o interlocutor para o assunto em questão.
Tomo a liberdade de enviar esta mensagem após ter notícias de que a Consultoria Saquarema está com uma vaga aberta para assessor de comunicação.
- Selecione rigorosamente o conteúdo, transmitindo apenas as informações que de fato convêm. Neste exemplo, eu poderia escrever:
Foi o primo da filha da amiga de meus tios que comentou a respeito.
Mas percebo que não faz sentido expor para minha interlocutora a cadeia de minhas relações pessoais – que aliás substitui o contato mais “oficial” com alguém da empresa, muito mais bem-vindo em um contexto como este. Então escolho não dizer nada nesse sentido.
- Esclareça o objetivo de sua mensagem, se possível resumindo-o em uma frase.
Gostaria de saber se você tem informações sobre o trabalho e o processo seletivo. Eu teria muito interesse em me candidatar caso meu perfil seja compatível com a vaga.
- Prepare a despedida e a assinatura. Adote um encerramento adequado, ponderando se os “abraços” são ou não cabíveis e aproveitando para deixar disponíveis as informações profissionais relevantes na situação específica.
O resultado é um e-mail educado, com tom adequado e que vai direto ao assunto. Não deixa dúvidas no interlocutor e o ajuda a responder rapidamente. Isso acontece até mesmo em termos linguísticos, pois empreguei todas as orações em ordem direta (sujeito – verbo – complemento) e selecionei recursos de polidez (como a fórmula “tomo a liberdade...” e os verbos no futuro do pretérito, “gostaria”, “teria interesse”...), tentando não ser excessivamente formal:
Cara Angela,
Trocamos mensagens há alguns meses, na altura de minha colaboração para o projeto Ipotesi. Tomo a liberdade de enviar esta mensagem após ter notícias de que a Consultoria Saquarema está com uma vaga aberta para assessor de comunicação. Gostaria de saber se você tem informações sobre o trabalho e o processo seletivo. Eu teria muito interesse em me candidatar caso meu perfil seja compatível com a vaga.
Desde já agradeço sua disponibilidade.
Abraços,
Luisa Destri
Jornalista | Comunicação institucional
Telefone: (11) 99999-1234
Link para perfil profissional
Você concorda com a eficácia deste e-mail?
No dia a dia, qual costuma ser o maior empecilho para a objetividade de seus e-mails? Deixe sua dúvida nos comentários, que terei todo o gosto em tentar esclarecer.