eSocial – ERGONOMIA – Riscos Psicossociais e Cognitivos
Independente dos eventos de SST do eSocial, se irão entrar em vigor ou não e quando, há uma reflexão importante em relação ao tema dos riscos psicossociais e cognitivos.
É realidade já em muitas empresas os desafios com doenças relacionadas ao stress.
Aqui os tópicos que poderão vir a ser tratados no eSocial no que tange a Ergonomia:
1. Excesso de situações de estresse
2. Situações de sobrecarga de trabalho mental
3. Exigência de alto nível de concentração, atenção e memória
4. Trabalho em condições de difícil comunicação
5. Excesso de conflitos hierárquicos no trabalho
6. Excesso de demandas emocionais/afetivas ao trabalho
7. Assédio de qualquer natureza no trabalho
8. Trabalho com demandas divergentes (ordens divergentes, metas incompatíveis entre si, exigência de qualidade x quantidade, entre outras
9. Exigência de realização de múltiplas tarefas com alta demanda congnitiva
10. Insatisfação no trabalho
11. Falta de autonomia no trabalho
12. Outros – outras situações em que fatores cognitivos ou psicossociais possam se tornar causa de desconforto, perda de segurança e produtividade.
E, dependendo do nível de cargo que se ocupe em uma organização é muito provável que a criatura apresente 90% dos itens acima e os outros 10% aconteçam ou não no tópico “outros”, e como tratar destas questões? Como prevenir? É possível prevenir?
Alguns RHs já convivem com estas questões em alguns fóruns, por exemplo em seus canais de denúncias, sendo avaliados com base em seus códigos de ética, regulamentos, etc.
Quando pensamos, para fazer um paralelo, em exposição à ruído, fica relativamente fácil realizar programadas em torno deste risco. O exame admissional, periódico, demissional, para citar apenas estes, podem verificar objetivamente qual a condição daquele trabalhador em relação ao risco antes, durante e ao final do contrato de trabalho.
Agora se formos pensar, por exemplo, no tópico “Trabalho em condições de difícil comunicação”, como poderemos medir, dimensionar qual o nível de stress que o tema comunicação “ruim” pode estar causando no trabalhador?
Em minha experiência, a maior parte, senão todas as Pesquisas de Clima Organizacional pesquisam o pilar Comunicação/Clareza e tem gap’s nestes pilares. Interessante que um dos principais atributos que nos diferenciam de outras espécies é a linguagem, logo a possibilidade da comunicação, e mesmo falando o mesmo idioma, nos vemos em muitas situações com a sensação de que não nos entendemos de forma alguma e a causa raiz é nossa comunicação.
Preventivamente minha indicação, e creio mesmo que quase a única, são trabalhos consistentes e continuados de treinamento e desenvolvimento, especialmente e muito focados nas lideranças, ao menos para começar assertivamente.
Conscientizar as lideranças, leva-las a um processo de autodesenvolvimento continuado, desenvolver competências de comunicação, liderança, gestão de pessoas, mediação de conflitos podem e devem minimizar, e muito, problemas desta natureza.
Ainda assim, sempre haverá, neste campo dos riscos cognitivos psicossociais, dada a subjetividade dos temas, componentes que estão fora do domínio da empresa, a saber, questões pessoais de ordem emocional, psicológica. Vamos considerar aquele colaborador que está passando por uma fase de forte stress porque está vivendo um divórcio, uma questão de doença grave na família, ou uma perda de um ente querido, toda a estrutura emocional deste colaborador pode estar comprometida e alterada, e aí, simultaneamente ocorre que ele trabalha em uma área comercial e está respondendo por metas agressivas de vendas. Se este colaborador tiver uma crise nervosa, desenvolver uma patologia com origem no stress, o que vem primeiro como causa? As questões pessoais ou as questões profissionais?
Como seres humanos, somos seres integrais, não há compartimentos dentro de nós, com chaves, que hora viramos uma chave, hora outra, tudo vai nos afetando e causando impactos que podem levar a maior ou menor stress, isto é dinâmico.
Tenho para mim, que todo processo de desenvolvimento de pessoas que leve a uma tomada de consciência de si mesmo, que desenvolva cada vez mais autonomia emocional e protagonismo, mais e mais, cada indivíduo poderá por si, dar-se conta de qual, como e quando uma determinada situação disparou um distúrbio e ele mesmo poderá indicar esta origem e buscar a melhor alternativa de solução para o problema criado, e mais importante, para cuidar deste problema na sua fonte de fato.
Isto requer maturidade, responsabilidade e muito autoconhecimento.
Seja através do eSocial e suas exigências, seja porque estas questões vêm sim gerando doenças e perdas em todas as esferas, é preciso olhar para estes temas e pensar em programas consistentes para trata-los.