Estão os estudantes prontos para assumir os desafios ambientais?
Em muitos países cresce o cuidado com desafios ambientais, porque a degradação ambiental está flagrante demais e precisa entrar na pauta escolar, também na formação docente: a escola não é apenas referência da aprendizagem clássica. Hoje há outras preocupações consideradas cruciais, como o bem-estar estudantil (o lado socioemocional), bem como o letramento digital (para docentes mormente) e o compromisso ambiental. Já em 2006, ainda em tempos iniciais das avaliações do PISA, dizia-se: “Nunca antes as apostas foram tão altas para o papel da educação científica na formação da maneira como as pessoas interagem com o meio ambiente. Atividades humanas, como a geração de gases de efeito estufa, o acúmulo de resíduos, a fragmentação ou destruição de ecossistemas e a exaustão de recursos, estão tendo um impacto substancial no ambiente global." (PISA/OECD 2022:5) (PO22). À época, em menos de 1 em 5 adolescentes de 15 anos, havia preocupação mais perceptível ambiental. É decisivo ter a nova geração como aliada ambiental, que PISA aloca no conteúdo da ciência.
I. INTRODUÇÃO E REFERENCIAL CONCEITUAL
Em setembro de 2015, líderes mundiais ofereceram objetivos ambiciosos para o futuro global – Objetivos Globais – ou Agenda 2030 para Desenvolvimento Sustentável. Na 70ª Assembleia Geral da ONU em 2015 foram adotados 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), entre eles ação para superar a pobreza, proteger o planeta e garantir a todos paz e prosperidade. Educação está no Objetivo 4 e Mudança Climática no 13. Tais declarações não podem ser tomadas a sério, porque a ONU nunca foi séria, incluindo muitas entidades globais que imaginam representar a população do planeta. Consta em nossa Constituição também bravatas similares, como no Art. 3º: “Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; II – garantir o desenvolvimento nacional; III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Até erradicar a pobreza se promete, embora não as desigualdades sociais (serão “reduzidas” apenas), provavelmente tendo em mente a “pobreza absoluta”! Sabemos que bravatas fazem parte – humanos são muito bravateiros, em particular nossos políticos. Mas, como os riscos ambientais se tornam dramáticos visivelmente, é preciso tomar iniciativa e certamente é iniciativa importante colocar no item da ciência o compromisso ambiental na escola.
Em novembro de 2016 ocorreu o Acordo de Paris, um tratado legalmente vinculante para reduzir emissões de gases-estufa, para regular a mudança climática. Em 2022, 192 países se ajuntaram ao acordo, cuja convergência, em geral verbal apenas, indicaria um “consenso crescente científico e internacional” sobre esta urgência (IPCC, 2022). Estimativas da OECD mostram que consequências potenciais da inação sobre o clima para o bem-estar humano são dramáticas: perda da capota de gelo polar aumentando o nível dos mares e invadindo cidades costeiras (OECD, 2012), sem falar que a atividade humana causa grandes estragos, incluindo aumento de incêndios selvagens, perda da biodiversidade, escassez de água e declinante qualidade dela, poluição, desflorestamento etc. (Ruckelshaus et alii, 2020). Com tamanhos reptos, iniciativa e resiliência são fundamentais como reação minimamente adequada (OECD, 2021. Feder et alii, 2019. Mirzaei Rafe et alii, 2019). Fontes renováveis de energia (Panwar et alii, 2011), economias circulares (Corona et alii, 2019), criação, restauro e gestão melhorada de hábitats existentes para capturar carbono e proteger a vida selvagem (Stafford et alii, 2020), bem como novos modos de entender a relação entre natureza e sociedade humana (Fraser et alii, 2002) são tentativas com que cientistas, ativistas e comunidades estão reduzindo impactos negativos dos estilos humanos de vida na Terra.
“Jovens têm papel crucial em lidar com desafios ambientais. Vão experienciar as consequências da mudança climática e ambiental mais diretamente durante seu tempo de vida e toda do que outras gerações prévias (Thiery et alii, 2021). Estariam eles preparados? Para contribuir com eles, PISA armou um referencial inicial, sob a hipótese de que a preparação dos estudantes para os desafios ambientais de hoje requer i) conhecimento e habilidades científicas, incluindo proficiência em ciência ambiental e sustentabilidade; ii) atitudes favoráveis ao ambiente e valores ambientais, incluindo consciência ambiental e sendo de propósito e autoeficácia no entendimento ambiental; iii) tomar parte nas ações ambientalmente responsáveis (PO22:20). O Relatório considera ainda contextos que podem influenciar prontidão para desafios ambientais, incluindo características estudantis como status socioeconômico, gênero, mentalidade de crescimento e medo de fracasso; atitudes ambientais dos pais e comportamentos; características escolares, incluindo cobertura de temas ambientais no currículo e grau de envolvimento em ações ambientais entre os estudantes na escola.
II. QUESTÕES AMBIRENTAIS NO PISA (CIÊNCIA)
Não se trata de deslocar a responsabilidade para os jovens, porque são vítimas, não, em geral e tipicamente, causa. Trata-se de poder contar com eles, não só porque são os interessados diretos, mas porque é um tipo de formação fundamental da cidadania planetária. PISA coletou dados ambientais desde o início. O referencial de ciência considerou tópicos da ciência ambiental como parte da literacia científica desde PISA 2000, tocando na biodiversidade (espécies, pool de genes, evolução) e ecossistemas (cadeias alimentares, sustentabilidade) definidos como temas maiores científicos da literacia científica; ainda, a manutenção do uso sustentável das espécies, interdependência dos sistemas físicos/biológicos, poluição, produção e perda de solo e tempo e clima incluídos como tópicos da avaliação em ciência (OECD, 2000). No PISA 2006, quando ciência foi domínio maior pela primeira vez, o referencial de ciência definiu ambiente com um dos contextos chaves (situações de vida que implica ciência e tecnologia) suados para trabalhar itens da avalição em ciência. Foram exemplos: comportamento ambientalmente amigável; uso e exploração de materiais; dejetos; impacto ambiental; água local; biodiversidade; sustentabilidade ecológica; controle da poluição; produção e perda do solo. Mudança climática e extinção de espécies foram também contextos relevantes em 2006 (OECD, 2006). O referencial de ciência de 2006 definiu atitudes para ciência como sendo cruciais da literacia cientifica: “uma literacia científica da pessoa inclui certas atitudes, crenças, orientações motivacionais, sendo de autoeficácia, valores e ações últimas” (Ib.). O grupo de atitudes para ciência definiu como “ responsabilidade para recursos em ambientes” incluídas três atitudes: mostrar sendo de responsabilidade pessoal para manter um ambiente sustentável; demonstrar consciência das consequências ambientais de ações individuais; demonstrar vontade de agir para manter recursos naturais.
O relatório Green at Fifteen (OECD, 2009. Hughson, 2022), baseado em dados do PISA 2006, analisou o que estudantes sabiam sobre questões ambientais, quais atitudes os estudantes mantinham para com o ambiente e de onde estudantes ganharam conhecimento relativo ao ambiente. Ficou claro que a maioria dos estudantes na maioria dos países participantes do PISA 2006 eram proficientes em algum nível da ciência ambiental e geociência, mas a proficiência está muito mal distribuída na população. Estudantes com background socioeconômico desfavorecido e meninas, em média, mostraram proficiência bem menor. O relatório indicou, ademais, que a consciência estudantil das questões ambientais tendem a ir de mãos dadas com a performance na ciência ambiental. Quem deles reportou a maior familiaridade com fenômenos ambientais complexos (consequências de acabar com as florestas para uso do solo; aumento dos gases de estufa na atmosfera; desperdício nuclear; usto de organismos geneticamente modificado) tendem também a ter níveis altos de proficiência. Note-se, porém, que enquanto a consciência ambiental de estudantes se relaciona com seu background socioeconômico, os mais desfavorecidos não tendem menos a reportar um senso de responsabilidade com questões ambientais.
No PISA 2015 (retornando ciência como domínio central), os resultados mostraram que a consciência havia aumentado (Echazarra, 2018) – na OECD, a percentagem de estudante que disseram estar informados sobre o aumento dos gases de estufa na atmosfera subiram de 57% em 2006 para 64% em 2015; cifras similares apareceram com respeito ao uso de organismos geneticamente modificados. No entanto, os estudantes não se mostraram mais otimistas – em média que se diziam informados foram 43% mais propensos a ver piora global nos próximos 20 anos. Em geral, contudo, adolescentes de 15 anos tendem a ser mais otimistas que os pais (Avvisati, 2019). Crenças são influenciadas por conhecimento e experiências de vida, naturalmente. Não havendo nesta relação causa e efeito, podem-se realçar dois fatores: número de atividades de ciência nas quais estudantes participam e exposição dos estudantes a uma educação baseada em pesquisa (Echazarra, 2018).
Contudo, PISA 2018 anotou novo aspecto: iniciativa estudantil. Iniciativa implica tomar percepção e avaliação crítica da evidência relativa a questões complexas sistêmicas; colocar objetivos para ocorrer mudança; decidir tomo tomar ação responsável; decidir examinando evidência (OECD, 2019. Environmental Science Expert Group, 2022). Define-se iniciativa estudantil como capacidade de definir um objetivo, refletir e agir responsavelmente para efetuar mudança, e apoiar que iniciativa estudantil requer habilidade erigir um propósito guia e identificar ações para realizar um objetivo. O desenvolvimento de um senso de propósito na adolescência é parte da busca por sentido e desejo de fazer diferença no mundo (Damon et alii, 2003). Não estamos nisso longe do moralismo eurocêntrico, mas não desfaz o reconhecimento de propor aos adolescentes o envolvimento ambiental cidadão.
III. CONHECIMENTO ESTUDANTIL DE E HABILIDADES EM QUESTÕES AMBIENTAIS
Sugeriram os dados: i) O desempenho dos estudantes em sustentabilidade ambiental foi medido no PISA 2018 com cinco unidades de teste. Cerca de 1 em cada 4 estudantes respondeu corretamente aos itens nas unidades de teste sobre Óleo de Palma e Elevação do Nível do Mar, em média, entre países. Cerca de 4 em cada 10 responderam corretamente, em média, às perguntas nas três unidades de teste restantes. Singapura teve o melhor desempenho em três das cinco unidades de teste de sustentabilidade ambiental; Hong Kong (China) e Coreia tiveram o melhor desempenho em uma unidade de teste. As Filipinas mostraram os níveis mais baixos de desempenho em quatro das cinco unidades de teste consideradas neste capítulo, e Indonésia, Cazaquistão e Panamá em uma unidade de teste; ii) Em 20 dos 26 países com dados disponíveis, os estudantes tiveram mais dificuldade em identificar uma resposta de curto prazo para a elevação do nível do mar causada pelo aquecimento global do que uma resposta de longo prazo. A proporção de estudantes que identificaram corretamente uma resposta de longo prazo foi mais de 15 pontos percentuais maior do que a proporção de estudantes que identificaram corretamente uma resposta de curto prazo em Brunei Darussalam, Chile, Hong Kong (China), Malta, Tailândia e Singapura. Em 5 países, a diferença não foi estatisticamente significativa, e na Sérvia, mais estudantes identificaram corretamente uma resposta de curto prazo do que uma resposta de longo prazo; iii) Entre o PISA 2006 e o PISA 2015, a porcentagem de estudantes que responderam corretamente, em média, em 11 itens de tendências de ciências ambientais diminuiu 0,5 pp em média nos países da OCDE. O desempenho em ciências ambientais melhorou mais em Portugal, Catar e Romênia, e diminuiu mais em Hong Kong (China) e na República Eslovaca durante este período; iv) O gap socioeconômico em ciências ambientais a favor dos estudantes mais favorecidos, em média, não se ampliou ou reduziu entre 2006 e 2015. No entanto, em Luxemburgo e Finlândia, o gap socioeconômico nos 11 itens de tendências de ciências ambientais aumentou, enquanto na Tailândia e nos Estados Unidos ela se reduziu; v) Tanto o desempenho em sustentabilidade ambiental medido no PISA 2018 quanto o desempenho em ciências ambientais avaliado entre o PISA 2006 e o PISA 2015 estão relacionados ao desempenho em ciências. Na Estônia, Itália, Polônia, Portugal, Romênia e Catar, o desempenho em ambos os itens de ciências ambientais e não ambientais melhorou entre o PISA 2006 e o PISA 2015. Na Austrália, Bélgica, República Tcheca, Finlândia, Grécia, Países Baixos, Nova Zelândia e República Eslovaca, o desempenho nos itens de ciências ambientais e não ambientais declinou.
A definição da proficiência estudantil em ciência ambiental inclui as competências: i) conhecimento científico e utilização desse conhecimento para identificar questões, adquirir novos conhecimentos, explicar fenômenos biológicos e geocientíficos relacionados ao meio ambiente e tirar conclusões baseadas em evidências sobre o meio ambiente. Por exemplo, quando as pessoas leem sobre o aquecimento global, elas conseguem separar os aspectos científico-ambientais dos aspectos não científicos do texto e conseguem aplicar conhecimentos e justificar decisões pessoais?; ii) compreensão das características da ciência ambiental como uma forma de conhecimento e investigação humana. Por exemplo, as pessoas sabem diferenciar explicações baseadas em evidências de opiniões pessoais sobre o meio ambiente?; iii) consciência de como a ciência ambiental pode moldar nosso uso dos recursos da Terra, políticas sobre sustentabilidade ambiental e responsabilidade futura em relação à qualidade ambiental. Por exemplo, as pessoas estão cientes das mudanças ambientais e dos efeitos dessas mudanças na estabilidade econômica e social?; iv) disposição para se envolver com a ciência ambiental e as ideias da ciência ambiental como cidadão reflexivo e consumidor de recursos geológicos e biológicos. Isso aborda o valor que os estudantes atribuem à ciência ambiental tanto em termos de tópicos quanto da abordagem científica para entender o ambiente da Terra e resolver questões ambientais.
IV. ATITUDES E CRENÇAS ESTUDANTIS RELATIVAS A QUESTÕES AMBIENTAIS
Diriam os dados: i) aproximadamente 4 em cada 5 estudantes exibiram um senso de propósito ambiental (ou seja, cuidar do meio ambiente global é importante para eles); cerca de 3 em cada 3 estudantes mostraram consciência ambiental (ou seja, sabem algo sobre ou estão muito familiarizados com as mudanças climáticas); e 3 em cada 5 estudantes exibiram autoeficácia na compreensão ambiental (ou seja, conseguem explicar como as emissões de dióxido de carbono afetam as mudanças climáticas globais), em média, em diferentes países; ii) cerca de metade dos estudantes é "entusiastas ambientais", ou seja, exibe as 3 atitudes pró-ambientais consideradas neste relatório, em média, em diferentes países. Em contraste, cerca de 6% dos estudantes são "indiferentes ambientais", ou seja, não exibem nenhuma das atitudes pró-ambientais consideradas neste relatório; iii) os estudantes que têm uma, duas ou três atitudes ambientais se saíram melhor em ciências do que os estudantes que não exibem nenhuma atitude ambiental. Os estudantes entusiastas ambientais pontuaram cerca de 80 pontos a mais do que os estudantes indiferentes ambientais, em média, após levar em consideração o status socioeconômico do estudante; iv) existem vários fatores que podem moldar as atitudes ambientais dos estudantes. Em termos de histórico, a probabilidade de ser um estudante entusiasta ambiental é, em média, maior entre aqueles que vêm de famílias socioeconômicas privilegiadas e entre as meninas. Em termos de fatores que podem ser influenciados por políticas e práticas educacionais, a probabilidade de ser um estudante entusiasta ambiental é, em média, maior entre os alunos proficientes em ciências; aqueles cujos pais têm consciência ambiental e participam de ações ambientais; que acreditam em uma mentalidade de crescimento; e que frequentam escolas onde as mudanças climáticas são incluídas no currículo formal (PO22:42).
V. ENVOLVIMENTO ESTUDANTIL EM AÇÕES AMBIENTAIS
Segundo os dados: i) em média, em diversos países, cerca de dois terços dos estudantes relataram que reduzem o consumo de energia em casa para proteger o meio ambiente; um pouco menos da metade dos estudantes escolhe certos produtos por razões ambientais ou éticas, mesmo que sejam mais caros; cerca de 44% dos estudantes participam de atividades em favor da proteção ambiental; um pouco mais de um quarto dos estudantes boicotam produtos ou empresas por motivos ambientais ou outros; e uma parcela semelhante assina petições ambientais ou sociais online; ii) aproximadamente um quinto dos estudantes estava "ativamente envolvido" em ações ambientais (ou seja, participava de 4 ou 5 ações ambientais) em média entre países. Uma parcela semelhante de estudantes estava "totalmente não envolvida" (ou seja, não participava de nenhuma ação ambiental considerada neste relatório); iii) em média, os estudantes são mais propensos a agir em prol do meio ambiente quando possuem atitudes pró-ambientais, como um senso de propósito ambiental e consciência e autoeficácia no entendimento ambiental. O senso de propósito ambiental está em particular fortemente relacionado às ações ambientais examinadas neste relatório; iv) a relação entre o desempenho em ciências e a ação ambiental varia significativamente dependendo do tipo de ação ambiental. Existe uma relação positiva entre proficiência em ciências e economia de energia em casa. Em contraste, a proficiência em ciências está negativamente relacionada, em média, com as outras quatro ações ambientais examinadas neste relatório; v) a parcela de estudantes definidos como "ambientalmente entusiasmados" (estudantes que têm um senso de propósito ambiental, consciência e autoeficácia no entendimento ambiental), mas que não participam de ações ambientais, varia de 22% (para aqueles que não economizam energia em casa) a 70% (para aqueles que não boicotam empresas ou produtos) em média entre países. Cerca de 8% dos estudantes ambientalmente entusiasmados não participam de nenhuma das cinco ações ambientais examinadas; vi) os estudantes ambientalmente entusiasmados são significativamente mais propensos a agir para proteger o meio ambiente quando seus colegas escolares e pais participam de ações ambientais ou têm atitudes pró-ambientais (PO22:56).
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Foram sublinhadas 5 ações estudantis possíveis: i) reduzo energia em casa; ii) prefiro certos produtos por razões éticas e ambientais, mesmo sendo mais caros; iii) assino petições online ambientais e sociais; iv) boicoto produtos ou empresas por razões políticas, éticas ou ambientais; v) participo em atividades em favor da proteção ambiental (PO22:58). A primeira ação recebeu perto de 70% de adesão; a segunda, mais de 45%; a quinta, 44%; a quarta, perto de 30%; a terceira, com menor adesão (assinar petições online), ficou perto de 25%. Jordânia e Turquia foram os países mais pronunciados em assinar petições online (mais de 50% e 50%, respectivamente). Alemanha, só 14%. Brasil, 25%.
VI. PREPARAR ESTUDANTES PARA EDIFICAR UM FUTURO SUSTENTÁVEL
Apresentam-se algumas sugestões em geral de cunho pedagógico: i) reforçar proficiência estudantil em ciência ambiental; ii) promover atitudes pró-ambientais na escola; iii) promover ação responsável com o ambiente dentro e fora da escola; iv) abordar o desalinhamento entre atitudes e ações ambientais; v) ensinar a comunidade escolar: papel dos pais como mentores ambientais; vi) desenvolver habilidades gerais sociais e emocionais: uma mentalidade de crescimento; vii) garantir que grupos vulneráveis tenham o suporte de que precisam; viii) melhorar dados sobre competências ambientais dos estudantes e promover parceria entre pesquisa e prática.
Tais propostas podem ser levadas em conta, mas não possuem uma das qualidades mais fundamentais da pedagogia ambiental (Misiaszek, 2018), ou seja, incluir o compromisso ambiental dentro da definição formativa, curricular, gerencial da escola, como condição intrínseca, não trazida de fora. O que melhor pode resultar em cidadania emancipada ambiental, não é tanto o Dia da Árvore, uma passeata, o vira-lata acolhido como mascote, mas garantir uma aprendizagem intrinsecamente ambiental, para que o cuidado com o planeta esteja inserido na própria formação escolar. Isto demanda muitas mudanças sistêmicas, incluindo professores ambientalmente compromissados como parte do exercício profissional; diretores que encaixam em sua gestão o compromisso ambiental na e da escola; estafe todo alinhado com a proposta ambiental; organização da escola ambientalmente; ação com os pais e a comunidade; sobretudo, inserção curricular plena, não porque o currículo seja o pedaço mais importante, mas porque, sendo currículo peça chave instrucionista fatal, é preciso constar lá maiusculamente.
CONCLUSÃO
É importante que o cuidado ambiental seja parte constituinte da pedagogia do futuro. Por certo, a educação não vai mudar a depredação ambiental, porque esta provém da elite econômica que não tem mostrado preocupação maior, porque, no neoliberalismo, o planeta e a população são objetos de exploração do capital (Hardt & Negri, 2019). Ao reconhecer esta parte, cumpre lembrar do ambiente neoliberal do PISA, o que torna a proposta ambiental facilmente farsante, para enfeitar ou para fazer charme. Nem cabe empurrar para a nova geração o ônus de arrumar o que a velha depredou. De todos os modos, já é interessante que educação ambiental esteja aninhada na própria formação científica, desde que não se reduza ao quesito ciência, mas perpasse, de alto a baixo, toda a proposta curricular. Ao mesmo tempo, implica formar docentes capazes de lidar com isso. Assim, a qualificação docente, para além de autor, cientista, pesquisador, precisa incluir letramento digital e ambiental, para estar à altura das novas gerações.
REFERÊNCIAS
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