Estamos educando para sermos criativos?
O século 20 foi bem interessante. Vejam só. Entre a segunda Guerra Mundial e a chegada do homem à lua, pode-se dizer que começou uma nova era da humanidade: a cada vez mais intensa velocidade de adoção de uma tecnologia. Mas vejamos o que acontecia até este período mencionado.
O conhecimento aplicado em ciclos tecnológicos era lento e caro, fazendo com que o conhecimento adquirido por um trabalhador era suficiente para o exercício profissional. O trabalho era repetitivo e o domínio de competências como ler, escrever e matemática básica eram suficientes.
As escolas foram então concebidas para gerar mão de obra com esta perspectiva, e funcionaram bem por muitos anos. Mas os tempos mudaram, como todos sabemos. O ritmo de evolução da tecnologia é cada vez mais rápido, como já dito no início do presente texto, fazendo com que os conhecimentos de hoje tornem-se obsoletos rapidamente.
Como pode ser visto em diversos relatórios, dentre as competências mais requeridas pelo mercado atual, o profissional cobiçado é aquele que conhece os meandros da criatividade. Tome-se como exemplo os relatórios emitidos recentemente pelo Fórum Econômico Mundial e também pela plataforma LinkedIn, que consegue mapear o perfil profissional desejado pelas empresas. São as empresas que estão dizendo o perfil profissional que elas desejam. Aproveito para exibir a capa de um material muito relevante desenvolvido pela Foundation of Young Australians, que vai também pelo mesmo caminho.
Recomendados pelo LinkedIn
Mas será que nossas escolas estão gerando a nova geração com este novo desenho de perfil profissional?
Segundo Sir Ken Robinson, "as escolas matam a criatividade". Até hoje uma de suas apresentações na conferência TED é uma das mais vistas em todos os tempos. O que ele quis dizer é que formamos uma legião de novos alunos em escala quase industrial, onde todos aprendem basicamente as mesmas coisas, respondem as mesmas questões e portanto a variedade é mínima. Em que momento de nossa passagem pela escola o tema criatividade foi abordado e exemplificado?
Outro estudioso da área, o brasileiro Murilo Gun, também tem um pensamento similar. Em algumas de suas apresentações por exemplo, ele fala de alguns pilares que, a médio e longo prazos, fazem com que a criatividade não seja plenamente desenvolvida. Esses pilares são os seguintes: (1) criar crianças curiosas; (2) criar crianças imaginativas; (3) criar crianças corajosas; e (4) criar crianças apaixonadas. O modelo educacional vigente, ou melhor dizendo, a forma como as escolas operam, não estimulam de maneira suficiente estes pilares.
O que é mais curioso nisso tudo é que criatividade é uma das características mais desejadas para o bom desempenho de um profissional alinhado com o novo perfil dos empregos do futuro. Isso não é um paradoxo? As escolas não vão se atualizar de forma mais adequada? Entendo que sim: já existem exemplos disso em andamento, mas é preciso que estas iniciativas entrem em processo de escala. Ou seja, será que nossas escolas estão educando nossos jovens da maneira mais adequada? O que será necessário ser revisto, se quisermos ser uma nação com um futuro mais próspero, baseado em conhecimento? Deixo esta reflexão para as(os) leitoras(es).