Qual deve ser a relação entre aprender e escola?
Na última semana aconteceu um fato curioso: uma aluna de Sorocaba no Estado de São Paulo, passou no processo seletivo da USP para um curso de engenharia. Mas então veio o inesperado: ela foi proibida de se matricular por decisão judicial. Você concorda com isto?
Vejamos alguns aspectos desta história. Sou professor universitário há muitos anos, já tendo ensinado muitas disciplinas em algumas instituições de nível superior, tanto pública quanto privadas. É necessário avaliar se os alunos adquiriram determinado conhecimento ou não para que possam ser aprovados em cada disciplina, poderem se formar e, portanto, irem ao mercado de trabalho.
Todos os alunos que cursam uma certa disciplina devem fazer provas, quando não idênticas, os mais similares possíveis. Só assim é possível comparar os que aprenderam, e que, portanto, merecem ser aprovados, dos que tiveram alguma dificuldade no aprendizado. Alguns dos que são aprovados estudaram muito, é possível também que alguns que foram aprovados estudaram quase nada.
Me pergunto então o seguinte: se alguém passa para o curso de engenharia sem estudar, ou estudando muito pouco, deve ser punido por isto? E se alguém em última instância, que não frequentou a sua disciplina, fizer a mesma prova com alguém que frequenta a escola, mas o primeiro tirar uma boa nota e o último for reprovado, o que fazer?
Pois bem, a tal menina de Sorocaba não frequentava a escola e foi aprovada no vestibular. Muitas outras meninas e meninos estudaram em escolas, mas não obtiveram sucesso na mesma avaliação. Qual o problema em permitir que a sorocabana frequente o curso de engenharia? No processo de seleção ela foi aprovada, mas merece não ser matriculada pelo simples fato de não ter frequentado a escola?
Com as modernas tecnologias voltadas à área de educação, este problema continua. Com os sistemas a distância, ou melhor dizendo talvez, assíncronos, o o mesmo conteúdo será consumido de forma individualizada, a depender da performance de cada aluno. Haverá então uma avaliação, com a mesma finalidade conforme já mencionei: saber o grau de aprendizado de cada um dos frequentadores da disciplina. Eventualmente pode acontecer, claro, de alguém precisar de muito mais tempo para aprender aquele conteúdo do que outras pessoas, que conseguem captar rapidamente a lição daquele conteúdo. E aí, alguém deve ser punido?
Curiosamente, acho inclusive o sistema assíncrono mais justo do que o síncrono, quando todos os alunos aprendem na mesma velocidade. Me lembra a distribuição normal, também conhecida como curva de Gauss. Bom para quem está perto da média, mas é ruim tanto para quem aprende muito rápido, que é punido pela baixa velocidade de seus pares, como parar aqueles que aprendem de forma lenta, que ficam envergonhados de interagir com o professor.
Enfim, são grandes os dilemas que a área da educação deverá resolver nos próximos tempos. O importante é promover este debate, de forma a obter mus uma solução que contemple a maior parte de nossos cidadãos.
Analista de Sistemas | Líder Técnico | Dev Backend | Java | dotNET | C# | PL SQL
3 a👏👏👏👏
Nuclear Medicine Specialist and Radioprotection Supervisor of Santa Casa da Bahia - Hospital Santa Izabel
3 aExcelente reflexão, premisamos passar por evoluções em várias areas e urgente!!!