Estou me repetindo?
Começo este texto já pedindo desculpas se o tema é repetitivo. A gente escreve toda semana, nem sei mais há quantos anos e, confesso, já nem sei mais sobre o que escrevi, ou melhor, sobre o que não escrevi. Enfim, para aquele camarada que me encontrou dia desses e perguntou "poxa, outra vez você falou sobre isso?", já antecipo minhas escusas. A verdade é que, em alguns instantes, fico meio sem saber o que escrever e aí, acabo me repetindo nas ideias. Mas, a gente é isso mesmo, não é? Meio repetitivos. Bem, se vale a pena esperar, se vale a pena viver, vale a pena escrever muitas vezes sobre um mesmo assunto. Por isso, vou falar sobre o Bem, algo que parece estar em falta nos dias de hoje. E para falar do tanto de bom que o bem nos faz, basta lembrar o que disse alguém: "a maldade turva o olhar, não o dos outros, mas o nosso". Os maus não enxergam direito, assim não olham para os próprios olhos antes de olharem para os olhos dos outros. Entretanto, nossa visão depende do bem que a gente faz, pois o que enxergamos provém da luz que irradiamos de nosso coração. Perceba isso: quem é mau tem sombras no olhar.
Amar ao nosso semelhante não é tarefa fácil, por isso tem tanta gente que diz que prefere os animais e os cães, como se isso os isentasse na necessidade de Ser Humano. Amor é doído, doeu até para Jesus. Amar precisa de mais cuidados do que os jardins dos palácios. Tem de regar todos os dias - às vezes, justo no dia que se esquece de regar, morre uma flor dentro da gente. Mas, e quando o próximo nos magoa, atraiçoa e nos entristece? Tudo bem, jogue isso fora, releve, esquece, mate a dor... dá aquela podada no ruim. Para que o canteiro floresça, além de regar, é preciso podar os galhos mortos. É uma via de mão dupla este sentimento danado: o amor requer trabalho e o trabalho precisa do amor. Pode até ser que alguém nos decepcione, mas recomeçar sempre é o que nos faz eternos. Agradeçamos para que quando, um dia, o corpo cansar, que a alma não se entristeça. Não percamos a vontade de admirar as árvores e ver desenhos nas nuvens. Não aspiremos a ser o centro de nada, se achar importante demais é gastar a alma numa inútil correria.
Ser bom é amar sem esperar retribuição, como nos ensinam os versos de Khalil Gibran, quando afirma que "é belo dar quando solicitado; é mais belo, porém, dar sem ser solicitado, por haver apenas compreendido. (...) Dizeis muitas vezes: “Eu daria, mas somente a quem merece”. Ledo engano, se queremos ser felizes de verdade e ser bons de verdade, o poeta ensina a lição das árvores de nossos pomares que jamais falam o reclamam dessa falta de reciprocidade, nem os rebanhos de nossos pastos. Apenas se dão para continuar a viver, pois reter é morrer. Quanto às retribuições, estamos no mundo para aprender a amar, para isso precisamos aprender a dar gratuitamente e aprender a receber gratuitamente. Sem cobranças. Pecamos por falta de gratuidade nas nossas relações com Deus ou com o próximo. Enfim, amor não se compra, amor se merece.