Estratégias para aumentar o nível de inteligência emocional

Depois de tanto falar sobre o tema, acho interessante disponibilizar para vocês alguns pequenos exercícios simples que, quando bem aplicados, vão ajudar a desenvolver sua inteligência emocional. Não vai ser fácil; certamente será um caminho árduo para o aumento desta competência, porém, seus benefícios são inúmeros.

Primeiramente quero deixar claro que a inteligência emocional pode ser um talento inato ou desenvolvida ao longo do tempo. Ambos os caminhos são capazes de criar um alto quociente emocional. O aumento do quociente emocional muitas vezes acontece ao longo da vida do indivíduo, o que muitos podem chamar de “sabedoria” ou “maturidade”.

Para termos sucesso no seu desenvolvimento, precisamos mirar na emoção, ou seja, no sistema límbico. Descreveremos estratégias que, se bem aplicadas, fornecerão muitos recursos para trabalhar e desenvolver essas competências.

Iniciaremos pelos pilares relativos à inteligência intrapessoal, pois acreditamos que o primeiro a ser tratado somos nós mesmos. Em seguida, falaremos dos pilares relativos à inteligência interpessoal.

Desenvolvimento de Autoconsciência

Vamos ao desenvolvimento da autoconsciência. "Conhece-te a ti mesmo" é uma frase atribuída a Sócrates, embora tenha sido, na verdade, uma inscrição na entrada do Templo de Delfos.

Quando falamos de autoconsciência, precisamos criar uma base de informações sobre como funcionamos. Para alimentar essa base de informações, podemos utilizar duas vias. A primeira delas são as leituras internas, onde, por meio do monitoramento das nossas emoções e sentimentos, identificamos as situações que os provocaram e os diálogos internos que se criaram a partir disso.

A segunda é a alimentação externa, que pode ocorrer por meio de psicoterapia, testes de autoconhecimento e feedbacks de especialistas.

A partir desta base, elevamos o nível de autoconhecimento, o que pode ser revelador. Compreender o que nos faz criar determinados sentimentos nos deixa mais autoconfiantes. Este é o primeiro passo para termos mais autocontrole, que será o segundo pilar sobre o qual falaremos mais adiante.

Por fim, esse será o treino para nos tornarmos autoconscientes, e essa observação deve ser ininterrupta. Precisaremos intencionalmente manter esse alerta até que se torne automático.

Identique seus Gatinhos

Você deve identifique os seus gatilhos. E o que gatilhos são? É tudo aqui que afeta o seu estado emocional. Deixe-me te dar um exemplo, eu não gosto de pegar trânsito, se bem que eu duvido que existam pessoas que gostem, mas a questão é que me afeta, eu acho um absurdo, fico cansado e incomodado com os motoboys e com a falta de educação dos outros motoristas.

Isso me estressa. Então, antes de enfrentar o trânsito, sabendo que muitas vezes não tenho escolha por viver em uma cidade como São Paulo, estabeleço um acordo comigo mesmo para não deixar essa situação me aborrecer. Sei que isso pode me tirar do eixo, então faço questão de colocar um caminho no Waze para que ele me oriente da melhor forma possível e também coloco um podcast para ouvir, que me distraia e torne aquele tempo produtivo. Presto bastante atenção nessas coisas para não sofrer tanto com a sensação total de perda de tempo.

Descrevi para vocês uma situação, porém, os gatilhos não se limitam a isso. Eles podem ser qualquer coisa externa, como uma pessoa, uma circunstância ou um contexto, ou interna, como suas emoções e o efeito delas no seu estado físico, se você está com fome, dor, sono, ou até mesmo com vontade de ir ao banheiro, tudo isso pode afetar seu estado emocional.

Quanto mais você se conhece, mais fácil fica identificar, isolar e literalmente dialogar com esses gatilhos.

Desenvolvimento da Autogestão

Considerando a base de conhecimento construída com a autoconsciência, precisamos saber o que fazer com essas informações. Neste ponto entra o autocontrole.

Dois fatos que precisaremos ter em mente são: primeiro, as reações provocadas pelas assinaturas químicas das emoções não mudarão; nosso corpo continuará a senti-las, mas seus efeitos poderão ser atenuados. Segundo, não devemos suprimir um sentimento, mas sim compreendê-lo e direcioná-lo. Além disso, haverá muitas vezes em que poderemos usar esses sentimentos de maneira positiva.

O controle das emoções deve sempre ser originado a partir de diálogos internos. Em uma situação hipotética, digamos que um colega ao qual você delegou uma atividade acabou de entregar um trabalho de qualidade sofrível e, aparentemente, com muita má vontade. Antes de reagir, você deve dar um passo atrás e escolher cuidadosamente suas reações, buscando entender o que provocou o baixo desempenho do colega, sem julgamentos precipitados. De acordo com o exemplo, você pode fazer as seguintes perguntas:

• Será que não fui claro quanto às minhas expectativas?
• O que eu deveria ter feito de diferente para que isso não tivesse ocorrido?
• Como posso corrigir isso de forma construtiva e aproveitar para que meu colega cresça?

Mesmo que você não tenha todas as respostas, suas reações serão mais comedidas. Isso certamente gerará um grande resultado, pois ninguém gosta de pessoas que perdem a cabeça e dão chiliques. Como já falamos, muitas das coisas ruins que acontecem são resultado de atitudes impulsivas e impensadas, como casamentos, por exemplo (foi uma piada).

Uma pessoa com um bom nível de autocontrole será vista como alguém íntegro, racional e será procurada por seus colegas e amigos sempre que tiverem problemas.

Desenvolvimento de automotivação

Desenvolver a automotivação talvez seja a parte mais complexa desta trajetória de desenvolvimento da inteligência intrapessoal, mas certamente é a mais poderosa e transcendental da nossa carreira e vida pessoal.

O que te faz levantar todos os dias da cama? Ou melhor, por quem você levanta? Qual é o seu combustível? As respostas para estas perguntas podem lhe ajudar a definir de onde vem a sua energia, a sua automotivação.

Para que possamos alimentar a nossa automotivação e não sucumbir à nossa rotina atordoante, precisamos de duas coisas:

Primeiro, precisamos de um estado de espírito positivo, que se baseie em um otimismo sóbrio e esperança ativa. O otimismo sóbrio permitirá que você aprenda com os reveses e olhe de modo positivo, mesmo quando as coisas não vão bem. A esperança ativa vem da criação de uma expectativa positiva e da busca consciente por aquilo que queremos, enfrentando os obstáculos de cabeça erguida, com foco e determinação.

Quem tem um "porquê" enfrenta qualquer "como". Friedrich Nietzsche

Segundo, defina seu propósito. Isso dá um trabalho...

Precisamos criar significância para a nossa caminhada. Para que possamos fazer isso, vamos realizar um exercício.

Por favor, responda: o que é importante para você? Cite ao menos três valores pessoais, como por exemplo: Família, Status, Desenvolvimento, Poder, Legado, Dinheiro, Qualidade de Vida, Liberdade... Sem julgamento

Depois, pensando nesses valores, quais seriam os pensamentos que devem lhe nutrir todas as manhãs para manter sua energia? Por exemplo, se você escolheu o valor família, o pensamento pode ser: "É por amor ao meu filho(a) que encaro com alegria os meus desafios!"

A ideia é que, de alguma forma, esse pensamento seja retomado diariamente, como se fosse realmente um café matinal, só que mais energizante.

Empatia: Como reconhecer emoções nos outros

As emoções e sentimentos sempre estão presentes nas mensagens, na grande maioria das vezes de forma tácita.

Para identificar as emoções, precisamos de concentração, observação e escuta ativa. Devemos focar principalmente no que não é necessariamente dito, explorando outros componentes da mensagem, como expressão facial, linguagem corporal, tom de voz, etc. Obviamente, isso não será suficiente sem um interesse genuíno e intencional para identificar as emoções do outro.

Além disso, o exercício da empatia nos ajuda a antever o que a pessoa está sentindo, mas, para termos certeza do que ela realmente está sentindo, precisamos nos conectar emocionalmente com ela.

Um exemplo bastante simples é: uma pessoa dá um bom dia com a testa franzida. Você não sabe ao certo o que provocou aquela expressão facial, mas já serve de indício para iniciar uma pequena investigação.

Habilidade Social - Ser um mentor emocional

Para ter domínio sobre a habilidade social, um ótimo caminho é ser um mentor emocional. Assim como você um dia foi orientado nesta arte, é necessário passar adiante, ainda que você não se sinta capaz para este desafio, é muito bom fazê-lo.

Assim como nos itens anteriores, onde falamos de autoconsciência, autocontrole e automotivação, os mesmos conceitos e estratégias podem ser transmitidos, somados às suas experiências, dificuldades e êxitos, que certamente enriquecerão a transferência de conhecimento.

A sugestão principal é que isso não deve ser feito de forma professoral, mas sim em cada contato com outro indivíduo. Desta forma, cresceremos como grupo e como pessoas.

Fechando!

Agora que você chegou até aqui, mais uma vez, muito obrigado por dedicar alguns minutos a esta leitura. Espero de verdade que tenha sido relevante para você. Minha recomendação é que não pare de estudar o tema e de continuar se desenvolvendo. Se puder, compartilhe este artigo com seus colegas ou faça comentários sobre as coisas que vieram à sua mente durante a leitura. Para mim, é sempre muito relevante e engrandecedor interagir com vocês nesses momentos.

Muito obrigado e um abraço. Até o próximo artigo!