Eu sou uma fraude?
Tudo que alcancei aos longos dos anos não passou de sorte. Eu tive esse pensamento há muito tempo e só agora consigo identificá-lo como a “sindrome do impostor”.
Fazendo um “flash back” me lembrei de uma situação. Logo que entrei no mercado de TI fui designada para um projeto muito interessante e que estava muito empolgada para realizar. Eu era a única mulher da equipe e acabava sendo colocada à teste todo o tempo.
Lembro que ao voltar do almoço para o departamento escutei meu “colega de trabalho” dizer ao meu chefe: “Ela para esse projeto? Ela não tem competência para isso”. Voltei para minha mesa arrasada e sem que percebessem que eu havia escutado no mesmo dia pedi para meu chefe me excluísse do projeto pois não me sentia segura e preparada para desenvolve-lo.
Logo depois fui chamada para uma entrevista em uma grande empresa de TI, cheguei no horário e comecei a conversar com os outros candidatos e para mim era nítido que eles eram incríveis, claramente mais inteligentes e capazes do que eu, pois bem, mais uma vez me sabotei, quando entrei para a entrevista já disparei ao entrevistador : “desculpe, não sei por que fui chamada para essa entrevista, não vou faze-lo perder o tempo”, mesmo com essa frase de introdução fui convidada para a segunda fase do processo, que é claro, deixei de ir.
Em 2008 passei em primeiro lugar em concurso público e a minha primeira sensação foi “que sorte, apenas pessoas despreparadas”.
Essas são algumas de inúmeras situações do qual me sabotei. Hoje depois de pesquisar consigo identificar que nada mais é do que a síndrome do impostor. Identificado no ano que nasci, 1978, pela psicóloga Gail Matthews, da Universidade Dominicana da Califórnia, nos EUA e que esse mal atinge muita gente e principalmente mulheres, pelo simples fato de situações iguais que enfrentei no meu ingresso ao mercado de trabalho.
Não é fácil e confesso que ao escrever pensei “mas que pretensão, ela acha que não foi sorte”?
Mas ler sobre o assunto me auxiliou muito, e escrever isso hoje é a prova do progresso que tive. Para quem se identificou com as seguintes situações:
…Tudo que eu progredi e alcancei foi por sorte.
…Não estou segura para ir à frente.
…Quando recebo um elogio é simplesmente por que “vão com a minha cara”.
Você pode estar passando pela síndrome do impostor, e ela meus caros, pode te sabotar. Para ameniza-las comecei algumas artimanhas:
Escrevi todas as minhas inseguranças e medos, ao reler percebi que eles são apenas fantasmas. Comecei a anotar fatos marcantes da minha vida como se a personagem principal não fosse “eu”, parece louco, mas criar um personagem e assistí-lo me fez notar que as vitórias não foram sorte, e isso não apenas no âmbito profissional. Enfim, pouco a pouco vamos percebendo que a sorte nada mais é que meu próprio esforço e que diariamente há uma batalha contra o medo.
Frontend Engineer na HSystem
6 aTaiane, parabéns pela coragem de abordar esse assunto! Eu já passei por isso algumas vezes no inicio de carreira, mas acredito que no meu caso foi apenas insegurança mesmo. Achei muito profundo essa parte final "sorte nada mais é que meu próprio esforço e que diariamente há uma batalha contra o medo", demonstra o quanto somos bons, mas as vezes deixamos de agir por medo. Mas uma vez, parabéns. Abraços!