A Evolução do Tratamento de Água
Atendendo a sugestão da Karen em algum dos posts anteriores, vou contar aqui um pouco da história da evolução do tratamento de água. Vou me concentrar mais no que é o processo de filtração, para que o post não fique tão longo. Vocês perceberão que muitas das iniciativas surgiram devido ao crescimento urbano e foram aprimoradas somente após algum incidente em saúde pública.
2000 AC – surgem as primeiras comprovações do processo de filtração já utilizando areia e carvão – o mesmo processo de filtração que ainda usamos hoje em dia na maioria das estações de tratamento de água.
400 DC – Os romanos estabelecem os aquedutos – as famosas adutoras que levam água de um lugar a outro - também reportados posteriormente pelos Maias.
Com o fim do Império Romano, há uma lacuna enorme na evolução das tecnologias.
Século XVII – O filósofo e fundador da ciência moderna Francis Bacon relata na Grã-Bretanha experimento de filtração da água do mar com filtro de areia. Embora fracassado, gerou interesse em outros cientistas e o estudo em água retorna.
Século XIX – surto de cólera na Inglaterra leva a se pensar na importância do processo de filtração. Surge a primeira legislação para regulamentação da qualidade da água.
1877 – Primeiros estudos com membranas cerâmicas na Alemanha.
1905 – Inglaterra introduz uso de cloração no processo de desinfecção após surto de Tifo como dupla barreira após o processo de filtração,
1907 – Desenvolve-se a primeira membrana ultrafiltrante (tecnologia só recentemente sendo utilizada em algumas estações de tratamento de água no Brasil, exemplo ETA Lago Norte, Brasília)
1950 – Juda and McRae fazem os primeiros estudos de tratamentos avançados com membranas para dessalinização
1960 – Criação da membrana de acetato de celulose (UCLA, EUA)
1970 – Membrana de acetato de celulose substituída por poliamida (TFC) – atual membrana de osmose reversa (FILMTEC, EUA)
E a partir daí a evolução na membrana avançou muito com maior capacidade produtiva, menor consumo energético, maior seletividade e menor custo - hoje é metade do preço de 10 anos atrás - com pesquisas visando ao contínuo desenvolvimento destas tecnologias.
Já na escola aprendemos sobre o chamado tratamento convencional: coagulação, floculação, decantação, filtração (com areia ou areia + carvão). E ainda atualmente há casos em que o “bom e velho” filtro areia + carvão funciona muito bem. Mas será que em todas as situações essa tecnologia de mais de 4.000 anos consegue tratar tão bem assim todas as águas?
Existem situações e condições da água nas quais a tecnologia mais tradicional não consegue tratá-la de maneira adequada. É aí que entra o desafio de trazer alternativas de tratamento, como as membranas mencionadas acima.
Convido vocês a refletirem:
Se o desafio é cada vez maior e as tecnologias cada vez mais evoluídas ( e em muitos casos acessíveis economicamente) por que ainda insistimos no tratamento convencional na maioria dos casos?
Até o próximo post!
LATAM Senior Marketing Specialist | Market Intelligence | Data Analysis | Project Management | Advance Women co-Leader
7 aRenato, ficou bem didática a linha cronológica que você traçou. Obrigada por ter gerado esse conteúdo. Fiquei chocada, mas não surpresa, que a membrana ultrafiltrante foi desenvolvida no início do século XX, mas recentemente adicionada a algumas estações de tratamento de água no Brasil. A primeira visão que vem é a taxa surreal de residências sem tratamento de esgoto no país. Também tenho impressão que exista uma burocracia infinita entre discutir sobre o assunto com a máquina pública até fechar o negócio. Sem contar que políticos vem e vão com pensamentos e prioridades diferentes incapazes de dar tratamento efetivo ao assunto.
consultor em tratamento de água
7 aBom trabalho ! Conseguiu um excelente trabalho de sintetizaçāo.
Operação Sistemas Saneamento na Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
7 aExcelente o resumo Renato! Fica evidente o muito que ainda temos a percorrer em saneamento...