Excelência Operacional: a culpa não é da metodologia
Por que ainda gastamos tempo e energia das Organizações discutindo qual metodologia ou conjunto de boas práticas é a melhor?
Nas minhas apresentações para a Alta Administração de algumas das maiores empresas do mundo costumo fazer o seguinte exercício inicial com os participantes, chamo-o de “ Modelo Mental Pessoal “: entrego uma folha em branco e peço-lhes para que me desenhem (ou escrevam) qual sequência costumam seguir quando querem melhorar um processo, resolver um problema ou implementar um projeto. Num segundo momento peço que apresentem o seu “ modelo mental “ para um parceiro que também está no treinamento e façam uma análise crítica.
Obviamente que algumas pessoas que não têm o raciocínio tão lógico e/ou estruturado podem sofrer um pouco mais para descrevê-lo, mas via de regra são gerados “ modelos mentais “ muito bons.
Em um segundo momento eu peço para que escolham o melhor modelo da sala e peço que me descrevam o que a empresa ganharia se, ao invés de cada um seguir o seu “ modelo mental pessoal “ adotassem o mesmo modelo para todos. As respostas mais comuns são:
· Ficará mais produtivo trabalhar em equipe
· Facilitará o treinamento e formação dos novos empregados
· Torna o compartilhamento de conhecimento mais fácil
· Ajuda a tomar decisões de forma mais rápida
· Fica mais fácil medir o impacto das ações tomadas nos principais indicadores da empresa
· Melhora a disciplina de execução
A grande conclusão é : ter um modelo mental compartilhado por todos é benéfico para a empresa e há muito a ganhar, embora sempre haverá alguém achando que o seu “ modelo mental pessoal” é o melhor.
Há uma série de metodologias, boas práticas, filosofias , etc consagradas, testadas e amplamente divulgadas como , PCDA , Lean Manufacturing, Seis Sigma, BPM, PM , para me ater apenas às mais usadas, mas ainda me deparo com comentários do tipo :
· “...tal metodologia não funciona para a minha empresa. Acho que outra metodologia seria melhor ...”;
· “...na empresa anterior onde trabalhava tínhamos um programa que funcionava muito bem com uma outra metodologia. Acho que vale à pena adotá-la aqui também ...”
· “ ...tal metodologia é complexa (ou simples ) demais para a minha empresa;
· “...muito burocrático. Precisamos retornar ao básico. Não há necessidade de tanta disciplina ... “
A aplicação do conceito do “ Círculo de ouro “ de Simon Sinek à definição do melhor modelo de Gestão de uma empresa
Vou tomar emprestado o conceito do “ círculo de ouro” de Simon Sinek e vou aplica-lo à escolha do melhor modelo de gestão em uma empresa:
1-) Primeiro pergunte “ Por quê ( Why ? ) queremos implementar / alterar o modelo de Gestão? “ Qual o objetivo de Negócio a ser alcançado? Os mais comuns são:
· Melhorar a performance financeira do Negócio;
· Aumentar a satisfação dos clientes;
· Melhorar a eficiência Operacional
· Desenvolver as pessoas / Melhorar sua capacidade analítica / Melhorar seu poder de tomada de decisão
· Resolver melhor e de forma mais disciplinada os problemas da organização
2-) Em seguida pergunte “ Como ( How ? ) iremos implementar / alterar o modelo de Gestão ?
· Faremos isso apenas com recursos próprios? Teremos uma área dedicada 100% a isso?
· Qual será o escopo do seu impacto na organização? Será algo que afetará toda a organização ou apenas algumas áreas?
· Seremos rígidos no uso da metodologia e das ferramentas ou permitiremos algumas flexibilidade?
· Quais serão os principais indicadores e como reportaremos o benefício para a empresa?
· Haverá ciclos de certificação / premiação? Como faremos o reconhecimento das melhores práticas?
3-) Por último pergunte: O quê ( What ?) iremos implementar ? A partir das respostas das questões anteriores estaremos melhor preparados para definir a melhor metodologia a ser usada diminuindo a chance de sermos afetados por modismos, percepções subjetivas, discurso sedutor de uma consultoria ou vaidade de algum executivo sênior da Organização.
Aqui também valem algumas dicas importantes:
· Não treine todo mundo com a mesma profundidade
· Adeque os treinamentos de acordo com a natureza da empresa e do segmento de mercado que atua
· Não subestime o tempo e energia necessários para impactar os resultados da organização
· Cuidado para não concorrer ou bater de frente com outras iniciativas da organização
· Não transforme o programa em uma “ atividade adicional “ para os membros da Organização. Tem que ser um “ meio inteligente “ para entregar os resultados financeiros e operacionais esperados;
Ao final do dia preciso tomar a melhor decisão para o Negócio
Por último quero apelar ao bom senso de cada executivo ou gestor para que tome a decisão baseada no benefício para o Negócio e não com base em percepções subjetivas.
Faça perguntas do ciclo “ Why? – How? – What? “ exaustivamente até ter certeza de qual o melhor modelo a ser adotado.
Quero terminar com uma reflexão adaptada do primeiro parágrafo que aparece no que é na minha humilde opinião um dos primeiros e melhores livros escritos sobre metodologia de solução de problemas: o “ Discurso sobre o Método “ de René Descartes :
“... Penso que bom senso é a coisa mais bem distribuída que existe no mundo, pois jamais conheci alguém que julgasse que não o tivesse em quantidade suficiente ...”
Consultor independente
7 aInfelizmente a falta de bom senso quase sempre predomina. O bom senso é a chave de tudo.
Condutor de Máquina de Papel na Sylvamo
7 aPraticar o bom senso é tratar cada pessoa de maneira única......
Professor Associado USP | Pesquisador EPUSP e Instituto Militar de Engenharia | Cientista de Dados | Master Black Belt | Pesquisa Operacional | Qualidade | Auditoria | CEO Master Lean Six Sigma Analytics Consultoria |
7 aExcelente Artigo! Parabéns! Mudar mentalidade é muito difícil e requer conhecimento e experiência do líder.