A falácia do Livre Mercado
A ideia de liberdade perpetuada pela visão econômica neoliberal parte do pressuposto de que todos são livres para agirem de acordo com seus interesses. O discurso que uma menor participação do Estado no sistema econômico seria benéfica para o desenvolvimento do Mercado e de seus agentes, sejam eles detentores do meio de produção ou do trabalho já perpetuado há mais de um século se mostra falacioso.
A liberdade eternizada pelo viés anglo-americano se mostra arcaica e incapaz de suprir a complexidade de nossa sociedade. O que outrora podia ser dito como “deixe-me em paz e assim poderei me desenvolver” figura suas expectativas no indivíduo e não na coletividade que permeia todo o nosso cotidiano. A liberdade do mercado deve ser correspondente com a capacidade de seus agentes realizarem suas trocas de maneira que o desenvolvimento seja benéfico a todos, não a uma pequena parcela.
Nossas capacidades só podem ser desenvolvidas e nossas atividades só serão realizadas quando usufruímos de instituições, leis e direitos que temos em nossa coletividade como bem comum a todos. Não podemos esquecer que o uso dessas ferramentas pertence a cada um dos que contribui para tanto, sem exceção.
Quando uma sociedade se limita através do individualismo perpetuado por essa ideia, cai por terra tal conceito do sucesso individual levar ao sucesso coletivo. Como justificar que a liberdade deve existir mesmo que prejudique outros em nome do desenvolvimento?
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O mercado no sistema neoliberal sempre será influenciado pelos detentores dos meios de produção. As ações do “cardume” são direcionadas pelos “grandes tubarões”, tornando a liberdade individual inexistente.
Em momento algum tal sistema tem sido livre, mais ainda quando muitos não usufruem de recursos básicos como moradia, alimento, educação, mobilidade, dinheiro e tantos outros fatores que influem em suas tomadas de decisão.
Não há Livre Mercado quando àqueles que detém a força de trabalho não dispõem dos mesmos direitos que seus concorrentes. Ao atribuir suas incapacidades à uma “falta de esforço”, se perpetua uma falsa ideia de direitos iguais no sistema. Só quando a equidade e igualdade fundamentarem as decisões econômicas de uma sociedade, a liberdade deixará de ser utópica.