Far Play
A vida é sempre uma escola, e não importa se você está atento as lições ou não, a verdade é que elas acontecem, a revelia da sua despreocupação cotidiana.
Outro dia eu estava participando de um processo seletivo e, falemos sério, aos cinquenta anos nada me assusta tanto assim, eu aprendi a ter calma, a compreender o processo como um todo, então fiquei ali observando os demais participantes e aguardando a minha vez.
A “moça do RH” explanou à todos a demanda do cargo oferecido, algumas poucas informações sobre salário e benefício já estavam no anúncio, então de forma simpática e apressada ela pediu que preenchêssemos um formulário e fizéssemos uma redação com um titulo bem simples, mas ao mesmo tempo complexo e altamente capcioso – Quem sou eu?
Lamento os que não gostam de escrever, mas eu deitei e rolei, filosofei um monte e fiz uma redação linda de morrer, uma obra prima. Não me importei com o fato de que seria analisada por ela, fui franca e graciosa, gentil comigo mesma, já que a experiência me permite. Não estar nervosa ou ansiosa dá a você um distanciamento da questão, que naquele momento era, concorrermos a uma única vaga.
Findo esse momento fomos a entrevista individual e dela ficaram apenas 4, eu e mais três, num universo de quase 15 pessoas, e aí que começou a aventura, apenas 4 pessoas em uma sala, aguardando conversar com o CEO e trocando figurinhas. Agora não cabiam rivalidades, estamos sendo avaliados por obras já realizadas, agora só nos resta relaxar e curtir a viagem.
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Pessoas diferentes, experiências diferentes, formação diferente, momentos diferentes de vida, uma delícia!!! O papo rolou solto, ficamos completamente a vontade nessa liberdade concedida. Falamos sobre os testes e dinâmicas de processos seletivos, plataformas de recrutamento, experiências passadas e, de repente, o papo seguiu para como é fácil manipular o DISC para ficar mais coerente com o perfil da vaga, de como as entrevistas são perguntas com respostas ensaiadas para “dar certo”, fazer funcionar, para ter uma vantagem competitiva sobre os demais candidatos, e de como aprender técnica de manipulação na psicanálise faz com que você consiga o que quer das pessoas.
Saí de lá me sentindo competidora infanto-juvenil, logo eu, me achando tão sênior, e fui pra casa muito pensativa, sobre tudo isso. Não sei se estou muito fora desse novo mundo (espero que não, por que estou VIVA e faço parte dele), se por ter ficado muitos anos em um só lugar me permitiu proteger a minha inocência, mas eu decidi que quero continuar assim, olhando nos olhos, falando com verdade, me entregando com a alma, ainda que por vezes eu seja bastante ferida no processo, mas quero ser aquele tipo de pessoa que todos confiam, que as palavras condigam com as ações, que eu não precise explorar as fraquezas alheias para tirar vantagem, mesmo que isso me custe uma vaga de emprego, um emprego ou coisa assim, e quer saber, se não for desse modo, eu creio que não é pra mim.
Eu vou continuar jogando, vou continuar buscando, mas para sempre continuarei no FAIR PLAY da vida.
"Onde não puderes amar, não te demores". Frida Khalo
Tecnico de Suporte TI JR | Wilson Sons
2 aMaravilhoso texto Janaina Meyer, infelizmente nestes tempos tem acontecido muito isso. Mentiras e troca de vagas. "Já que podemos ser qualquer coisa então que sejamos, só não podemos ser nós mesmos" Concordo com você e sigo no mesmo pensamento! Parabéns fera.